
Confusão aconteceu no domingo (1º), no bairro de Águas Compridas, em Olinda. Segundo a jovem, rapazes foram soltos pela Justiça após serem autuados. Adolescentes espancam mãe e irmã durante confusão em Olinda
Os adolescentes detidos pela polícia após serem filmados espancando a própria mãe também agrediram a irmã deles durante a confusão, que aconteceu no domingo (1º) em Olinda (veja vídeo acima).
Nesta quinta-feira (5), a jovem de 19 anos conversou com o g1 e disse que era agredida pelo pai dos garotos, padrasto dela, quando ele ainda era casado com a mãe. O casal passou 12 anos junto e, segundo a irmã, após a separação, o homem fez alienação parental para afastar os filhos da ex-mulher.
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“Praticamente, eu ajudei eles a crescer. Dava banho, já troquei fralda, dei ‘de comer’, dava mamadeira, levava para a escola. Fazia tudo com eles. E eles se transformaram em monstros por causa do pai”, disse.
Os nomes dos envolvidos não serão divulgados em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Segundo a irmã, depois de serem autuados por ato infracional equivalente a lesão corporal por violência doméstica, os dois rapazes foram liberados.
No vídeo que mostra a confusão, é possível ver quando a jovem, de verde, é agredida por um adolescente sem camisa com vários socos na cabeça e, depois, leva um soco no rosto desferido por um adolescente de camisa vermelha. Nas imagens, o que está sem camisa também aparece discutindo com a mãe.
Segundo a mãe, que também falou com o g1, durante a agressão, o pai dos adolescentes estava filmando, sem intervir na briga.
“Os policiais botaram eles no carro, levaram para a delegacia, mas depois eles foram soltos. Ainda solicitei medida protetiva […]. Ontem estavam na escola, jogando, se divertindo, agindo naturalmente como se não tivesse acontecido nada”, disse a irmã.
Segundo a Polícia Civil, o caso é investigado como “ato infracional análogo à lesão corporal por violência doméstica”.
De acordo com a jovem, no começo, a relação em família era harmoniosa, mas se tornou insuportável ao longo do tempo. A mãe dela contou que, dos 12 anos que passou com o ex-marido, “foram sete de amor e cinco de sofrimento”.
“Quando minha mãe e ele se juntaram, eu tinha 1 ano e 8 meses. No começo, era tudo bom, tranquilo. Foram sete anos de amor. Depois de um tempo, vieram as turbulências, as traições, que eu via. Ele queria ficar batendo em mim […]. Ele me pegou, me segurou para o meu irmão me bater. Foram coisas horríveis que vivemos juntos. E chegou um momento em que minha mãe disse: ‘não dá mais'”, afirmou.
Segundo a irmã dos jovens, o ex-padrasto dela começou a apresentar comportamento agressivo depois que a mãe se recusou a participar de um “trisal” com ele e mais uma mulher, que é a atual madrasta dos adolescentes.
“Teve uma briga, acho que eu tinha uns 12, 13 anos. Ele pegou, bateu nela na frente [de casa], na rua. Tive que pegar uma faca para tentar impedir ele de bater na minha mãe. E nisso todo mundo olhando, não fazendo nada. E ele querendo passar como se minha mãe fosse a errada, como se minha mãe fosse louca, doente. Mas ela foi uma vítima”, declarou, emocionada.
A jovem disse, ainda, que também percebeu uma mudança de conduta por parte do então padrasto à medida que ela crescia.
“Quando comecei a virar mocinha, começou a me olhar com outros olhos. Não me queria saindo, não me queria falando com homens. Ficou uma coisa bem possessiva para cima de mim. Ficava nu na minha frente, reclamando das minhas roupas. Foi quando minha mãe decidiu dar um basta”, contou.
Alienação parental
Segundo a irmã dos adolescentes, durante o processo de separação, o homem começou a ameaçar a ex-mulher para que ela transferisse alguns bens, como a casa onde a família morava e o carro, e abrisse mão da guarda dos filhos.
A partir desse momento, quando as crianças passaram a viver com o pai, a relação entre a mãe e os garotos começou a mudar, segundo a irmã.
“O mais novo começou a ser agressivo agora há pouco, no final de 2024, mais ou menos. Ele ainda tentava falar com a gente, passava, dava uma ‘rabiscada’ de olho. Ele foi me visitar e minha mãe, ainda andei de bicicleta com ele. Ele dizendo que queria, pelo menos, ficar visitando, mas o pai não deixava. Ele contou que o pai batia nele, botava de castigo quando falava no nome da minha mãe”, afirmou.
Depois disso, de acordo com a jovem, o filho caçula, de 15 anos, começou a ser agressivo com a mãe, assim como o irmão mais velho, de 16. Foi nesse contexto que os adolescentes agrediram as duas parentes na noite de domingo.
“Estava descendo da casa da minha sogra, tranquilamente, e, como eu e minha mãe andamos sempre juntas, ela ficou me viu lá embaixo e ficou me esperando. Tinha três meninos que eu conhecia, falei com um deles. O mais novo pegou e mandou: ‘desce, desce’ e já foi gritando. Minha mãe gritou me chamando. O mais velho veio me peitar também”, recordou.
O g1 tenta contato com a defesa do homem citado pela jovem.
Adolescentes espancam mãe e irmã em Olinda
Reprodução/WhatsApp
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