Lúcio Tembé foi alvejado no rosto em uma emboscada na madrugada de domingo, 14. Ele era envolvido com a causa indígena e na luta por terras em área de disputa com fazendas de plantação de dendê. Líder indígena sofre atentado no interior do Pará
O Ministério Público Federal (MPF) convocou uma reunião de emergência na tarde desta segunda-feira (14), em Belém, sobre o atentado contra a liderança Lúcio Tembé. Ameaçado de morte, o indígena foi baleado na cabeça em uma emboscada no distrito Quatro Bocas, em Tomé-Açú.
Lúcio é envolvido na causa indígena e na luta por terras no nordeste do Pará. No domingo (14), o MPF havia solicitado providências urgentes à Polícia Federal e à Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) a fim de esclarecer a tentativa de homicídio.
Indígenas relataram à procuradoria que, na madrugada de domingo, dois pistoleiros atiraram contra o cacique, que foi alvejada no rosto e foi levada às pressas para atendimento em Unidade de Terapia Intensiva. O estado de saúde dele não foi informado nesta segunda.
Vários órgãos públicos foram acionados pelo MPF. Para o órgão, este é mais um episódio de violência que os indígenas Tembé sofrem por causa de conflito com empresas produtoras de dendê. Segundo o MPF, a atuação dos órgãos federais é necessária já que há disputa envolvendo direitos coletivos dos povos indígenas.
O conflito diz respeito à antiga empresa Biopalma que fica aos arredores da Terra Indígena Turé Mariquita. Os Tembé reivindicam áreas em que há atualmente plantações de dendê.
À PF o MPF pediu instauração de inquérito policial e que sejam tomadas as seguintes providências:
diligência urgente no local do crime, com elaboração de relatório policial, acompanhado de captura de fotos, vídeos e planilha geográfica;
expedição de ofícios para a Polícia Civil de Acará e de Tomé-Açu, para a Segup e para o Instituto Médico Legal (IML);
coleta de imagens e vídeos disponíveis;
entrevistas com moradores;
oitiva das vítimas, testemunhas e suspeitos dos crimes.
O procurador-chefe do MPF no Pará, Felipe de Moura Palha, pede “à autoridade policial federal a atribuição de caráter de urgência e prioridade ao cumprimento das atuais e futuras medidas investigativas no inquérito policial em questão”.
“Há em vista o intenso nível de conflituosidade da região (…), com riscos concretos à vida e à integridade física dos indígenas”, ele aponta.
O MPF também solicitou à Segup urgência na adoção de providências para elucidação do crime cometido contra o cacique Lúcio Tembé.
O atentado
Cacique Tembé foi baleado durante atentado e está internado no Pará
Fepipa/Reprodução
O cacique do povo Tembé foi alvo de atentado e acabou baleado na cabeça no domingo (14). Lúcio Tembé é uma das principais lideranças do movimento indígena e foi internado em estado grave em um hospital na Grande Belém, segundo a Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (Fepipa).
A Polícia Civil disse que o ataque está sendo investigado. Ninguém havia sido preso, até a tarde de segunda-feira.
O cacique da aldeia Turé-Mariquita foi baleado na madrugada na região conhecida como Quatro Bocas, quando voltava de carro para a aldeia.
“Quando fazia o trajeto, o veículo que o levava atolou e quando este desceu para desatolar, dois homens em uma moto se aproximaram e efetuaram alguns tiros que pegaram na região da sua cabeça”, detalhou a Fepipa.
Em nota nas redes sociais, compartilhada pela secretária dos Povos Indígenas do Pará (Sepi), Puyr Tembé, a Fepipa informou ainda que a suspeita é que o “cacique estava sendo monitorado pelos criminosos” e que ele é “uma das pessoas que são ameaçadas de morte por sua atuação em favor do seu povo”.
“Diligências são realizadas com objetivo de coletar todos os vestígios e provas que possam contribuir para elucidação do crime, com a identificação dos responsáveis. Informações que auxiliem nas investigações podem ser repassadas via Disque-Denúncia, número 181. O sigilo é garantido”, informou a Segup em nota.
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MPF convoca reunião de urgência após atentado a cacique indígena no Pará
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