Movida pelo Instituto São José, que administra o hospital, a ação alega que uma descredibilização foi imposta à organização filantrópica e isso seria fruto dos atos ilícitos do ex-gestor. Hospital Padre Zé, em João Pessoa
Hospital Padre Zé/Divulgação
O Instituto São José, que administra o Hospital Padre Zé em João Pessoa, solicitou à Justiça da Paraíba uma indenização de pelo menos R$ 1 milhão por danos morais contra o ex-gestor do instituto, o padre Egídio de Carvalho Neto.
A ação movida pelo Instituto também cita irregularidades praticadas pela gestão anterior, liderada pelo padre, que atualmente é investigado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) em várias operações, incluindo a Operação Indignus, que por exemplo, apurou o desvio de mais R$ 140 milhões de reais e resultou em diversas prisões e bloqueios de bens.
LEIA MAIS:
Caso Padre Zé: Justiça da Paraíba aceita terceira denúncia contra padre Egídio de Carvalho
Padre Egídio comprou 29 imóveis e fez gastos milionários com vinho e obras de arte com verba de hospital
As investigações revelaram um esquema milionário de desvio de recursos e doações destinadas ao hospital, que teriam sido desviados para contas pessoais de Egídio e utilizados para a compra de itens de luxo.
Ainda conforme a ação, os atos de corrupção e desvios de verbas públicas praticados por Padre Edígio afetaram diretamente a imagem do instituto como instituição filantrópica.
“A má-gestão, eivada direta ou indiretamente de atos de ilegalidade, é fator determinante para o atual cenário em que o Instituto São José se encontra, o que necessariamente enseja o dever de indenizar do responsável direto ou indireto pela prática da confusão patrimonial”, pontua o Instituto.
Segundo o processo, o esquema de desvio de recursos teria durado quase uma década, resultando em um aumento patrimonial desproporcional do ex-gestor. Diante disso, o Instituto São José está pedindo à Justiça uma indenização de não menos de R$ 1 milhão por danos morais. Além disso, atribuiu-se à causa o valor de R$ 1 milhão.
Ao g1, a defesa do instituto informou que a proposta contra Egídio busca responsabilizá-lo por uma crise de confiança e credibilidade que foi imposta ao São José: “o objetivo desta demanda é obter o reconhecimento da responsabilidade do réu pelos danos morais infligidos à pessoa jurídica do Instituto São José, em virtude do descrédito e da desconfiança gerados por suas ações ilícitas”.
Até a última atualização desta matéria, o g1 não conseguiu contato com a defesa do Padre Edígio.
Entenda o caso
Padre Egídio é acusado de ser líder de um esquema criminoso que seria responsável por um desvio milionário contra o Hospital Padre Zé. E as investigações começaram depois que 100 aparelhos celulares foram furtados da instituição. Esse caso foi tornado público em 20 de setembro DE 2023, mas a denúncia foi feita em agosto do mesmo ano, quando um inquérito policial foi aberto. Até que, no dia 5 de outubro, uma operação mais ampla foi deflagrada.
O religioso deixou a direção do Hospital Padre Zé logo após a denúncia sobre o furto de celulares. Os celulares foram doados pela Receita Federal, oriundos de apreensões, e seriam vendidos em um bazar solidário para comprar uma ambulância com UTI e um carro para distribuição de alimentos para pessoas em situação de vulnerabilidade.
Padre Egídio de Carvalho Neto, ex-diretor do Hospital Padre Zé
TV Cabo Branco/Reprodução
No desenrolar das investigações do furto, a Arquidiocese da Paraíba anunciou que estava afastando o padre Egídio de qualquer ofício ou encargo eclesiástico. Na prática, ele fica proibido de ministrar missas ou qualquer outro sacramento da igreja.
Após o furto dos celulares, uma denúncia anônima foi apresentada ao Ministério Público da Paraíba apontado uma série de irregularidades na gestão do padre Egídio.
O Hospital Padre Zé, em João Pessoa, afirmou que constatou inúmeras dívidas que comprometem sua funcionalidade após avaliar a situação operacional, funcional, contábil e financeira da instituição.
Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba