
Espírito Joanna de Ângelis, sua mentora espiritual, ditou-lhe mais de 70 obras mediúnicas. Divaldo Franco escreveu mais de 250 obras em parceria com autores espirituais
Mansão do Caminho
O médium e líder espírita Divaldo Franco, que morreu na terça-feira (13), aos 98 anos, é autor de mais de 250 obras espíritas, em parceria com mais de 200 autores espirituais. O Espírito Joanna de Ângelis, sua mentora espiritual, ditou-lhe mais de 70 obras mediúnicas.
A primeira obra mediúnica de Divaldo Pereira Franco foi Messe de Amor, publicada em 1964, de autoria espiritual da mentora Joanna de Ângelis. Nela foram escritas 60 mensagens que abordavam temas como: solidão e Jesus, disciplina, caridade difícil, culto da oração, inveja, sofrimento e aflição, temperança, heróis, doações, prudência e tantos outros.
Entre os Espíritos comunicantes que foram autores com Divaldo e se destacam em quantidade de publicação mediúnica estão:
o Espírito Amélia Rodrigues, narradora poética de grandes momentos do Cristianismo Primitivo;
o Espírito Victor Hugo, escritor detentor de um estilo literário de rara dramaticidade;
o Espírito Vianna de Carvalho, um dos maiores tribunos do Espiritismo em seu tempo;
o Espírito Manoel Philomeno de Miranda, que dedica aos estudos dos fenômenos de obsessão, desobsessão e trabalhos mediúnicos;
o Espírito Marco Prisco, pseudônimo de uma entidade que viveu no tempo de Jesus e o conheceu na Palestina;
Rabindranath Tagore, poeta lírico indiano e ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1913.
Divaldo Franco escreveu mais de 250 obras em parceria com autores espirituais
Mansão do Caminho
A primeira mensagem psicografada por Divaldo Franco foi intitulada “Na subtração e na soma”, de autoria do Espírito Marco Prisco.
“Foi em 1949 que pela primeira vez senti imperiosa vontade de escrever, acompanhada de estranha sensação no braço, bem como ansiedade de difícil descrição”, contou o próprio Divaldo Franco em depoimento no livro Primícias do Reino.
No acervo da mediunidade psicográfica do médium podem ser identificados vários temas, como os sociológicos, psiquiátricos, psicológicos, filosóficos, históricos, místicos, religiosos, literários, oracionais, infantojuvenis e ético-morais.
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Orador nato, Divaldo participou de mais de 20 mil palestras e conferências em mais de 2,5 mil cidades em todo o Brasil e em 71 países de todos os continentes. Ele também recebeu mais de 800 homenagens de instituições culturais, sociais, religiosas, políticas e governamentais.
Divaldo Franco escreveu mais de 250 obras em parceria com autores espirituais
Mansão do Caminho
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Falência múltipla dos órgãos
Divaldo Franco, um dos principais líderes espíritas do Brasil, morre aos 98 anos
A causa da morte de Divaldo ainda não informada, mas ele lutava contra um câncer na bexiga desde novembro do ano passado e, na noite de terça, teve falência múltipla dos órgãos. O óbito foi constatado às 21h45, quando o médium estava em sua casa, na sede da Mansão do Caminho, no bairro Pau da Lima. Ele recebia atendimento na modalidade home care.
Um ato aberto ao público será realizado das 9h às 20h desta quarta-feira (14), no ginásio de esportes da Mansão do Caminho para que as pessoas prestem suas últimas homenagens. A pedido do médium, as cerimônias póstumas serão de curta duração, sem cortejo em carro aberto e o caixão permanecerá fechado.
O sepultamento será às 10h de quinta (15), no Cemitério Bosque da Paz, na capital baiana.
Divaldo Franco era natural de Feira de Santana e dedicou mais de 70 anos ao espiritismo
Mansão do Caminho
Vida e obra de um dos maiores líderes religiosos do país
Reconhecido como um dos principais líderes religiosos do Brasil, Divaldo começou a tratar o tumor assim que descoberto, ainda em fase inicial. O tratamento foi feito com sessões de radioterapia associada a “pequenas doses” de quimioterapia.
Natural de Feira de Santana, cidade a cerca de 100 km de Salvador, ele dedicou mais de 70 anos ao espiritismo. Colheu os frutos de todo esse trabalho ao se consagrar como uma das vozes mais respeitadas na área.
O médium também fez carreira como autor de mais de 250 livros, muitos deles psicografados a partir de histórias de diversos espíritos. Em 2015, ele ganhou uma biografia assinada pela jornalista Ana Landi.
Divaldo Franco não deixou filhos biológicos, mas era tido como pai de cerca de 685 pessoas que acolheu e instruiu ao longo dos anos na entidade espírita.
Mediunidade descoberta na infância
Conheça a trajetória de Divaldo Franco
Nascido em 5 de maio de 1927, Divaldo Franco é o caçula de 12 irmãos. A biografia disponível na Mansão do Caminho conta que ele desenvolveu a mediunidade ainda na infância, mas sofreu com críticas e até surras dos pais que não entendiam e consideravam suas visões “demoníacas”.
Com isso, seu contato inicial com o espiritismo foi difícil. Além da discriminação no meio familiar, Divaldo precisou lidar com visões perturbadoras e um espírito obsessor que o perseguia aos 7 anos.
A situação só melhorou anos depois, quando Divaldo enfrentou um problema de saúde que o deixou por meses acamado. Após recorrer a diversos médicos, a família enfim aceitou que uma médium o visitasse. Foi ela quem entendeu que ele era oprimido por um espírito e identificou sua mediunidade.
Histórico de internações e luta contra o câncer
Divaldo Franco
Reprodução TV Bahia
Em novembro de 2024, Divaldo Franco passou nove dias internado no Hospital São Rafael por conta dos desconfortos urinários — foi durante esse período que ele recebeu o diagnóstico de câncer na bexiga. O líder espírita recebeu alta hospitalar no dia 25 daquele mês, quando retornou para casa, no bairro de Pau da Lima.
O tratamento contra o câncer começou no dia 2 de dezembro. Na ocasião, o Centro Espírita Caminho da Redenção (CECR) e as Obras Sociais Mansão do Caminho informaram que a primeira fase seria realizada no ambulatório do Hospital Santa Izabel, em Salvador, sem necessidade de internamento.
Nos 20 dias úteis seguintes, foram administradas sessões de radioterapia, com associação, em dias alternados, de pequenas doses de quimioterapia. Em meio a isso, Divaldo seguiu com acompanhamento de nutricionista e fisioterapeuta. Na época, a assessoria divulgou que o tumor de Divaldo era pequeno, localizado e não provocava dor.
Em fevereiro deste ano, Divaldo foi internado pela segunda vez. Ele passou oito dias no Hospital São Rafael, em Salvador, para tratar uma infecção urinária.
“O Centro Espírita Caminho da Redenção e a Mansão do Caminho têm a alegria de informar que o médium Divaldo Franco encontra-se em casa, com sua saúde plenamente recuperada e quadro clínico estável”, disseram em nota compartilhada no Instagram. Ele seguiu com as sessões de fisioterapia e os cuidados nutricionais indicados, sendo assistido por uma equipe de homecare.
Divaldo Franco em entrevista em 2017
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