Recorde no consumo de energia: Brasil corre risco de apagão?

Apagão em São PauloReprodução/X

Com o Brasil enfrentando uma intensa onda de calor, o consumo de energia elétrica disparou, alcançando recordes sucessivos.

Em fevereiro, a demanda atingiu 103.785 megawatts (MW), superando a marca histórica de 102.740 MW registrada em janeiro, segundo dados da ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).

O aumento expressivo está diretamente ligado ao uso intensivo de aparelhos como ventiladores e ar-condicionados, indispensáveis para enfrentar as temperaturas elevadas.

Além disso, a maior demanda pressiona a rede elétrica, enquanto a escassez de chuvas compromete os reservatórios das hidrelétricas, principal fonte de geração de energia do país.

O Portal iG procurou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para avaliar se o aumento no consumo de energia, impulsionado pelas ondas de calor, representa risco de apagão no país.

Em resposta, o ONS descartou essa possibilidade e afirmou que o Sistema Interligado Nacional (SIN) possui capacidade instalada suficiente para atender à demanda, mesmo com o consumo elevado.

“A demanda de carga vem sendo diretamente impactada pelas condições climáticas e altas temperaturas registradas em diferentes regiões do país. O SIN tem atendido plenamente à crescente demanda de carga que vem sendo registrada ao longo das últimas semanas, o que demonstra que o sistema elétrico brasileiro é robusto e opera com segurança”, diz um trecho da nota enviada pelo órgão.

Ondas de calor aumentaram o nível do consumo de energia no BrasilReprodução/Redes Sociais

Não é bem assim, diz especialista

André de Oliveira, sócio-diretor da Ampere Consultoria, enxerga a situação de outra maneira, e afirma que há a possibilidade, ainda que baixa, de apagões no país. Falhas localizadas na rede de distribuição podem ocorrer, sobretudo em momentos de alta demanda.

“Apagões podem acontecer por excesso de carga em determinado transformador ou subestação, mas com danos limitados em termos geográficos, ou ainda devido a danos nas redes causados pelas tempestades (que também têm sido frequentes nesta época)”, explicou André ao Portal iG. Além disso, ele ressalta que quedas de torres e desligamentos de linhas podem comprometer a transmissão de energia, como ocorreu recentemente na linha que transfere eletricidade da usina de Belo Monte para o Sudeste.

A Associação Nacional dos Consumidores de Energia (ANACE) também se manifestou sobre o tema. Em contato com o Portal iG, Carlos Faria, diretor-presidente da entidade, declarou:

“A Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace) vê com preocupação o risco de o calor excessivo afetar as condições das redes de distribuição por sobrecarga. Felizmente, esses efeitos tendem a ser localizados (bairros, por exemplo). De qualquer forma, a entidade alerta que eventuais danos dos consumidores devidos a esse tipo de problema devem ser reembolsados pelas concessionárias de distribuição conforme as regras em vigor.”

O Ministério de Minas e Energia foi procurado para falar sobre as possibilidades de apagões no Brasil, mas não houve resposta até a última atualização desta reportagem.

Calor extremo

A cidade do Rio de Janeiro atingiu o inédito nível 4 de calor (NC4) no início desta semana, de acordo com o Centro de Operações Rio (COR). A prefeitura definiu os protocolos para alertar a população em junho do ano passado.

O nível 4 é decretado quando há registros de índices de calor extremos, entre 40ºC e 44ºC, com previsão de permanência ou aumento por pelo menos três dias consecutivos.

A cidade de São Paulo também registrou a maior temperatura do ano, com 34,9°C, de acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). 

Da mesma forma, outros estados da região Sul e Sudeste, como Minas Gerais, Espírito Santo e Paraná, foram gravemente afetados pelo calor extremo. Segundo o Inmet, a previsão para o redução das ondas de calor no Brasil é para a próxima segunda-feira (24).

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