
Pesquisa foi realizada pela Escola de Educação Física e Esporte da universidade em Ribeirão Preto. Exercício pode auxiliar nos controles de hipertensão e diabetes e no ganho de massa muscular. USP de Ribeirão Preto mostra que descer escada promove perda de peso e fortalece músculos
Ao contrário do que a maioria pensa, um estudo realizado na Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto (SP) apontou que descer escadas traz mais benefícios à saúde do que subir.
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A pesquisa realizada em parceria com as universidades de Taiwan e da Austrália considerou a atividade realizada de duas a três vezes na semana, por 20 minutos, segundo o professor e pesquisador Leonardo Coelho Rabello de Lima.
“Apesar do gasto calórico ser menor ao descer escada em relação ao subir, os benefícios são maiores, como ganho de força, ganho de massa muscular, ganho da densidade do osso. O osso fica mais fortalecido e até controle de hipertensão, de diabetes, foram maiores quando compararam o mesmo tanto de subida e de descida.”
Descer escada é considerado um exercício excêntrico, ou seja, quando exige apenas o controle do peso e não um movimento para cima. É o mesmo que acontece no ato de sentar em uma cadeira.
Como descer exige menos do corpo, o exercício é indicado principalmente para pessoas com doenças crônicas ou que sentem desconforto com exercícios físicos intensos. No entanto, o médico ortopedista, Rian Vieira, comenta que é preciso uma avaliação caso a caso.
“Esse estudo é interessantíssimo porque ele mostra que descer escada é mais benéfico do que a gente intuitivamente imaginava, é um exercício excêntrico, de moderada intensidade e que de fato pode ser indicado para pacientes idosos, pacientes obesos, pacientes com limitações cardiovasculares, cardiorrespiratórias, porém a gente precisa levar em conta situações como instabilidade articular, lesões ligamentares, lesões meniscais e artroses severas.”
Estudo da USP em Ribeirão Preto indica que descer escada pode ser mais benéfico do que subir
Reprodução/EPTV
Benefícios e facilidade
Apesar de ser um exercício que exige menos de órgãos como o coração e o pulmão, as fibras musculares utilizadas são as mais fortes. Ou seja, apesar do cansaço ser menor, de acordo com o estudo, a contração muscular é mais forte e por isso existem tantos benefícios.
“Tem estudo mostrando que pessoas com falência cardíaca respondem muito bem à descida de escada, enquanto a subida, às vezes, sobrecarrega demais o coração dessas pessoas. Ainda não tem estudo com isso, mas também uma população que pode se beneficiar é quem tem doença pulmonar obstrutiva crônica, que não pode ficar muito ofegante.”
Estudo da USP em Ribeirão Preto indica que descer escada pode ser mais benéfico do que subir
Reprodução/EPTV
Além dos benefícios demonstrados com a pesquisa, descer a escada é considerado um exercício simples e de baixo custo.
O estudo levou em conta a descida de seis a dez andares, em média, e a descida por um elevador. O professor explica como isso pode ser aplicado no dia a dia das pessoas.
“Se você tem um elevador de acessibilidade à disposição, o gasto é mínimo, é subir por ele e descer pela escada. Existe também a alternativa, se tiver disponibilidade de escada rolante, a escada está subindo e a pessoa desce, igual criança faz em shopping.”
O próximo passo da pesquisa é descobrir de que maneira a descida da escada pode ajudar em casos de osteoporose. Um estudo com mulheres que estão entrando na menopausa, fase em que a osteoporose começa a aparecer, está em andamento na Escola de Educação Física e Esporte.
Atividade individualizada
Apesar do avanço com a pesquisa e da possibilidade de idosos ou pessoas com problemas cardíacos e cardiorrespiratórios se beneficiarem, outros fatores precisam ser levados em conta. O ortopedista Rian Vieira lembra que é preciso cuidado na prescrição do exercício.
“Não existe essa atividade física fantástica e indicada para todos nós. Eu penso que um paciente com labirintite não deveria descer escada, um paciente com uma instabilidade ligamentar severa não deveria descer a escada, obviamente a gente precisa individualizar caso a caso e, sob supervisão, muita coisa é possível.”
Estudo da USP em Ribeirão Preto indica que descer escada pode ser mais benéfico do que subir
Reprodução/EPTV
O médico acredita que descer a escada pode ser um ponta pé inicial para sair do sedentarismo. Fatores como o baixo custo e ser de intensidade moderada ajudam na popularização do exercício, além de auxiliar na saúde da articulação.
“Descer a escada não vai aumentar o desgaste da sua articulação, havia no passado uma indicação de profissionais mais velhos de que atividades de baixo impacto aumentariam a degeneração articular. Hoje a gente tem claro que atividades de baixo impacto são inclusive benéficas”, diz Rian.
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