Cardeal de SC que assistia futebol com papa e sobreviveu a assalto pode ser ‘zebra’ no conclave

Dom João Braz de Aviz pode ser ‘zebra’ no conclave – Foto: Reprodução Diocese de Apucarana
Dom João Braz de Aviz, o cardeal catarinense de Mafra, era uma das figuras mais próximas do papa Francisco e carrega uma trajetória de marcos significativos, tanto dentro quanto fora da Igreja Católica.

Natural de Mafra (SC), nasceu em 24 de abril de 1947 e iniciou sua formação religiosa no Seminário São Pio X, em Assis (SP). Estudou Filosofia e Teologia tanto no Brasil quanto em Roma, antes de ser ordenado padre em 1972.
Ascensão na Igreja
Sua carreira eclesiástica inclui passagens pelas dioceses e arquidioceses  de Vitória (ES), Maringá (PR) e Brasília (DF). Dom João se destacou por suas posições progressistas dentro da Igreja, o que lhe conferiu um perfil de líder moderado que almejaria, mais tarde, um papel significativo na hierarquia da Cúria Romana.
Cardeal mais velho á participar da atual Conclave – Foto: Reprodução/ Vatican News/ND
Em 2011, foi nomeado prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica no Vaticano, função que o colocou em estreita colaboração com o papa Francisco.
No ano seguinte, foi nomeado cardeal. Durante o conclave de 2013, que elegeu Jorge Mario Bergoglio como papa, o nome de Dom João chegou a ser considerado entre os cotados para o pontificado, uma “zebra”, assim como o próprio Francisco.
A relação de Dom João Braz de Aviz com o papa Francisco
Com uma postura discreta, Dom João se tornou uma das figuras mais próximas do Papa, tanto nas questões de vida consagrada quanto nos momentos de lazer. Era conhecido por assistir partidas de futebol com o pontífice no Vaticano — Francisco, torcedor do San Lorenzo, e Dom João, palmeirense, compartilhavam o gosto pelo esporte.
Papa Francisco também era apaixonado por futebol, tendo San Lourenzo como time do coração – Foto: San Lorenzo de Almagro/@sanlorenzo/Instagram
Passagens significativas e a trajetória até 2025
Durante o papado de Francisco, Dom João permaneceu à frente do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada por 13 anos, sendo o segundo cardeal a ocupar o cargo por mais tempo, atrás apenas do suíço Kurt Koch.
Em 2025, o pontífice decidiu nomear a irmã Simona Brambilla para o cargo de prefeito da congregação, tornando-a a primeira mulher a assumir uma posição de liderança dentro da Cúria Romana.
“Temos que dobrar nossa cabeça diante do trabalho que ele fez. Papa Francisco tinha um olhar para a mulher de um modo muito profundo”, disse em entrevista.
Desafios e sobrevivência ao sequestro
Além de sua carreira eclesiástica, Dom João carrega uma história pessoal marcante. Em 1983, foi sequestrado e atingido por um disparo de escopeta durante uma tentativa de assalto. Esse episódio não abalou sua determinação e ele seguiu firme na liderança e na promoção de valores de misericórdia e solidariedade, características centrais de seu ministério.
Despedida e legado
Ao completar 75 anos, em 2023, Dom João deveria ter renunciado ao cargo, conforme a prática da Igreja. No entanto, o papa Francisco decidiu mantê-lo à frente do Dicastério até 2025, quando sua saída foi oficializada.
A nomeação de Ir. Simona Brambilla, que assume a liderança da Congregação, é vista como um passo simbólico dentro da evolução do papado de Francisco.
Em uma de suas últimas entrevistas, Dom João ressaltou a importância do trabalho conjunto com Francisco, destacando que o pontífice foi fundamental para o êxito de sua missão. “Sem a presença do Papa Francisco, não sei se teria dado conta de uma missão tão delicada”, afirmou o cardeal, ao refletir sobre sua trajetória.
Em que horário pode sair o resultado do conclave?
A escolha do novo papa começa nesta quarta-feira (7), mas o resultado do conclave deve ser conhecido apenas no dia seguinte, conforme estimativa divulgada pelo próprio Vaticano.
Em procissão, os 133 cardeais chegam à Capela Sistina para dar início às votações – Foto: Reprodução/Vatican News/ND
O cronograma prevê que devam ser realizadas quatro votações por dia, enquanto não houver consenso entre o colégio de cardeais. Para ser eleito, o candidato precisa de dois terços dos votos.
As votações ocorrem diariamente, duas vezes pela manhã e duas à tarde, durante confinamento na Capela Sistina. Caso os cardeais tenham dificuldade para chegar ao resultado do conclave, após três dias de votação, os trabalhos são suspensos por até um dia.

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