Registros de roubos de moto aumentam em SP


Crime alimenta mercado ilegal de peças. Só na cidade de São Paulo, cerca de 60 motos foram roubadas por dia nos meses de janeiro e fevereiro. Registros de roubos de moto aumentam em SP
Reprodução/TV Globo
A maior capital do país tem assistido a um aumento no registro de roubo de motos. E esse tipo de crime está alimentando o mercado ilegal de peças de São Paulo.
Nesse flagrante, um bandido rendeu a vítima num posto de combustível, às dez e meia da manhã. Neste outro, os criminosos agiram em grupo. E a mulher saindo de uma loja foi surpreendida por ladrões a pé. Os três fugiram na mesma moto.
Essas motos costumam ser vendidas desmontadas em lojas de peças aparentemente regulares, de acordo com as investigações da polícia. E só na cidade de São Paulo, cerca de 60 motos foram roubadas por dia nos meses de janeiro e fevereiro.
Com uma câmera escondida, percorremos lojas do centro de São Paulo. Numa delas, o vendedor ofereceu uma roda, mas disse que os pneus não estavam em boas condições.
Mas a roda não tem a etiqueta obrigatória do Detran, que garante que a peça não veio de uma moto roubada. Além disso, essa loja não tem autorização para vender peças usadas, de acordo com o site do Detran.
A delegada responsável pela investigação de roubos de veículos em São Paulo afirma que a polícia tem intensificado a fiscalização. E que, quando os agentes chegam à região, as lojas clandestinas rapidamente fecham as portas.
Leslie Caram Petrus, delegada titular da Primeira Divecar DEIC, disse: “Totalmente ilegal. Essa loja já foi alvo de operação da Divecar. Na ocasião, nós efetuamos a prisão do proprietário, apreendemos as peças sem origem. E desde então ela estava funcionando, aparentemente, né, com as portas fechadas porque nós passávamos ali na frente sempre víamos as portas fechadas, o que dificulta a ação da polícia.”
Peças de motos roubadas são vendidas em lojas no centro de São Paulo
Reprodução/TV Globo
Numa outra rua da mesma região, flagramos este rapaz recebendo um saco de lixo cheio na porta de uma loja aparentemente fechada. Ele entregou o saco para outro homem, que caminhou em direção à rua da venda de peças de motos. O local não tem mais nome na fachada.
Uma imagem antiga da internet mostra que ali já funcionou uma unidade da mesma loja que encontramos vendendo a roda sem etiqueta. Há dois anos, uma operação do Ministério Público interditou lojas dessa região que vendiam peças roubadas. E a delegada disse que, em algumas, a polícia já encontrou até túneis.

Segundo a polícia, alguns bailes funk, que acontecem no meio da rua, na periferia, os chamados “fluxos”, são outro destino das motos roubadas. Essa equipe de caçadores de motocicletas roubadas trabalha para uma empresa que instala rastreadores em motos. O sinal do equipamento indica que tem uma ali perto.
Nós acompanhamos uma outra equipe. O dono contou que tinha sido assaltado naquele mesmo dia.
Marcelo, corretor de imóveis, afirmou: “Os ladrões vieram, me abordaram a mão armada, mandaram eu descer. Levaram a moto, pegaram meu celular.”
Muitas vítimas não têm a mesma sorte e só encontram o que sobrou da moto em descartes clandestinos.
Nenhum representante da loja que aparece na reportagem respondeu ao nosso contato. O Detran-SP declarou que vistoriou 3.364 lojas de peças automotivas somente no primeiro trimestre deste ano, um aumento de quase quinhentos e quarenta por cento em relação ao mesmo período do ano passado.

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