
Ferramenta gratuita foi desenvolvida por estudantes em Piúma, no Sul do Espírito Santo, e emite alertas com base em mapeamento de acidentes marítimos. Projeto foi premiado pela Marinha do Brasil e está em fase de testes no mar. Estudantes do Ifes de Piúma desenvolvem app que mapeia riscos de acidentes marítimos
Uma nova tecnologia desenvolvida por alunos do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), no campus Piúma, no Sul do estado, promete tornar o mar um lugar mais seguro para pescadores. “Mar Seguro” é um aplicativo que emite alertas sobre áreas de risco no mar, ajudando na prevenção de acidentes durante a navegação.
O projeto foi idealizado por estudantes do curso Técnico em Pesca, que enfrentaram o desafio de criar uma ferramenta simples, acessível e eficaz. O aplicativo está sendo testado e, em breve, será disponibilizado gratuitamente para pescadores da região.
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Com base no histórico de acidentes registrados pela Diretoria de Portos e Costas da Marinha do Brasil, os alunos criaram um mapa interativo com os pontos de maior incidência de acidentes marítimos. As informações incluem localização (latitude e longitude) e tipo de acidente ocorrido.
Áreas mapeadas pelo aplicativo ‘Mar Seguro’, desenvolvido por alunos do Espírito Santo para ajuda pescadores a evitar áreas de risco no mar.
Reprodução
Esses dados foram integrados ao aplicativo, que oferece alertas automáticos quando o pescador insere a rota planejada para o dia. A ideia é que, com o uso de um celular com acesso ao app, seja possível evitar áreas perigosas antes mesmo de zarpar.
“O pescador já tem experiência, mas agora ele pode contar com a tecnologia também. É uma forma de planejar melhor a rota e reduzir o número de acidentes”, destacou o professor orientador do projeto, Lucas Guesse.
Segurança na palma da mão
Estudantes do Ifes de Piúma, no Sul do Espírito Santo, desenvolveram aplicativo que mapeia riscos de acidentes marítimos.
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O aplicativo foi pensado especialmente para quem vive da pesca. O design é simples e intuitivo, com uso de cores para facilitar o entendimento. A escolha visual foi feita para garantir a rápida interpretação mesmo em alto-mar.
“Sem muita coisa escrita e usando mais as cores também. Como o verde para sinalizar que está seguro e o vermelho para sinalizar o perigo”, explicou Maria Eduarda Telles, uma das estudantes responsáveis pelo projeto.
Pescadores do município de Itapemirim, na mesma região, foram apresentados ao aplicativo e aprovaram a ideia, entendendo que toda ferramenta que ajudar a garantir a segurança é bem-vinda.
“Hoje, a tecnologia é tudo para nós. Isso é um luxo para quem está começando agora. Vai ser um ótimo investimento, com certeza”, afirmou Júnior do Nascimento, pescador experiente da região.
Ideia que nasceu de uma necessidade
Estudantes do Ifes de Piúma, no Sul do Espírito Santo, desenvolveram aplicativo que mapeia riscos de acidentes marítimos.
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Relatos e notícias reais de embarcações naufragadas no litoral capixaba foram o ponto de partida e o que motivou os estudantes a desenvolverem a ideia.
Com 38 anos de experiência no mar, o pescador Márcio Marvila acredita que o aplicativo vai suprir uma lacuna importante no dia a dia da pesca e ajudar a garantir a segurança para ele e os colegas de profissão.
“A sala de rádio não fica 24h disponível. Às vezes, no momento em que você mais precisa, ela não está ativa. Com o aplicativo, você consegue passar sua localização e receber informações de onde está”, avaliou.
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Além dele, a família inteira do Márcio trabalha com pesca, e o trabalhador relatou já ter passado por situações difíceis no mar.
“O mar estava calminho e a gente tinha um colega que sofria com problema de epilepsia. Na hora da vigia dele realmente houve esse problema e ele não apareceu mais na embarcação. Desapareceu. Isso foi totalmente um desespero. Você procurar por um tripulante que se encontrava trabalhando com você e não encontrar mais ele na embarcação”, lembrou Márcio.
Barco afundou no litoral do Espírito Santo, em março de 2025, e pescador Saite Simões Gabriel não foi encontrado.
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Na região, os pescadores lembraram do caso recente, em que um barco que afundou em Jacaraípe, na Serra, na Grande Vitória, a quase 140 quilômetros de distância do local de partida, em Itapemirim, no mês de março. Dois pescadores — pai e filho — ficaram nove dias à deriva no mar do litoral capixaba.
A dupla estava acompanhada de um terceiro pescador, natural de Marataízes e identificado como Saite Simões Gabriel, que desapareceu após se jogar no mar em busca de ajuda e não foi encontrado.
Reconhecimento nacional
Aplicativo Mar Seguro, desenvolvido por estudantes do Ifes em Piúma, no Sul do Espírito Santo, foi reconhecido pela Marinha do Brasil.
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O ‘Mar Seguro’ foi destaque na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), uma das maiores mostras científicas do país, e também conquistou o 2º lugar no Prêmio Mentalidade Marítima, concedido pela Marinha do Brasil.
A trajetória até o evento nacional incluiu participações em feiras regionais como a Feira de Ciências Sul Capixaba (FECISC) e a Feira de Ciências e Inovação Capixaba (FECINC), onde o projeto já vinha se destacando.
“É muito gratificante ver o reconhecimento, principalmente por parte da Marinha, que é a autoridade no assunto. Isso mostra que estamos no caminho certo”, celebrou o professor Lucas.
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