É #FAKE que câncer de mama não existe


Alegação de médica é desmentida por especialistas. Conselho Regional de Medicina do Pará investiga o caso. É #FAKE que câncer de mama não existe
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Circula nas redes sociais um vídeo em que uma médica diz que câncer de mama não existe. É #FAKE.

g1
O vídeo mostra as legendas: “Esqueça o outubro rosa. Câncer de mama não existe”. A protagonista diz: “Câncer de mama não existe. Sou a doutora Lana Almeida, médica integrativa e especialista em mastologia e ultrassonografia das mamas. Por isso, venho falar para vocês que câncer de mama não existe. Então, esqueçam outubro rosa. Esqueçam mamografia. Mamografia vai causar inflamação nas mamas. Por que eu falo que câncer de mama não existe? Porque simplesmente existe uma inflamação crônica nas mamas, que pode ser inflamação da tireoide, do rim, do fígado, de qualquer lugar. É cálcio nas mamas. Por que o cálcio vai para as mamas? Porque ele sai dos ossos pela desmineralização óssea, pela baixa de testosterona, baixa de hormônio. Testosterona, estradiol e progesterona. Então, vamos fazer a modulação hormonal. Vamos repor esses hormônios com a modulação nano”, diz, antes de citar um tratamento sem comprovação científica.
O Fato ou Fake mostrou a publicação para o Instituto Nacional do Câncer (INCA), que afirma que o conteúdo da postagem é totalmente falso. Também questionada sobre a publicação falsa, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) emitiu nota em que reprova a disseminação de informações falsas.
O Conselho Regional de Medicina do Pará afirma que vai apurar a post. Os procedimentos tramitam sob sigilo. Uma pesquisa no site do conselho informa que a médica não tem especialidade registrada.
A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica explica que o câncer de mama é uma doença multifatorial e resultado da multiplicação desordenada de células anormais da mama, ou seja, uma disfunção celular.
E que entre os recursos aliados para a detecção precoce do câncer de mama, está a mamografia – exame que gera imagens de alta qualidade capazes de revelar a existência de sinais iniciais da doença.
A instituição afirma que o Ministério da Saúde recomenda o exame para mulheres a partir dos 50 anos, independente da presença de sintomas. Quando se detecta alterações pré-malignas e tumores mamários muito pequenos, o que é possível a partir da mamografia, as chances de cura do câncer de mama são de aproximadamente 95%.
“É importante ressaltar que pacientes e seus familiares frequentemente recebem informações que não são respaldados pela comunidade científica, inclusive de fontes não especializadas em saúde. Hoje existem terapias eficazes e seguras para a maioria dos tipos de câncer. Substituir terapias comprovadas por alternativas sem evidência científica pode colocar o paciente em risco de vida e de toxicidade”, complementa.
A Sociedade Brasileira de Mastologia afirmou ao g1 que observa com preocupação o número de notícias falsas a respeito do tratamento e da prevenção do câncer de mama.
“As redes sociais possuem inúmeros perfis de pessoas que se dizem médicas ou profissionais de saúde que fazem afirmações sensacionalistas e mentirosas sobre o assunto”, aponta.
Segundo a entidade, os perfis costumam divulgar as informações com um possível padrão:
Comenta sobre algo sem comprovação científica, baseado apenas na opinião da pessoa ou de um influenciador;
Na sequência, oferece a venda de algum tratamento ou terapia milagrosa que vai curar ou evitar a doença;
Também oferece cursos voltados para médicos, profissionais de saúde ou até pessoas sem nenhuma formação, para ensinar as tais terapias.
“Dentre as maiores nulidades observadas, estão as teorias de que a mamografia causa câncer de mama, que o câncer de mama não existe e que é possível prevenir ou tratar o câncer de mama através do uso de hormônios”, disse a entidade.
Veja abaixo os pontos explicados por Augusto Tufi Hassan, presidente da SBM, e por Guilherme Novita, diretor da Escola Brasileira de Mastologia:
Sobre colocar em dúvida a existência da doença
“O câncer de mama é a principal neoplasia maligna entre as mulheres brasileiras, sendo responsável por mais de 70.000 novos casos ao ano em nosso país. Menosprezar esta doença é um desrespeito aos milhares de vítimas e suas famílias, além de poder causar tratamentos inadequados em mulheres que acabaram de descobrir a doença.”
Sobre mamografia
“A mamografia é a principal forma de prevenção de mortes pela doença. O diagnóstico precoce, obtido pela mamografia, permite a descoberta do câncer em estágios menores, onde as chances de cura são maiores e os tratamentos, menos agressivos. Estudos comparativos realizados em países europeus e norte-americanos demonstraram que a realização de mamografia anual em mulheres entre os 40 e 75 anos reduz em 20% a 30% a mortalidade do câncer de mama em comparação com mulheres que não realizaram o exame.”
Sobre supostas terapias com hormônios
“O uso de hormônios sexuais (estrógeno, progesterona e testosterona) é contraindicado em casos de câncer de mama, pois estimula o crescimento de células tumorais. Inúmeras publicações científicas mostram este efeito e a piora na evolução da doença. Inclusive, a terapia de alguns casos de câncer de mama é feita através de bloqueio destes hormônios, com resultados comprovados na diminuição da mortalidade.”
O protocolo citado na publicação falsa, não tem comprovação científica e o autor tem sido denunciado por conselhos regionais de medicina e odontologia. Ele chegou a ser preso e processado.
O Cremesp ressalta que além de exercício ilegal da Medicina, os “tratamentos” propostos por ele são falsos e não possuem qualquer comprovação científica, colocando em risco a saúde e segurança da população.”
O Fato ou Fake entrou em contato com o número de WhatsApp indicado na página da médica, que não se manifestou.
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