Angelo Becciu protagonizou um escândalo de corrupção no Vaticano – Foto: Vatican News/Reprodução/ND
O cardeal italiano Angelo Becciu viajou para Roma na noite de terça-feira (22) e afirmou que poderá participar do conclave — processo para escolha do novo papa —, após ser condenado por corrupção. O antigo “número 2” da Secretaria de Estado do Vaticano teria renunciado aos direitos cardinais e afastado pelo falecido papa Francisco.
O italiano foi ordenado padre em 1972, na Sardenha. Desde então, trilhou uma carreira diplomática no Vaticano e participou de representações papais em diversos países. Durante o papado de João Paulo II, Angelo Becciu foi núncio apostólico, um representante do Vaticano, em Angola e São Tomé e Príncipe.
Sob Bento XVI, Becciu se tornou núncio em Cuba. No entanto, foi em 2011 que entrou na secretaria de estado como subsecretário substituto. Esse cargo foi mantido por Francisco, que o nomeou cardeal em 2018 e prefeito da Congregação para as Causas dos Santos no ano seguinte.
Italiano foi condenado por corrupção e teve direitos retirados por papa Francisco
Angelo Becciu ficou marcado por um escândalo de corrupção na Secretaria de Estado em Londres.
Investigações apontaram que o cardeal usou o fundo de doações de fiéis para o Óbolo de São Pedro, órgão de caridade da Igreja Católica, para a compra de um prédio de luxo em Londres.
Em 2020, durante as investigações, o papa Francisco aceitou sua renúncia aos direitos cardinais, mas manteve o título de cardeal de Becciu.
Tribunal Penal do Vaticano condenou o cardeal a cinco anos e meio de prisão em primeira instância, em dezembro de 2023, por fraude. A condenação fez com que ele se tornasse o funcionário de mais alto escalão da Igreja Católica a comparecer no tribunal do Vaticano, a Justiça civil da Cidade-Estado.
Angelo Becciu nega as irregularidades e recorreu da sentença. Ele responde ao processo em liberdade.
Angelo Becciu vai à Roma para conclave mesmo após sanção de Francisco
Angelo Becciu afirmou que participará do conclave mesmo após o Vaticano classificá-lo como um dos cardeais não eleitores.
“O papa reconheceu intactas as minhas prerrogativas cardinalícias, uma vez que não houve uma vontade explícita de me excluir do conclave nem o pedido explícito da minha renúncia por escrito. A lista publicada pela assessoria de imprensa não tem valor jurídico”, rebateu Becciu ao jornal L’Unione Sarda.
Angelo Becciu é ex “número 2” da Secretaria de Estado do Vaticano e era próximo do papa Francisco – Foto: Vatican News/Reprodução/ND
O cardeal condenado por corrupção lembrou que era próximo ao papa Francisco.
“A morte, por mais repentina que seja, não pode apagar sete anos de colaboração estreitíssima, de partilha das mais altas decisões eclesiais e pastorais da igreja universal, de amizade e de costumes consolidados”, disse.
Segundo o italiano, a notícia da morte de Francisco foi recebida por ele com choque.
“Agora o papa está na luz do ressuscitado [Jesus Cristo], tendo falecido precisamente durante os dias da Páscoa, e esta certeza conforta-me: agora Francisco vê a verdade dos fatos, sem dúvidas e sem sombras”.