Projeto abre inscrições gratuitas para músicos da periferia da Grande Belém; confira como participar

‘Stereocidade’ pretende reunir em disco inédito a nova safra de músicos de bairros da periferia da Amazônia. As inscrições são online. O projeto “Stereocidade” abre inscrições gratuitas para músicos da periferia da Grande Belém. A proposta é selecionar talentos autorais para participação em um álbum digital que vai reunir a novíssima cena sonora nascida nos subúrbios da Amazônia. As inscrições devem ser feitas online, no perfil @montalvamc.
A potência criativa da arte forjada na periferia é um dos pontos fundamentais da cultura amazônica contemporânea. Do brega a guitarrada, os movimentos musicais nascidos nos subúrbios se tornaram ultrapopulares e marca identitária da estética do Norte.
O “Stereocidade”, contemplado no Prêmio Fundação Cultural do Pará de Incentivo à Arte e à Cultura, propõe a produção de um disco digital com sete faixas inéditas, criado, gravado e divulgado com a participação direta de músicos residentes em bairros da periferia de Belém, especificamente nos locais que integram o projeto Territórios da Paz, na região metropolitana: Cabanagem, Terra Firme, Jurunas, Guamá, Bengui e Condor, em Belém; Icuí-Guajará, em Ananindeua, e Nova União, em Marituba.
Podem participar artistas oriundos ou não de programas sociais, músicos amadores com divulgação de seu trabalho apenas na comunidade e podem também prescindir de formação técnica, assim como ser ou não participante de grupo ou banda. A convocatória para seleção informará os critérios de avaliação a serem considerados no momento da aplicação do formulário de inscrição.
A oportunidade da produção e registro sonoro que será veiculado em todas as plataformas digitais busca dar visibilidade a este artistas que estão “fora do eixo”.
Os artistas vão escolher seu repertório, interpretar músicas autorais, propor conteúdos musicais de caráter crítico construtivo alusivos à prática sócio-político-cultural de sua comunidade.
“A minha inquietação no Stereocidade é virar o holofote para o artista das bordas da cidade até que o centro e mundo os percebam. Aquele artista que tem um potencial imenso, mas por conta da vulnerabilidade artística, acredita que por estar inserido dentro de um contexto urbano e social desfavorável, teme que nunca terá seu trabalho reconhecido e acaba desistindo de seguir em frente em sua carreira musical”, diz Ruy Montalvão, idealizador do projeto.
Atento a este fenômeno e personagem direto desta cena, Ruy tem uma trajetória importante na música paraense. Ao lado de Carlinhos Vaz e Erik Martinez, participa, em 2001, do nascimento do Coletivo Rádio Cipó, núcleo de produção de mídia sonora e pesquisas experimentais aliado à tecnologia de áudio digital caseira. Com o grupo, Montalva tocou em palcos nacionais e internacionais e apresentou ao mundo a cantora de carimbó chamegado Dona Onete e o quase centenário roqueiro Mestre Laurentino. Com o término do Coletivo Rádio Cipó em 2013, Ruy inicia seu projeto solo e a passa assinar como Montalva, uma homenagem à família materna e ao tio músico Roberto Montalvão, violonista das antigas.
“O Coletivo Rádio Cipó, grupo no qual fiz parte, foi um grande exemplo de propor o diálogo dos saberes entre artistas da periferia e a galera que sacava de equipamentos eletrônicos. Foi nessa perspectiva que apresentamos Dona Onete, Mestre Laurentino e Mestre Bereco para o grande público. Imagine quanta gente está por aí e nunca gravou uma música? Nesse sentido, acredito que políticas culturais relevantes podem e devem fomentar a potência de artistas residentes na periferia gerando a divulgação de seus saberes artísticos e consequentemente ter uma outra perspectiva e possibilidade”, diz.
Quem assina a produção do projeto é o músico e produtor Léo Chermont, em parceria de Montalva que participa da co-produção, curadoria e participação nas músicas de sua autoria e em parceria com os selecionados.
Um dos maiores instrumentistas do Pará na atualidade, Léo Chermont é produtor musical e engenheiro de áudio, e dedica sua produção e pesquisa a experimentar e fazer a fusão da música moderna com a música tradicional. Já produziu inúmeros artistas como Metaleiras da Amazônia; Nazaré Pereira; Mestre Damasceno; Chico Malta; Camila Honda; Sammliz; Inezita; Natália Matos; Reiner etc. Como engenheiro de áudio, gravou documentários de artistas como Mestre Vieira; Chico Braga; Mestre Damasceno e Os Pássaros Juninos; o DVD de Gaby Amarantos, Live At Jurunas; e registros ao vivo de artistas como Dona Onete, Mestre Laurentino e Aíla. Idealizador do projeto Strobo e da banda Os Amantes, passou quatro anos tocando com a cantora Marina Lima. Atualmente, Léo Chermont viaja pelos lugares mais remotos do Brasil em pesquisa e gravação dos mestres de cultura popular.

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