Gilson diz que pediu passaporte para o pai e nega ajuda a Cid

O ex-ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, foi preso nesta sexta-feira (13)Reprodução Redes Sociais – 10.03.2023

Preso pela Polícia Federal nesta sexta-feira (13) no Recife, capital de Pernambuco, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL) afirmou que sua atuação se limitou a um pedido de passaporte para o pai, Carlos Eduardo Machado Guimarães, de 85 anos. Ele foi ao IML (Instituto de Medicina Legal) para realização de exame de corpo de delito.

Após o procedimento, ele foi encaminhado ao Centro de Triagem e Observação Criminológica Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima.

Machado é investigado por supostamente tentar emitir um passaporte português para Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Cid é réu em processos relacionados a uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 e firmou acordo de colaboração com as autoridades.

A Procuradoria-Geral da República aponta indícios de que Machado buscou, em maio de 2025, junto ao Consulado de Portugal no Recife, viabilizar o documento para Cid, o que, segundo os investigadores, poderia representar tentativa de obstrução de Justiça.

A ordem de prisão foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a pedido da PGR.

A operação incluiu ainda buscas na residência de Mauro Cid em Brasília. Havia também mandado de prisão contra Cid, mas a medida foi revogada por Moraes antes de ser executada.

O ex-ajudante-geral prestou depoimento à PF, negando ter solicitado passaporte com intenção de deixar o país.

Investigação

Mauro Cid (E) e Gilson Machado (D)Reprodução

A investigação teve início a partir da análise de arquivos encontrados no celular de Mauro Cid, indicando que ele teria iniciado, em janeiro de 2023, um processo para obter cidadania portuguesa com base na ascendência de seu avô.

Segundo avaliação das autoridades, um passaporte europeu poderia facilitar eventual fuga, uma vez que Cid responde a ações penais em fase final de instrução.

Gilson Machado nega relação com Mauro Cid

Machado negou qualquer relação com Mauro Cid desde 2022. Em nota divulgada após a prisão, declarou que o contato com o consulado foi feito por telefone, com o único propósito de agendar a renovação do passaporte do pai.

Segundo ele, Carlos Eduardo Machado compareceu pessoalmente ao consulado acompanhado de outro filho, e não houve sua presença em nenhuma repartição diplomática, no Brasil ou no exterior.

A defesa do ex-ministro contesta os fundamentos da prisão. O advogado Célio Avelino afirmou que o mandado foi expedido sem justificativas claras e que a equipe jurídica busca acesso ao processo para entender os critérios da decisão de Moraes.

Avelino sustentou que não há provas de envolvimento entre Machado e Cid, reforçando que a ação de seu cliente se limitou ao agendamento do documento para o pai.

Quem é Gilson Machado

Gilson Machado ocupou o cargo de presidente da Embratur e, posteriormente, o Ministério do Turismo entre 2020 e 2022, durante o governo Bolsonaro. Após deixar o governo, foi candidato ao Senado por Pernambuco em 2022 e à prefeitura do Recife em 2024.

Recentemente, promoveu uma campanha de arrecadação por meio de transferências via Pix em apoio ao ex-presidente, também investigada pela Polícia Federal.

Veja a nota de Gilson Machado na íntegra abaixo:

“Diante da decretação da minha prisão preventiva nesta quinta-feira (13), venho a público reafirmar minha total inocência. Não cometi crime algum. Não matei, não roubei, não trafiquei drogas. O que fiz foi apenas pedir informações sobre a renovação do passaporte do meu pai, um senhor de 85 anos.

É só verificarem as ligações que fiz para o consulado e os áudios que enviei aos funcionários. Eu nunca estive presente em nenhum consulado ou embaixada — nem de Portugal, nem de qualquer outro país — seja no Brasil ou no exterior. Tudo o que fiz foi um gesto de cuidado com meu pai, nada além disso. A justiça divina tarda, mas não falha.”

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