Meta é acusada de lucrar com golpes de anúncios falsos do governo: ‘Fraudes grosseiras’

AGU pede que a empresa Meta devolva o dinheiro que ganhou com anúncios fraudulentos nas redes sociais – Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/ND
A AGU (Advocacia-Geral da União) entrou com uma ação civil pública contra a Meta na segunda-feira (28). A empresa responsável pelo Facebook, Instagram e WhatsApp é acusada de lucrar com anúncios falsos que usam imagens do governo federal indevidamente.
Uma pesquisa do NetLab, Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), identificou 1.770 anúncios que promoviam informações falsas sobre valores a receber pela população e a norma da Receita Federal sobre monitoramento do Pix, entre e 10 e 21 de janeiro de 2025.

Os anunciantes usaram as plataformas da Meta para aplicar golpes financeiros contra os consumidores. As publicações contavam com símbolos de órgãos oficiais e imagens de autoridades públicas, frequentemente adulterados por inteligência artificial.
“Os anúncios, em sua imensa maioria, apresentavam fraudes flagrantes, muitas vezes grosseiras, que seriam facilmente perceptíveis caso houvesse uma análise minimamente eficiente a cargo da empresa ré”, aponta a AGU.
Estudo revela figuras públicas mais referenciadas e manipuladas em anúncios falsos,antes e após a revogação da norma da Receita Federal em janeiro de 2025 – Foto: Reprodução/NetLab/UFRJ
Durante a onda de desinformação sobre o monitoramento do Pix, que terminou na revogação da norma da Receita Federal em 15 de janeiro, a imagem do deputado Nikolas Ferreira (PL) foi a mais manipulada pelos golpistas.
Segundo a AGU, as peças publicitárias enganosas ainda estavam ativas no Facebook no início de abril.
“Os anunciantes exploraram indevidamente políticas públicas voltadas à inclusão financeira para aplicar golpes em cidadãos brasileiros por meio do impulsionamento de anúncios nas plataformas da Meta”, diz a ação.
Meta pode ser multada em R$ 50 mil diários caso não tome medidas contra anúncios falsos
A ação civil pública pede a condenação da Meta por danos morais coletivos a toda sociedade e exige o fim do uso indevido de marcas e imagens do governo nas redes sociais da empresa.
A Meta teria 30 dias para comprovar a adoção de medidas para impedir o emprego de símbolos e marcas do governo federal em impulsionamentos não oficiais, sob pena de multa diária mínima de R$ 50 mil.
Deepfakes do deputado Nikolas Ferreira (PL) foram criadas pelos golpistas para enganar consumidores com falsos “valores a receber” – Foto: Reprodução/NetLab/UFRJ
A AGU incluiu prazo de 60 dias para a empresa tomar providências contra a utilização de imagens e vídeos, inclusive manipulados por inteligência artificial, de figuras públicas como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e ministros, também sob pena de multa de R$ 50 mil diários.
A Meta pode ser condenada a informar os valores recebidos com o impulsionamento dos 1.770 anúncios falsos identificados e destinar o montante ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos.
O ND Mais entrou em contato com a empresa, que não respondeu até a última atualização desta reportagem. O espaço segue aberto.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.