Aluno tetraplégico ganha R$ 313 milhões por golpe no jiu-jitsu

O incidente ocorreu em 29 de novembro de 2018Reprodução

Jack Greener, aluno iniciante de jiu-jitsu, receberá uma indenização de US$ 56 milhões — cerca de R$ 313 milhões — após sofrer uma lesão que resultou em tetraplegia durante um treino na academia Del Mar Jiu Jitsu, em San Diego, Califórnia.

A decisão foi mantida pela Suprema Corte do estado em junho deste ano, após recursos apresentados pela defesa do instrutor Francisco Iturralde e da academia.

O incidente ocorreu em 29 de novembro de 2018. Greener, então com 23 anos e faixa-branca, participava de uma sessão de sparring supervisionada por Iturralde, faixa-preta conhecido pelo apelido de “Sinistro”.

Durante a atividade, o instrutor aplicou uma técnica descrita por testemunhas como inadequada para o nível técnico de Greener.

De acordo com Rener Gracie, especialista convocado no processo, a movimentação envolveu pressão excessiva no pescoço da vítima e não estava entre os riscos normais do esporte.

O vídeo apresentado durante o julgamento mostra o momento em que Iturralde gira o corpo de Greener e força seu pescoço, o que causou fraturas cervicais e paralisia imediata.

As consequências médicas incluíram tetraplegia incompleta, dissecção da artéria vertebral esquerda, trombose da artéria basilar e múltiplos AVCs. Greener passou meses hospitalizado e vivia, à época, a duas semanas da formatura na faculdade.

O processo movido por Greener alegou negligência e imprudência na condução do treino. A defesa sustentou que Iturralde tinha um estilo de luta considerado “agressivo” e que os riscos faziam parte da prática.

Em março de 2023, o júri da Corte de San Diego determinou o pagamento de US$ 46,475 milhões. Com os juros, o valor final foi reajustado para US$ 56 milhões.

Recorreu a decisão

Golpe de jiu-jitsu (Imagem Ilustrativa)Reprodução

A academia recorreu ao Tribunal de Apelações do estado da Califórnia, que confirmou a sentença no final de 2024.

O recurso subsequente à Suprema Corte do estado foi rejeitado em junho deste ano. O caso foi levado à esfera federal, mas não há atualização sobre sua tramitação nesse nível.

A indenização cobre despesas médicas, perda de renda e danos morais decorrentes do impacto físico e emocional da lesão.

A seguradora U.S. Fire Insurance Company, responsável pela cobertura da academia, recusou um acordo prévio de US$ 1 milhão.

Após a condenação definitiva, foi obrigada a assumir o pagamento, garantido por um título de mais de US$ 70 milhões depositado durante o processo de apelação.

O caso provocou mudanças em academias de jiu-jitsu nos Estados Unidos. Algumas passaram a revisar técnicas permitidas nos treinos, exigir consentimento informado mais detalhado de novos alunos, e adotar protocolos de segurança mais rígidos durante o sparring.

Rener Gracie, CEO da Gracie University e neto de Helio Gracie, classificou a técnica usada por Iturralde como “extremamente arriscada” para um iniciante.

Já Royler Gracie, em vídeo publicado em um canal no YouTube, declarou que o ocorrido foi um acidente, embora tenha reconhecido a gravidade do caso.

Desde o acidente, Greener atua como palestrante e pratica esportes adaptados, como alpinismo para pessoas com deficiência. A indenização a ser paga é uma das maiores já registradas em processos civis envolvendo lesões em artes marciais nos Estados Unidos.

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