Imagine a seguinte situação: em uma noite silenciosa, você está prestes a dormir, você deita na cama, está tudo tranquilo, mas de repente, um estalo!
É o armário, a geladeira, o piso da sala, ou até algo na cozinha fazendo um barulho inesperado. Mas será um fantasma? Ou um monstro debaixo da sua cama? Será que uma bruxa foi roubar comida e derrubou um talher?
Com o Halloween, não é difícil associar esses ruídos noturnos a algo sobrenatural. Mas calma! Esses sons noturnos têm uma explicação muito mais científica do que fantasmagórica: é tudo culpa da “dilatação térmica”.
O professor Fábio Tozo, mestre na Universidade de Sorocaba (Uniso), ajudou o Portal iG a desvendar esse mistério:
“Devido à variação de temperatura, ocorre uma diferença significativa entre a temperatura durante o dia e a noite, como à noite a temperatura é mais baixa, as moléculas dos móveis, principalmente dos de madeira, se agitam, gerando o aumento de distância entre elas durante o dia. À noite, quando a temperatura baixa, essa distância diminui e volta tudo para o seu lugar inicial, fazendo os estalos que sempre nos assustam. Em casas com paredes de madeiras, esses estalos são maiores”, explica o professor.
Casas que têm paredes e pisos de madeira, por exemplo, podem ter mais ruído. Isso porque, como explicou o professor, o material é mais sensível do que a argila ou cerâmica dos pisos.
Culpa é da dilatação térmica enxerida
Dá próxima vez que ouvir algum estalo em casa, não se preocupe, não é nenhuma “alma penada” querendo puxar o seu pé e, sim, a dilatação térmica. O professor Tozo comenta que, o fenômeno é responsável por aumentar ou reduzir as dimensões de objetos quando há uma mudança de temperatura.
“A dilatação térmica é um fenômeno responsável pelo aumento das dimensões (comprimento, área e volume) de um objeto material ou substância quando há variação em sua temperatura”, diz.
Além da variação de temperatura influenciar objetos inanimados, o fenômeno pode afetar seres vivos em geral.
“Ocorre dilatação do corpo, como, por exemplo, dos pés e mãos”, ressalta o professor.
Tozo explica que a dilatação térmica pode ser percebida no dia a dia. Sabe quando vamos ferver o leite e, de repente, ele derrama da leiteira? Isso é culpa desse fenômeno.
“A dilatação de uma corda de um violão também é outro exemplo. Se deixarmos o instrumento no sol, ele fica desafinado, pois as cordas dilatam. Dilatação do vidro, as partículas que formam o vidro começam a vibrar mais intensamente, aumentando e, assim, ocupando um espaço maior”, exemplifica o professor.
Na construção civil, devido à variação de temperatura, algumas estruturas podem apresentar deformações ou rachaduras. É por isso que os engenheiros precisam utilizar juntas de dilatação.
Esse fenômeno é tão importante que arquitetos e profissionais da construção civil precisam ficar atentos. “Na construção civil, a dilatação pode causar fissuras e rachaduras, deformando vigas e pilares”, ressalta o professor. Por isso, as famosas juntas de dilatação são usadas em obras para proteger contra as variações de temperatura.
“Esse processo motiva o surgimento de fissuras, trincas e rachaduras em estruturas, especialmente em obras, nas quais, a dilatação térmica é capaz de causar danos significativos em concreto e tijolo, problemas no assentamento de pisos. A dilatação térmica dos pilares e vigas pode deformá-los e, consequentemente, deformar toda a estrutura de uma construção”, ressalta Tozo.