O Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Santa Catarina (CRECI-SC) suspendeu liminarmente, na última sexta-feira (25) o registro profissional do corretor suspeito de ter aplicado um golpe imobiliário em mais de 40 famílias em Penha, Litoral Norte do estado.
Conforme o CRECI-SC, com isso, o corretor está impedido de exercer quaisquer atividades relacionadas à intermediação imobiliária e utilizar o título de corretor de imóveis durante a vigência da portaria.
Mais de 40 famílias são vítimas de golpe imobiliário em Penha – Foto: Arquivo ND
“Estamos cumprindo algumas das principais atribuições de nosso Conselho, em defesa da atuação profissional ética e também resguardando a sociedade de práticas abusivas e ilegais”, disse Fernando Willrich, presidente do Conselho Regional.
Segundo o conselho, a suspensão cautelar da inscrição do corretor suspeito já havia sido solicitada à 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Penha na última terça-feira (22).
Polícia Civil está investigando corretor suspeito de estelionato
Além disso, uma comitiva do CRECI-SC se reuniu com o delegado Angelo Frageli, da Polícia Civil, onde o inquérito está em sua fase final.
De acordo com a PCSC, existe a suspeita de que o corretor esteja fora do Brasil. O órgão também pretende descobrir se o suspeito teria agido sozinho ou com a ajuda de outros envolvidos no esquema.
“Para nós está bem claro o crime de estelionato. A Polícia Civil já instaurou o inquérito policial, já está intimando todas as vítimas para darem depoimento e prestarem suas declarações aqui na unidade policial de Penha e, daí para frente, nós prosseguiremos com todas as investigações”, afirma o delegado da Polícia Civil Angelo Fragelli.
Mais de 40 famílias são vítimas de golpe imobiliário em Penha – Foto: Arquivo ND
O suposto estelionatário, natural de Penha, teria dito aos compradores ser dono das propriedades e que teria comprado de uma loteadora da região. A venda teria sido feita com documentos aparentemente corretos, contratos e procurações.
No entanto, ele teria usado uma brecha na lei para revogar as procurações logo após as assinaturas, sem que os compradores soubessem.
Mulher perde R$ 65 mil em golpe imobiliário
Uma das vítimas do suposto estelionato foi a técnica de enfermagem Micherlane Morais. Ela conta que só queria proporcionar uma vida melhor para a sua família.
“Eu e meu esposo lutamos muito por cada centavo para conquistar e para investir. A gente fez isso e estou me deparando com todo esse alvoroço, descobri que tem mais compradores no lote, na casa que comprei”, lamenta Micherlane.
A técnica de enfermagem pagou R$ 65 mil na entrada e aguardava para começar a quitar as parcelas, mas descobriu que perdeu tudo.
Mais de 40 famílias são vítimas de golpe imobiliário em Penha – Foto: Arquivo ND
Mulher vendeu casa no RS para morar em Penha
Outra vítima do suposto crime foi a Bruna Pratis, instrutora cirúrgica, que havia vendido uma casa em Cachoeirinha, no Rio Grande do Sul, para morar no Litoral Norte catarinense.
Bruna conta que investiu R$ 70 mil de entrada, mas o sobrado, que deveria ser dela, também teria mais seis compradores.
“Quando viemos para cá, ficamos encantados, as ruas eram sem saída, as árvores tinham tucanos, aqui era um ambiente gostoso. As crianças desciam de bicicleta, a gente já estava imaginando a vida aqui. O problema é o sonho da gente, o sonho de várias pessoas”, ela compartilha.
Corretor teria permitido visitas em sobrados e terrenos
Visando dar mais credibilidade ao negócio fraudulento, o corretor teria permitido a visita das famílias aos sobrados e outros terrenos, localizados no bairro Nossa Senhora de Fátima.
Com isso, o suposto profissional teria se aproveitado do interesse das pessoas e realizado a venda para vários compradores ao mesmo tempo, recebendo os valores da entrada ou até integral do imóvel.
Mais de 40 famílias são vítimas de golpe imobiliário em Penha – Foto: Arquivo ND
Na tentativa de evitar novos golpes, algumas das vítimas escrevam um alerta na parede. Segundo as pessoas que afirmam terem sido lesadas, a quantia repassada ao suspeito se aproximaria de R$ 2 milhões.
Ex-morador de Chapecó diz esperar justiça ser feita
Cleiton da Silva, corretor de vendas, também foi um dos compradores. Ele veio de Chapecó, Oeste do estado, visando uma oportunidade de emprego em Balneário Piçarras e escolheu Penha para uma segunda residência.
“É um sentimento de indignação e também de revolta, porque a gente não sabe como pode uma pessoa, um ser humano conseguir colocar a cabeça no travesseiro e dormir sabendo que está lesando muitas famílias, tirando o sonho de muita gente. É um sentimento muito triste, a gente espera a justiça”, conta Cleiton.