‘Continuo sendo a voz da Lara’, diz mãe de adolescente morta após condenação de réu a mais de 19 anos de prisão


Há três anos, Luana Nascimento busca respostas sobre a morte de sua filha Lara Maria, de 12 anos. Wellington Galindo de Queiroz foi condenado a 19 anos, 9 meses e 18 dias de prisão em regime fechado. Mãe de Lara Maria fala condenação de réu a mais de 19 anos de prisão
Após três anos de uma incansável busca por Justiça, Luana Nascimento, mãe de Lara Maria de Oliveira Nascimento, morta em 2022, aos 12 anos, pôde, enfim, respirar um pouco mais aliviada nesta segunda-feira (12). O acusado do crime, Wellington Galindo de Queiroz, foi condenado a 19 anos, 9 meses e 18 dias de prisão em regime fechado, por decisão do júri popular realizado no fórum de Campo Limpo Paulista (SP).
📲 Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp
“Lutei três anos, com dignidade, mostrando que uma mãe, com um filho vivo ou filho morto, independentemente da sua condição social, se tem dinheiro ou não, uma mãe não desiste nunca de um filho. Hoje eu continuo sendo a voz da Lara. Ele achou, no dia 16 de março, que nunca mais ouviria falar dela, e ele vai ouvir, continuar ouvindo. Até o resto da minha vida, enquanto eu viver, eu vou ser a voz da minha filha”, afirma.
‘Continuo sendo a voz da Lara’, diz mãe de adolescente morta após condenação de réu a mais de 19 anos de prisão
Régis Rosa/TV TEM
Ao g1, Luana também destacou sua insatisfação com o tempo de prisão determinado à Wellington. Segundo ela, ele deveria ficar mais tempo preso.
“Foi um dia muito pesado, muito forte, muito estressante, muito triste e muito doloroso. É injusto demais, a vida inteira de uma criança foi arrancada, 19 anos de pena, com 6 anos ele tem a progressão de regime aberto. É muito doloroso saber de todo o sofrimento que ela passou, tudo que ela lutou, para esse homem ficar só esse pouco de tempo preso, é muito triste”, declarou.
Homenagem
Do lado de fora do prédio do fórum, cartazes com fotos de Lara Maria clamavam por justiça pela menina e por outras crianças que foram assassinadas. Perto dos pedidos, podiam ser vistos vasos de girassóis, a flor preferida da adolescente, segundo Luana.
Caso Lara: mãe de adolescente encontrada morta desabafa sobre prisão de suspeito dois anos após o crime: ‘Saí do luto para ir à luta’
“Trouxemos os girassóis, que eram as plantas que ela mais amava, e como sociedade, viemos buscar justiça e para fazer um ato de homenagem a ela, que no mês de março completou 15 anos e não pôde ter uma festa de debutante. Ela teve os ossinhos tirados de um cemitério para o outro. Ao invés de eu comprar um vestido de debutante, eu estava comprando uma caixa para colocar os ossos dela e depositar em outro cemitério”, lamenta.
Familiares e amigos de Lara compareceram ao julgamento do caso nesta segunda-feira (12)
Régis Rosa/TV TEM
O caso
Lara foi morta após sair de casa para comprar refrigerante. O corpo dela foi encontrado com marcas de violência, no dia 19 de março de 2022, três dias após desaparecer, em um terreno localizado em Francisco Morato (SP).
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que Lara morreu por traumatismo craniano causado por ao menos quatro golpes na cabeça. O legista citou a presença de sinais de crueldade e disse que possivelmente foi usado um martelo ou uma picareta. O documento confirmou também que uma substância encontrada no corpo da adolescente era cal.
A Polícia Civil confirmou, no dia 19 de maio de 2022, que os laudos descartaram abuso sexual e uso de entorpecentes na morte da adolescente. Os documentos deram negativo para os testes toxicológico e sexológico.
Investigação
Em agosto de 2022, a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Jundiaí (SP) concluiu o inquérito do caso. O relatório da investigação policial apontou que a adolescente teria negado qualquer contato com Wellington, que acabou dando vários golpes na cabeça dela para que ela não o denunciasse.
Ele foi flagrado por câmera de segurança dirigindo um carro prata próximo ao local onde a menina foi vista pela última vez. Assista abaixo.
Em depoimento, a proprietária do veículo disse que teve um relacionamento com Wellington, mas que eles não estavam mais juntos.
Vídeo mostra carro parado em local onde menina achada morta foi vista pela última vez
Wellington está preso desde março de 2024. Ele foi localizado pela Polícia Federal em Foz do Iguaçu, no Paraná, próximo à região da Ponte Internacional da Amizade. Ele tem passagens na polícia por tráfico de drogas, crime contra o patrimônio, associação criminosa e receptação.
Ele era considerado foragido desde o dia 28 de março de 2022, quando a Justiça decretou a prisão temporária dele por 30 dias pelo assassinato da adolescente.
Wellington Galindo de Queiroz foi condenado a 19 anos, 9 meses e 18 dias de prisão em regime fechado por matar a adolescente Lara Maria de Oliveira Nascimento, de 12 anos
Polícia Civil/Divulgação
Júri
Durante o júri desta segunda-feira, os jurados foram escolhidos por meio de um sorteio feito pelo juiz. Ao todo, sete pessoas fizeram parte do júri, sendo cinco mulheres e dois homens. A maioria dos jurados sorteados trabalha como professor, apenas um deles atua como assistente-administrativo.
Além dos sete jurados, o júri também foi formado por oito testemunhas, sendo cinco de defesa e três de acusação.
A defesa de Wellington Galindo também informou que vai recorrer à decisão.
Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí
VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM
Adicionar aos favoritos o Link permanente.