Círio de Nazaré: Carro dos Milagres foi introduzido na procissão para lembrar intervenção atribuída à N. S. em Portugal


Cavaleiro parou à beira do precipício e dedicou salvamento à Senhora de Nazaré. História foi lembrada com Carro dos Milagres, que passou a recolher os chamados ‘ex-votos’ dos fiéis. Carro dos Milagres na Basílica Santuário, em Belém.
Divulgação / Aguinaldo Martins
Em 1803, o Círio era conduzido pela Irmandade de Nossa Senhora de Nazaré, criada ainda no tempo de Plácido, e era uma entidade civil composta por fiéis católicos, mas não tinha o aparato da Igreja, nem tinha relação com o império brasileiro, logo, não possuía recursos financeiros. Contudo, possuía aquilo que movia o povo a ir às ruas: a imagem de Nossa Senhora de Nazaré.
Confira a página especial do Círio de Nazaré
O conhecido Carro dos Milagres, que integra até hoje a festividade, foi introduzido nesse ano (1803), para lembrar um grande milagre vivido por D. Fuas Roupinho, em 1182 d.C., em Portugal.
O milagre de D. Fuas Roupinho
Cavaleiro da Ordem do Templo e alcaide-mor de Porto-de-Moz, no país lusitano, D. Fuas saiu em uma madrugada para caçar montado no cavalo. Em um bosque, ele avistou a silhueta de um cervo pastando. Era setembro de 1182 d.C.
Havia nevoeiro e pouca visibilidade. D. Fuas e o cavalo se viram à beira de um precipício. O cavalo assustado, não obedecia aos comandos e no desespero, o cavaleiro gritou:
“Valei-me Nossa Senhora!”
Segundo consta no livro “A Madona de Plácido”, do historiador Roberto Ribeiro, o cavalo parou cravando as patas traseiras no chão e D. Fuas viu a imagem do animal perseguido suspensa no ar, entre as nuvens, que se dissipavam lentamente.
A imagem de Nossa Senhora de Nazaré, em Portugal, havia sido encontrada próxima dali em 1179.
D. Fuas Roupinho dedicou o livramento à mãe de Jesus e em agradecimento, mandou construir uma igreja chamada de Capela da Memória no local onde a imagem havia sido encontrada.
O Carro dos Milagres
Inicialmente, o carro trazia duas alegorias: a do milagre de D. Fuas Roupinho e o milagre do brigue São João Batista, e já nasceu com a função de recolher os “ex-votos” dos romeiros e também tinha formato de barco sobre rodas.
“Foi uma forma de relacionar o Círio de Nazaré em Belém do Pará com a devoção em Portugal”, diz o historiador Roberto Ribeiro.
Com o tempo, o Carro dos Milagres ganhou, digamos, identidade própria. Então foi criado o Cesto das Promessas para cumprir a função que antes era do carro.
Carro dos Foguetes
As homenagens a Nossa Senhora de Nazaré, no Pará, se encheram de significados e passou a chamar atenção das esferas de poder.
Um dos símbolos foi o Carro dos Foguetes, introduzido pelo governador da província em 1826, José Félix Pereira de Burgos. O símbolo tinha forma de castelo e era puxado por um boi.
Com o objeto, a ideia era representar as fortalezas tomadas dos Mouros pelos portugueses e no carro tinham bandeiras das nações católicas.
À frente da procissão, fogos de artifício eram soltados.
O carro causou acidentes e acabou sendo retirado das romarias já no século XX.
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