O partido de Romeu Zema é o Novo, cuja filiação do mineiro aconteceu em janeiro de 2018.- Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Romeu Zema é o atual governador do Estado de Minas Gerais, eleito pela primeira vez em 2018 e reeleito em primeiro turno para o mandato 2023-2026. O partido de Romeu Zema é o Novo, de número 30, cuja filiação do mineiro aconteceu em janeiro de 2018.
Antes do Novo, o partido de Romeu Zema era o PL (Partido Liberal), no qual se filiou em 1999 e se manteve até 2018.
O partido de Romeu Zema antes de virar governador
Antes da entrada na política, Zema se formou em administração de empresas pela FGV-SC (Faculdade Getúlio Vargas) e atuou no Grupo Zema em diversas frentes de trabalho, que vão de caixa à gerente, começando a carreira aos 11 anos de idade. Em 1991, passou a liderar a operação da rede, ocupação que manteve até 2016, dois anos antes de sua primeira eleição.
Filiado ao PL (Partido Liberal) desde 1999, em 2006, o partido se fundiu com o Prona (Partido de Reedificação da Ordem Nacional) dando origem ao PR (Partido da República). Em 2019, foi rebatizado com o nome inicial, “Partido Liberal”, cujo número é 22.
Na campanha para governador de Minas Gerais, destacou que era novo na política, e que sua experiência prévia como administrador poderia lhe dar a bagagem necessária para virar chefe de Estado. Apesar dos 19 anos filiado ao PL, Zema afirma que não exerceu atividade política no período pré-Novo.
O partido de Romeu Zema está alinhado à sua atuação como governador?
O Partido Novo surgiu em 2011, e foi registrado como partido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2015. O partido de Romeu Zema destaca alguns de seus princípios e valores considerados inegociáveis por seus integrantes:
Liberdade com responsabilidade
Todos são iguais perante à Lei
O indivíduo é agente de mudanças
Visão de longo prazo
Livre mercado
Indivíduo como único gerador de riqueza
Em entrevista para o Estadão em 2019, Zema, que se considera um liberal de direita, classificou Jair Bolsonaro como um “patriota”, e que o Novo é “próximo” do bolsonarismo por defender uma solução “via mercado” e sem intervencionismo.
“Nós somos um partido de direita, liberal. Eu acredito que o ser humano é a pessoa mais apropriada para resolver seus problemas. E sou contrário às empresas estatais”.
Porém, o posicionamento de Zema não foi tão bem quisto pela presidência do partido. João Amoêdo, fundador do Novo, presidente do partido entre 2011 e 2017, e depois entre 2019 e 2020, ainda em 2019, disse preferir que o Novo seja mais alinhado ao liberalismo do que necessariamente “à direita”. Também em entrevista ao Estadão, declarou:
“Se for para ter um rótulo, preferimos ser um partido liberal mais que de direita. (…) Acreditamos na capacidade do cidadão de resolver seus problemas. Nosso foco é transferir poder do Estado para o cidadão”.
Na mesma entrevista, Amoêdo comentou que Zema desempenhou um trabalho muito bom durante o primeiro ano do mandato, por ter feito “vários cortes de privilégios” e ter conseguido “passar uma reforma administrativa”. Porém, o ex-presidente do Novo e Governador de Minas Gerais passaram a ter uma série de atritos referentes aos ideais do partido na pandemia, o que “transformou” o Novo em um partido de “tendências”: alguns filiados radicalmente alinhados ao bolsonarismo, outros não.
João Amoêdo, em 2018, como candidato à Presidência da República pelo Novo, partido de Romeu Zema – Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
O Novo, partido de Romeu Zema, que se definiu como “o partido mais à direita do Brasil” em 2024, publicou uma diretriz no DOU (Diário Oficial da União) que proíbe coligações com partidos de esquerda como PT, PCdoB, PV, e a federação PSOL-REDE nas eleições do ano vigente. O catarinense Eduardo Ribeiro, atual presidente do partido, defende:
“Não faz sentido nenhum formar alianças com PT, Rede, Psol, entre outros partidos de esquerda, que são totalmente incompatíveis com nossa ideologia, visão de mundo e valores morais.”
Partido de Romeu Zema declarou oposição ao governo Bolsonaro
Em março de 2021, uma diretriz partidária enviada por e-mail a todos os filiados destacava que o Novo, a partir daquele momento, se posicionaria como oposição ao governo federal.
A diretriz nº 3, que pontuou se orientar no estatuto partidário e nos princípios fundantes do partido, defendeu que “a atuação do Partido Novo tem por princípios da sua fundação zelar pelo cumprimento da Constituição Federal”, e que “a posição institucional do Nono, portanto, jamais será contrária aos interesses do país, mas sim às irresponsabilidades cometidas pelo governo”.
Em 2021, o partido de Romeu Zema também chegou a apoiar um possível impeachment de Bolsonaro devido a sua atuação na pandemia. Na época, dos oito integrantes na bancada federal do Novo, alguns foram mais críticos à possibilidade de impeachment, mas que teriam liberdade de expressão para defender seus posicionamentos.
Partido de Romeu Zema teve série de atritos a partir de 2020
Partido de Romeu Zema teve série de atritos a partir de 2020 – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Romeu Zema e João Amoêdo tiveram uma relação marcada por uma série de atritos a partir de 2020, que se estenderam até mesmo após a saída de Amoêdo do partido. Muitos dos atritos foram causados devido ao forte alinhamento com Bolsonaro, que Zema demonstrou durante e após sua campanha eleitoral em Minas Gerais.
No período de pandemia, apesar de também ter criticado o ex-presidente Jair Bolsonaro devido às medidas adotadas contra a Covid-19, Zema o defendia publicamente e nos bastidores do grupo de governadores. Amoêdo, no mesmo período, adotou um tom mais duro contra o ex-presidente nas redes sociais, chegando a associar o bolsonarismo com o petismo.
Ainda em 2019, Amoêdo também comentou em entrevista ao Estadão que o bolsonarismo “foi muito forte na polarização, mas está decrescente”, e que mesmo alinhado com o Novo na pauta econômica, alguns dos lados negativos do Governo Bolsonaro foram os ataques às instituições e a falta de transparência no combate à corrupção.
Expulsão de Amoêdo no partido também foi assinada por Romeu Zema
Amoêdo teve sua expulsão solicitada em um manifesto assinado por 75 integrantes do partido, devido à declaração de voto em Lula no segundo turno das eleições de 2022 — Romeu Zema, inclusive, foi um dos signatários do documento.
Segundo o manifesto, o voto em Lula “renuncia a todos os princípios e valores que regem o Novo, por representar as ideias absolutamente contrárias àquelas defendidas pelo nosso partido”. O fato acabou levando Amoêdo à desfiliação em novembro do mesmo ano. O empresário Eduardo Ribeiro ficou responsável pela presidência do Novo, partido de Romeu Zema.
Atritos no partido de Romeu Zema se mantêm ainda em 2025
Em entrevista em 2022, Amoêdo acusou Zema de colocar seus interesses pessoais à frente dos interesses do partido. Em 2023, o mineiro disse em entrevista ao Programa Pânico que Amoêdo foi o responsável pelo desgaste interno da sigla devido ao voto em Lula.
“Pelos fundamentos do partido, você teria de apoiar quem? Bolsonaro ou Lula? Está claríssimo que teria de ser o presidente Bolsonaro”.
Já Amoêdo, em entrevista no Reconversa em janeiro de 2024, declarou:
“Minha conclusão naquele momento foi a seguinte, o que a gente está falando é da defesa da democracia. Eu vou continuar opositor às ideias do PT, buscando uma alternativa, mas o problema agora é outro. É a gente ter condição de poder ser oposição. Então eu não fiz o L, eu votei contra o B”.
Amoêdo também acusa o Novo de “oportunismo” desde sua saída do partido, e chegou a declarar que não apenas Zema, mas também Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, são subservientes ao ex-presidente.