Governador do PA quer leiloar parte da APA Triunfo do Xingu, mas reconhece que ainda faltam estudos sobre biodiversidade

A área de conservação estadual é a mais pressionada pelo desmatamento da Amazônia e tem sido alvo de ações de fiscalização desde fevereiro, pela operação Curupira. Helder defende leilão de áreas florestais no Pará.
Audiovisual/PR
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), anunciou neste sábado (5) durante os “Diálogos Amazônicos”, em Belém, que quer leiloar parte da Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu para que seja restaurada, mas que ainda faltam estudos sobre a biodiversidade na região. A área de conservação estadual é a mais pressionada pelo desmatamento da Amazônia.
Em abril, ele já havia dito, em Londres, que o Estado pretende fazer ainda este ano a concessão de 4,2 milhões de hectares para serviços ambientais de manejo e também para o mercado de crédito de carbono – setor que ainda não possui regulamentação no Brasil. A extensão que deve ser concedida equivale ao tamanho do estado do Rio de Janeiro.
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“Lançaremos ainda neste segundo semestre leilões de concessão desses hectares de florestas públicas para que possam, a partir da concessão, serem objetos de planejamento para manejo e para crédito de carbono. Por outro lado, também vamos fazer a primeira experiência pública de concessão de restauro em uma área de proteção ambiental que é a APA Triunfo do Xingu”.
No total, a APA Triunfo do Xingu tem 1,6 milhão de hectares, compreendendo os municípios de Altamira e São Félix do Xingu, no sudoeste do Pará.
Barbalho citou que a área de proteção estadual tem sido alvo nos últimos anos de forte pressão de grilagem e de outros crimes ambientais, mas que o sistema de segurança do Estado e a Justiça paraense estão buscando retomar o território desde fevereiro com a operação Curupira.
“Conseguimos fazer com que os infratores estivessem sob o processo de inquérito e também de processos judiciais, recuperando esta área que, agora neste primeiro momento, gira em torno de 15 a 20 mil mil hectares da APA Triunfo do Xingu para que seja a primeira concessão de restauro no Brasil”.
Ambientalistas defendem que o processo de concessão seja acompanhado de escuta às comunidades que possam ser afetadas, e também que haja discussão entre especialistas para proteção da biodiversidade presente nas áreas ambientais protegidas.
Questionado sobre o tema, já que as florestas seriam concedidas via leilão, Helder ainda não detalha como o Estado pretende fazer a proteção e garantia da preservação da biodiversidade. No entanto, afirmou que “a questão do patrimônio genético é um dos pilares da estratégia de bioeconomia”.
“Nós precisamos fazer um forte investimento para ter conhecimento desse patrimônio, por isso o estímulo para que nós possamos ter o fortalecimento deste viés que deve ser visto dentro das lógicas de prioridade para colocar de pé o processo, seja de restauro, seja de bioeconomia. Se nós não tivermos um forte investimento em ciência e tecnologia, nós vamos deixar um dos pilares estratégicos dessa composição de fora, o que vai certamente inviabilizar com que estas concessões possam ser sustentadas”, anunciou.
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