Caso Brigadeirão: defesa de Júlia Cathermol convoca coletiva


Julia Andrade Cathermol Pimenta é acusada de matar Luiz Marcelo Antônio Ormand com o doce envenenado em maio deste ano. O crime teria sido em conjunto com Suyany Breschak. Defesa de Julia Andrade Cathermol em coletiva de imprensa
Rafael Nascimento/g1 Rio
A defesa da psicóloga Júlia Andrade Cathermol, 29 anos, presa por suspeita de matar o empresário Luiz Marcelo Ormond, em maio deste ano com um brigadeirão envenenado, disse manhã desta sexta-feira (25) que a Justiça do RJ determinou a exumação do corpo de Ormond. Segundo os advogados de Cathermol, o objetivo é mostrar que ele não foi envenenado.
A defesa tem sustentado que o empresário usava vários remédios, inclusive tadalafila — um medicamento que trata a disfunção erétil.
Em julho, a Justiça do Rio aceitou a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ) e tornou rés Júlia Andrade Cathermol Pimenta e Suyany Breschak.
Caso brigadeirão envenenado: Julia Cathermol e Suyane Breschak viram rés por morte de empresário
O corpo de Luiz Marcelo foi encontrado em avançado estágio de decomposição dentro do seu apartamento no Engenho Novo, na Zona Norte.
“Os depoimentos colhidos na fase de inquérito policial evidenciam que as denunciadas estavam unidas no intuito de eliminar a vida da vítima, tendo por fim usufruir de seus bens, praticando atos dissimulados ao longo do tempo que antecedeu ao crime, agindo com atuação calculada e fria, a revelar a periculosidade acima do padrão normal da vida urbana, tornando a custódia necessária para a garantia da ordem pública que se demonstrou abalada com a prática do crime”, destacou a juíza Lúcia Mothe Glioche, titular da 4ª Vara Criminal, em sua decisão.
Ormond e Júlia descem de elevador com o brigadeirão
Reprodução/TV Globo
Júlia, que era namorada do empresário, e Suyany, a cigana que foi considerada mentora do assassinato, viraram rés por homicídio, falsidade ideológica e associação criminosa.
Atualmente, Júlia está presa no Instituto Penal Oscar Stevenson, em Benfica, na Zona Norte. Já Suyany está no Presídio Djanira Dolores de Oliveira, no Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste.
Júlia Andrade Cathermol Pimenta
Reprodução
Laudo aponta morfina
Segundo o laudo do Instituto Médico-Legal (IML), os peritos afirmam terem encontrado morfina no corpo de Ormond.
A morfina é o princípio ativo do remédio tarja-preta, indicado para o alívio de dores intensas, que Júlia comprou — com a retenção da receita.
O documento do IML diz que foi analisado “conteúdo estomacal” do corpo de Ormond e que “foram detectadas na amostra as seguintes substâncias”:
Clonazepam;
7-Aminoclonazepam;
Cafeína
Morfina
O Clonazepam é um ansiolítico para o tratamento de distúrbios epilépticos e de pânico ou depressão.
Já o 7-Aminoclonazepam é um metabólito, o resíduo que fica depois que o organismo aproveita a parte útil do medicamento.
O exame não especifica a quantidade dessas substâncias nem afirma se a presença delas causou a morte do empresário — apenas informa o que foi encontrado no trato estomacal.
Suyany Breschak
Reprodução
Seis indiciados
A Polícia Civil do Rio concluiu a investigação e indiciou seis pessoas pelo crime. Além de Julia e Suyany, foram indiciados:
Leandro Jean Rodrigues Cantanhede, por receptação, venda de armas, associação criminosa e fraude processual;
Victor Ernesto de Souza Chaffin, por receptação criminosa, venda de armas, associação criminosa e fraude processual;
Geovani Tavares Gonçalves, pela compra das armas de Ormond;
Michael Graça Soares, pela compra das armas de Ormond.
Relembre o caso
Polícia indicia 6 no caso da morte de empresário envenenado com brigadeirão no Rio
O caso veio à tona em 20 de maio, quando o corpo de Luiz Marcelo Ormond foi encontrado em avançado estágio de decomposição dentro de casa, em um condomínio no Engenho Novo. A suspeita é que o empresário tenha morrido no 17 de maio, após comer o brigadeirão oferecido por Júlia.
A necrópsia encontrou um líquido achocolatado no estômago de Ormond, e uma perícia mais detalhada apontou a presença de morfina e do ansiolítico clonazepam no trato gástrico do homem.
A polícia considera que a alta dosagem das drogas matou Ormond em menos de meia hora, a julgar pelas câmeras do elevador do prédio dele. O empresário aparece descendo para a piscina às 17h04 com o prato de brigadeirão na mão e, às 17h47, sobe ao apartamento tossindo muito e desatento.
Júlia foi ouvida na 25ª DP (Engenho Novo) no dia 22 de maio, na condição de envolvida. Nesse depoimento, ela disse ter largado o carro de Ormond na Maré a pedido dele (o que a polícia afirma ser mentira) e ido embora do apartamento no dia 20, após brigar com o namorado. Em hora alguma ela falou que Ormond tinha passado mal.
Foi durante o depoimento do dia 22, que Julia sorriu várias vezes ao falar de Ormond. Para o delegado Marcos Buss, da 25ª DP, ela demonstrou “extrema frieza”.
Após depor, Júlia foi para a casa do (outro) namorado, Jean Cavalcante de Azevedo, em Campo Grande, na Zona Oeste. À polícia, Jean disse que hospedou a mulher até o dia 27.
Nesse dia, segundo alegaram os pais de Júlia, ela voltou para casa, também em Campo Grande, onde os recebeu. Preocupados com o estado da filha — que dizia ter feito “uma besteira”, sem no entanto detalhá-la —, Carla e Marino a levaram até Maricá, onde moram.
Suyany foi presa antes de Júlia, enquanto a psicóloga continuou foragida por alguns dias – até que se rendeu depois de uma negociação com a polícia.
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