Em mais de três décadas atuando na defesa dos direitos humanos, Dom Luís Azcona chegou a ser ameaçado de morte. No ano passado, o Vaticano pediu que ele deixasse a região, mas voltou atrás. Dom José Luís Azcona Hermoso, bispo emérito da Prelazia do Marajó.
Tarso Sarraf
Um dos principais nomes no combate à exploração sexual de crianças e adolescentes no arquipélago do Marajó, Dom José Luís Azcona, bispo emérito da Prelazia do Marajó, foi diagnosticado com câncer no pâncreas. Ele está internado em hospital particular no bairro do Marco, em Belém, desde o último dia de 16 de junho.
Segundo a Prelazia do Marajó, Dom Azcona, que tem 84 anos de idade, foi hospitalizado para tratar de um ‘distúrbio metabólico do sódio’, que gera fraqueza, náusea, dor de cabeça e mal-estar.
Os primeiros exames clínicos apontaram a existência de uma lesão no pâncreas, órgão que produz enzimas que ajudam na digestão de alimentos e que atua na produção de insulina, controlando os níveis de açúcar no sangue.
O diagnóstico de câncer foi dado somente no último dia 26 de junho, conforme boletim médico. A nota da Prelazia destaca que a equipe de oncologia do hospital trabalha para definir o tratamento mais adequado para o bispo emérito.
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Dom José Luis Azcona Hermoso nasceu em 28 de março de 1940, em Pamplona, na Espanha. Foi nomeado bispo por São João Paulo II, em 1987. Ele ficou à frente da Prelazia do Marajó até 2016.
O trabalho na defesa pelos direitos humanos no Marajó fez com que, em 2008, o nome dele estivesse entre as três lideranças católicas ameaçadas de morte no Pará. Na época, ele denunciou o caso às autoridades policiais.
Em 2015, Dom Azcona denunciou, em rede nacional, os casos em que crianças se ofereciam aos ocupantes das balsas com o consentimento da própria família.
Bispo Dom José Luiz Azcona atua há mais de 30 anos na Ilha do Marajó
Reprodução/TV Globo
No ano passado, a Nunciatura Apostólica, representação diplomática do Vaticano no Brasil, pediu que ele deixasse a Prelazia do Marajó. O fato gerou grande repercussão na região. Comunidades e movimentos realizaram protestos pedindo a permanência de Dom Azcona na região.
A permanência dele, em Soure, foi comemorada pela população marajoara.
Nos últimos anos, a liderança religiosa também tem denunciado o crescimento do tráfico de drogas no arquipélago do Marajó.
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