‘Jogo do Tigrinho’: ex-garota de programa presa já foi condenada a devolver R$ 200 mil de fundo eleitoral no Pará


Noelle Araújo foi até candidata a deputada federal em 2022 e não declarou bens, nem despesas. Ela esbanjava vida de luxo depois do sucesso com as redes sociais. O esquema de apostas deixou mais de 10 mil vítimas, segundo a Polícia. Influenciadora Noelle Araújo
Reprodução/Redes Sociais
A influenciadora e ex-garota de programa Noelle Araújo, 26 anos, foi condenada em outubro de 2023 pelo juiz eleitoral Edmar Silva Pereira a devolver R$ 214,5 mil que obteve do fundo eleitoral. Noelle foi candidata a deputada federal no Pará pelo Partido Progressista (PP) nas eleições de 2022. Ela não declarou bens, nem despesas de campanha. Noelle segue presa apontada como um dos principais alvos da operação “Truque de Mestre” que investiga esquemas de jogos de azar no Pará, conhecido como o “jogo do tigrinho”.
Na decisão de 9 de outubro de 2023, o juiz Edmar decidiu que Noelle pagasse, pessoalmente, o débito, sob pena de aumentar valor principal com multa de 10% e honorários advocatícios de 10%. Em caso de não pagamento, ou tratativa de parcelamento, foi determinado a indisponibilidade de bens no mesmo valor.
Não há confirmação se houve pagamento do débito. A defesa de Noelle foi procurado pelo g1 novamente nesta quinta-feira (21), mas não respondeu. A assessoria do PP disse que o partido não iria se manifestar.
Dez mil vítimas no Tigrinho
Noelle Araújo, investigada pela operação ‘Truque de Mestre’, no Pará.
Reprodução / Instagram
Noelle foi apontada pela polícia como principal alvo da investigação já que supostamente ela teria feito 10 mil vítimas no esquema de apostas on-line.
Ela ainda administrava uma casa de swing usada para lavagem do dinheiro obtido com as apostas, segundo as investigações. Antes disso, ela ganhava a vida como acompanhante de luxo e compartilhava o trabalho nas redes sociais.
Noelle se entregou à polícia na terça-feira e passou por audiência de custódia nesta quarta-feira (20), sendo mantida a prisão temporária dela no Centro de Recuperação Feminino (CRF), em Ananindeua. O advogado dela disse que não vai se manifestar.
Outras seis pessoas tiveram prisão revogada pela Justiça e foram soltos para responder em liberdade, cumprindo medidas como proibição de usar as redes sociais.
Entre os investigados, Raysa Berbary continua presa e outras quatro pessoas são consideradas foragidas:
Ingrid Naiane Silva da Silva
Lucas Tavares Lobo
Hellen Mayara Oliveira Borges
Lorrany do Socorro Almeida de Souza
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Quem é Noelle Araújo?
Noelle Araújo, alvo da operação ‘Truque de Mestre’, no Pará.
Reprodução / Instagram
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Antes de ser excluído, o perfil de Noelle contabilizava mais de 140 mil seguidores, onde a paraense compartilhava os luxos da vida como acompanhante de luxo, incluindo viagens, compras e “bolos” de dinheiro na cama.
Segundo as investigações da polícia, a paraense também é apontada por lavagem de dinheiro através da micro-empresa, a Palazzo Rêsto Club, um estabelecimento de entretenimento adulto, localizado em Belém. O local é avaliado em R$ 250 mil e a influenciadora é uma das sócias-administradoras.
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Vida na web
Em 2020, no auge da pandemia da Covid-19, a influenciadora teve um dos primeiros virais ao publicar vídeos expondo operação policial ocorrida dentro da boate onde trabalhava, em São Paulo. À época, o local foi fechado pois não respeitava as regras de distanciamento social.
A paraense diante da situação, gravou outro vídeo em tom de humor, cobrando o poder público para que liberasse um auxilio emergencial para as garotas de programas durante o período de pandemia. O material foi compartilhado milhares de vezes e rendeu a Noelle mais de 20 mil seguidores.
Boate onde Noelle trabalhava em São Paulo
Reprodução/Redes Sociais
Pela web, a paraense mostrava desde espaços disponíveis nas boates que realizava os programas, até o dia-a-dia e a preparação de outras meninas que também atuavam como acompanhantes de luxo.
Política e publicidades
Depois do fechamento da boate onde trabalhava em São Paulo, Noelle retornou à Belém, capital do Pará, e continuou os trabalhos como garota de programa e compartilhando com o público sobre os trabalhos. Ela ainda agia para influenciar outras mulheres que tinham interesse em adentrar na área.
Antes dos “jogos do tigrinho”, Noelle foi até candidata a deputada federal pelo Partido Progressista (PP) nas eleições de 2022. Ela conseguiu mais de 13 mil votos, mas não conseguiu se eleger.
Noelle Araújo quando foi candidata a deputada federal em 2022
Reprodução/TSE
Boate e lavagem de dinheiro
Uma casa de swing foi o empreendimento criado por Noelle em julho de 2022. O local é utilizado para a prática sexual de troca de casais, e serve como boate de stripers e também restaurante.
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Em Belém o local tem diversos outdoors espalhados pela cidade anunciando os serviços oferecidos no espaço.
Antes da divulgação da investigação, a boate tinha vários seguidores nas redes sociais, mas depois da associação à Noelle, que está sendo investigada pela “Truque de Mestre”, o perfil foi excluído.
Na terça-feira (18), outra conta foi criada com o nome da boate. O perfil publicou uma nota de esclarecimento ao público:
“Aqui geramos empregos e sustentamos famílias, não nos envolvemos com casos de lavagem de dinheiro, e o que for de esclarecimento por parte da Noelle será resolvido perante a justiça”.
Na segunda-feira (18), quando os primeiros seis suspeitos foram presos, a boate também foi alvo da operação, onde mandados de busca e apreensão foram cumpridos.
A polícia apreendeu no estabelecimento e na residência dos suspeitos máquinas de cartão, computadores e outros equipamentos, que ainda estão sendo analisados pela perícia para embasar as investigações.
‘Operação Truque de Mestre’ – Polícia apreende equipamentos eletrônicos, máquinas de cartão, na casa de influenciadores no Pará.
Reprodução / Agência Pará
Operação
Segundo as investigações, os influenciadores ganhavam dinheiro para incentivar os seguidores a fazerem apostas em plataformas de jogos de azar, ilegais aqui no Brasil. Alguns compraram casas de luxo em condomínios de Belém e veículos importados, segundo a polícia.
De acordo com as investigações, o esquema junto aos influenciadores funcionava deste modo: a cada 100 “aliciados”, cada influenciador recebia R$ 1 mil. A movimentação financeira de um dos investigados chegou a mais de R$ 20 milhões, segundo a polícia.
A operação começou há quatro meses, quando uma vítima compareceu à Seccional do Comércio, na capital paraense, e relatou que perdeu R$ 15 mil. De acordo com a vítima, ela teria ganho R$ 400 mil no jogo mas, ao tentar sacar o valor, foi bloqueada no site de apostas.
Há duas semanas, o Fantástico mostrou que influenciadores chegaram a ser presos por promoverem o “Jogo do Tigrinho”. A prática ilegal é feita no país inteiro.
A defesa de Noelle disse que não iria se manifestar.
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