Projeto ‘Stereocidade’ lança disco coletivo com novos artistas da periferia da Amazônia urbana

Show será neste sábado, 25, na Usipaz Terra Firme. Entrada franca O disco “Stereocidade” será lançado em grande show neste sábado (25), na Usipaz Terra Firme, em Belém. O evento mostra ao público o projeto que selecionou novos talentos da periferia da capital e reuniu seus diversos estilos, no álbum que teve a curadoria de Ruy Montalvão e produção de Léo Chermont, dois criadores musicais de destaque da música contemporânea da Amazônia.
A chamada aberta, ocorrida no final de setembro, recebeu a inscrição de dezenas de novos músicos. Deles, sete compõem o disco, que foi gravado e remasterizado em apenas 80 dias de uma verdadeira maratona de criação.
“Não foi uma tarefa fácil. Um disco de um artista só com um prazo de 80 dias já é algo muito intenso. Agora imagina um disco com sete artistas diferentes, com peculiaridades diferentes, histórias diferentes. Tivemos que buscar formas de criar um diálogo entre as faixas e o resultado é uma vitrine muito diversa e importante da nova música feita nas quebradas da Amazônia”, diz Ruy Montalvão.
O elenco traz Beni Oliver (Terra Firme), Jarede Almeida (Marituba), Margoal (Guamá), Nixon Jr (Benguí), Rafaela Travassos (Icuí-Guajará), Ruth Clark (Cabanagem) e Vinícius Leite (Condor). A sonoridade traz canções em samba, boi-bumbá, carimbó, cumbia, rap, música popular brasileira, música experimental e eletrônica. O trabalho estará disponível nas plataformas digitais no dia 30 de novembro.
Sob curadoria de Ruy Montalvão – artista e produtor que nos anos 2000 lançou holofotes sobre a obra de mestres como Laurentino e Dona Onete, os alçando a palcos no Brasil e no mundo – o disco coletivo mostra a potência criativa da nova música nascida nas quebradas da Amazônia.
“Acredito que vem hit por aí! O Stereocidade é um projeto que alcançou seu propósito: o diálogo entre esses territórios periféricos que têm artistas com uma qualidade enorme. A periferia é um celeiro musical perene. Nesse álbum, eles têm um registro sonoro com uma qualidade ímpar”, diz Ruy.
O álbum foi gravado no Estúdio Floresta Sonora, com produção de Léo Chermont, um dos maiores instrumentistas do Pará, dedicado a viajar pelos lugares mais remotos do Brasil em pesquisa e gravação dos mestres de cultura popular. Experiente produtor musical, Léo atuou em projetos de artistas como Metaleiras da Amazônia; Nazaré Pereira; Mestre Damasceno; Chico Malta; Camila Honda; Sammliz; Inezita; Natália Matos; e Reiner. Idealizador do projeto Strobo e da banda Os Amantes, passou quatro anos tocando com a cantora Marina Lima.
“O processo de seleção foi muito difícil. Infelizmente muita gente boa ficou de fora. Mas isso ao mesmo tempo serve de combustível para a gente continuar esse projeto de mapear mais artistas. A ideia é ampliar para todos os bairros periféricos da região metropolitana e também para o interior do estado. A gente pensa em transformar também em um projeto audiovisual”, diz Ruy.
O “Stereocidade”, contemplado no Prêmio Fundação Cultural do Pará de Incentivo à Arte e à Cultura, propõe a produção de um disco digital com faixas inéditas, criado, gravado e divulgado com a participação direta de músicos residentes em bairros da periferia de Belém.
Conheça os artistas
Beni Oliver é criador do Movimento Caixa Preta, que há 13 anos é resistência periférica por meio do hip hop. Com composições em defesa da classe trabalhadora, Beni já se apresentou em festivais pelo Brasil.
Jarede Almeida é músico e produtor. Atuou no grupo Coletivo Rádio Cipó por quase dez anos, integrando o time do CD “Formigando na calçada do Brasil”, que trouxe Dona Onete e Mestre Laurentino. Com o disco, a banda circulou pelo Brasil e pela Europa. Em 2013, grava seu primeiro disco solo, com canções inspiradas no sentimento paterno, intitulado “canções de pai para filha”.
Artista deficiente visual, Margoal tem a vida dedicada à cultura popular. Ao lado do esposo, Marcelino Galvão, criou o Boi Juruguá, e compõem toadas de boi. Carimbozeiro e percussionista, Nixon Junior é um dos fundadores do grupo cultural Canto do Aracuã, criado em 2017. Rafaela Travassos tem uma década de carreira como sambista, e já se apresentou em shows de grandes artistas do gênero, como Fundo de Quintal, Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho.
Ruth Clark MC é rapper, ativista e compositora. Selecionada nos Festivais Elas No Comando, SeRasgum e Rio Oricuri, suas rimas exaltam o poder ao povo preto e sua vivência de mulher nortista. Vinícius Leite é músico e compositor. O blues é sua grande paixão. Estudou no Curro Velho com Nego Nelson, grande nome da música paraense e um dos maiores violonistas do Brasil. Tem parcerias com artistas como Joelma Kláudia, Messias Lyra, Dand M e Tonny Lisboa.
Serviço
Lançamento do disco “Stereocidade”, neste sábado, 25, às 19h, na Usipaz Terra Firme, em Belém. Entrada franca.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.