Deputado estadual de SP mais votado em 2022, Suplicy já tinha sido diagnosticado com a doença de Parkinson no mesmo ano e passou a tratar a doença com derivados de cannabis sativa, planta popularmente conhecida como maconha. O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT), parlamentar mais votado da Alesp em 2022.
Paulo Pinto/Fotos Públicas
O deputado Eduardo Suplicy (PT), parlamentar mais votado da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) no último pleito estadual de 2022, anunciou nesta segunda-feira (28) que está com câncer linfático e iniciará tratamento na capital paulista.
Em comunicado publicado nas redes sociais, o petista afirmou que recebeu o diagnóstico da doença em julho e que já está fazendo um tratamento imunoquimioterápico para a doença. Já recebeu 4 das 6 aplicações do ciclo de tratamento, e vem apresentando bons resultados.
✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp
Segundo o próprio Suplicy, o linfoma não Hodgkin do qual ele foi diagnosticado está sendo tratado pelo hematologista Dr. Celso Arrais, coordenador da hematologia do Hospital Nove de Julho.
O petista anunciou que, apesar da doença, continua com as atividades parlamentares na Alesp, além de frequentar as aulas de ginástica que o fazem ter disposição de participar intensamente da vida pública da cidade nas últimas décadas.
“Felizmente meus exames já apresentam bons resultados. Por recomendação médica, estou com atividades públicas restritas por causa da minha baixa imunidade. Agradeço o apoio, as orações e as energias positivas para que eu possa me recuperar o mais breve possível”, escreveu nas redes sociais.
“A minha luta só termina quando eu vir implantada no Brasil e no mundo a Renda Básica de Cidadania. Felicidades a todas e todos!”, completou.
Doença de Parkinson
Em 2022, Suplicy já tinha sido diagnosticado com a doença de Parkinson e passou a tratar a doença com derivados de cannabis sativa, planta popularmente conhecida como maconha.
Numa audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, o deputado defendeu o tratamento gratuito com cannabis pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e disse que levava uma vida normal por conta da medicação natural oriunda da cannabis.
Deputado estadual de SP Eduardo Suplicy (PT)
Will Shutter/Câmara dos Deputados
“Eu venho lhes dizer que, no final do ano passado, fui diagnosticado com doença de Parkinson leve. Tinha um pouco de tremor nas mãos, uma dor muscular na perna esquerda e quero contar que, além da medicação convencional que tomei, eu estou me tratando agora com a cannabis medicinal desde fevereiro deste ano”, afirmou na época.
Embora tenha tratamento, o Parkinson é uma doença que não tem cura. Um dos aspectos principais é a distonia (contração muscular). Segundo especialistas, as principais causas podem ser desconhecidas, genéticas ou relacionadas a acidentes e condições externas.
Suplicy disse, ainda, que, vinha se sentido “muito bem” após início do tratamento com a cannabis.
“Continuo muito ativo, faço minha ginástica três vezes por semana das 7h15 às 8h15. […] Quero ressaltar que a cannabis não é que sara. Mas ela traz uma qualidade de vida melhor para todas”, acrescentou.
O parlamentar revelou participar de um estudo de caso conduzido pelo professor Francisney Nascimento, adjunto de Farmacologia Clínica na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), para avaliar o uso das substâncias derivadas da cannabis em tratamentos.
Regulamentação
Eduardo Suplicy ainda defendeu, durante o depoimento na audiência, o avanço em leis para possibilitar a produção nacional e facilitar a comercialização da planta.
“O acesso à cannabis é um direito humano. É fundamental que rapidamente se aprove a lei”, disse.
O uso medicinal da cannabis está previsto em resoluções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As normas permitem a importação e o registro de medicamentos com base em substâncias derivadas da planta.
A obtenção dos medicamentos também é possível pelas associações canábicas autorizadas judicialmente. O cultivo doméstico, no entanto, ainda depende de decisões na Justiça.
Ministro do STJ autoriza que homem plante cannabis para tratar ansiedade
Na última semana, a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu um salvo-conduto para cultivo doméstico da cannabis sativa com finalidade medicinal. A decisão é uma espécie de licença que impede a prisão de pessoas nessa situação.
Mesmo com os avanços dos últimos anos, a cannabis medicinal segue como um tratamento considerado caro. O custo elevado também leva à judicialização, em uma tentativa de obrigar o Estado a arcar com o fornecimento dos medicamentos.
Proposta travada na Câmara
A Câmara chegou a aprovar, em 2021, um projeto que liberava o cultivo, por empresas, da cannabis para fins medicinais e industriais. O texto passou por votação em uma comissão da Casa e deveria seguir diretamente para o Senado.
No entanto, o envio da proposta aos senadores não ocorreu. Deputados aliados ao então presidente Jair Bolsonaro (PL), que havia declarado intenção de vetar o texto, apresentaram recurso para levar a discussão ao plenário principal da Casa. Desde então, a análise está travada.
À época presidente do colegiado, o agora ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, defendeu, em sua participação na audiência, a apreciação do recurso em plenário.
“Não é um tema de um segmento político da sociedade brasileira, é um tema da ciência. E o mundo inteiro já avançou na pesquisa sobre o uso medicinal da cannabis e nós não podemos ficar para trás por aspectos valorativos apenas, morais, sabendo que nós estamos impedindo uma parcela da sociedade brasileira ter acesso de medicamentos à base da cannabis”, afirmou.
A expectativa é que, ao término da audiência desta terça, os presentes encaminhem ofício ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para cobrar a análise do texto.