Cantor de 71 anos tinha doença cardíaca e 20% da visão num dos olhos. Ele misturou bebida alcoólica, com remédio contra insônia e cocaína. Depois teve mal súbito, tropeçou na escada mal iluminada, caiu e bateu a cabeça. Morreu em 13 de junho em casa em Taboão da Serra. Cantor Nahim em dezembro de 2004
ERNESTO RODRIGUES/ESTADÃO CONTEÚDO
A Justiça arquivou neste mês o inquérito sobre o caso Nahim a pedido do Ministério Público (MP) após a polícia concluir que a morte do cantor foi acidental. A informação é pública e foi divulgada em 10 de outubro no site do Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
“Ciente do arquivamento promovido pelo Ministério Público”, informa trecho da decisão judicial, “remetam-se os autos ao arquivo com as cautelas de praxe.”
A Promotoria já havia concordado com a Polícia Civil que concluiu que a morte do cantor ocorreu por uma conjunção de fatores, entre eles uso de bebida, remédio, droga e queda acidental (saiba mais abaixo). O MP descartou, desse modo, que o artista tenha sido vítima de algum crime.
Nahim foi encontrado morto em 13 de junho na casa onde morava sozinho com os cães, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo.
De acordo com a Promotoria, a investigação policial e o laudo pericial apontaram que o fato de o cantor ter 71 anos de idade, possuir uma doença cardíaca e ter só 20% da visão num dos olhos também contribuíram para a sua morte.
Segundo a Polícia Técnico-Científica, Nahim tinha cardiopatia isquêmica crônica, doença grave que afeta o fluxo sanguíneo para o coração, devido ao acúmulo de placas de colesterol nas artérias coronárias.
Em seguida, de acordo com os peritos, o cantor misturou bebida alcoólica, com remédio contra insônia e cocaína. Depois teve um mal súbito, tropeçou na escada mal iluminada, caiu e bateu a cabeça no chão.
Laudo do Instituto Médico Legal (IML) informou que Nahim morreu principalmente por intoxicação de cocaína e traumatismo craniano, aliados a outros fatores.
Segundo a perícia, ele pode ter perdido a consciência ou até mesmo ter tido uma morte súbita por causa da droga, sofrendo, por um desses motivos, a queda que resultou no trauma na cabeça.
Caso foi investigado como ‘morte suspeita’
Cantor Nahim morre em SP aos 71 anos
O 1º Distrito Policial (DP) da cidade, que investigou o caso como “morte suspeita”, não encontrou indícios de que alguém possa ter cometido um crime e matado Nahim. O sobrado em que o artista morava não tem sinais de invasão nem de que algo tenha sido roubado.
A investigação policial ainda ouviu os depoimentos de testemunhas que encontraram o corpo de Nahim e de pessoas que conviveram com o artista, entre elas, sua ex-esposa e amigos. Funcionários de uma empresa de telefonia viram o cantor caído perto da escada da residência e avisaram a polícia.
Câmeras de segurança foram buscadas pelos policiais civis para saber se chegaram a gravar algo que pudesse ajudar a esclarecer como Nahim morreu. Mas não encontraram nenhuma imagem reveladora.
Testemunhas que foram ouvidas na delegacia confirmaram que o cantor fazia uso “esporádico ou recreativo” de cocaína.
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Quem foi Nahim
Caixão com corpo de Nahim deixa Alesp sob aplausos dos fãs
Carol Ianelli/TV Globo
Nahim era o nome artístico de Naim Jorge Elias Júnior. Ele nasceu em 11 de agosto de 1952 em Miguelópolis, interior do estado de São Paulo.
O cantor fez sucesso na década de 1980, quando frequentava programas de auditório e foi um dos grandes vencedores do quadro “Qual É a Música?”, do Programa Silvio Santos, no SBT.
O velório do cantor ocorreu na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Fãs, parentes e amigos foram se despedir de Nahim. O caixão com o corpo deixou a Alesp sob aplausos e músicas dele, cantadas por quem o visitou pela última vez.
O artista ganhou projeção nacional com os hits “Dá Coração”, “Coração de Melão” e “Taka Taka”.
Na mesma época, ele gravou seu primeiro disco em português. Ao todo, foram mais de 14 discos e 86 músicas lançadas.
Ao longo da carreira, participou de diversos programas de televisão, dentre eles “A Fazenda”, reality show da TV Record.
Em abril de 2019, o artista chegou a ser preso por descumprir uma medida protetiva contra uma de suas ex-esposas, Sandra Aparecida Pandolfi de Freitas.
Em 2020, ele se candidatou a vereador por São Paulo, mas não foi eleito.
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