Família vive em São Félix do Xingu, no Pará, e diz que último contato com Salatiel Alves da Silva foi há 15 dias. Família diz que paraense está desaparecido em área de garimpo na TI Yanomami, em RR.
Reprodução / Arquivo Pessoal
Uma família de São Félix do Xingu, no sudeste do Pará, está em busca do paraense Salatiel Alves da Silva. Segundo a família, ele atuava como garimpeiro dentro da Terra Indígena Yanomami e estaria morto dentro da reserva indígena.
Aos 74 anos de idade, Francisca Alves da Silva, mãe do garimpeiro, pede que autoridades confirmem se o filho está mesmo morto dentro da TI.
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“Tive a notícia que mataram o meu filho no garimpo e nós não temos como buscar ele, nos disseram que é um lugar difícil e nem sabemos como eles entram lá. Estou muito angustiada atrás de uma solução”, ela diz.
Familiares de Salatiel Alves afirmam que a última notícia que tiveram dele foi no último dia 5 de maio, quando conseguiram contato por telefone.
Dois dias antes, no dia 3, oito corpos de mortos dentro da TI chegaram ao Instituto Médico Legal (IML) em Boa Vista, mas segundo o governo de Roraima, nenhum dos corpos foi identificado como sendo o de Salatiel.
Já no dia 6, garimpeiros da região informaram por mensagens aos parentes que o corpo do garimpeiro teria sido sido avistado em uma gruta, próximo à área de um garimpo ilegal.
“Desde essa derradeira vez que falamos com ele não temos notícia certa, seja ela qual for. Só quero dar fim a essa agonia de ficar sem saber o que aconteceu, já fazem 15 dias”.
Irmã de Salatiel, Madalena Alves afirma que a família recebeu, no dia 6, vídeo mostrando um corpo que seria do garimpeiro. Eles afirmam tê-lo reconhecido.
“O corpo já estava em avançado estado de decomposição e a gente queria só uma providência para podermos enterrá-lo com dignidade”.
Um boletim de ocorrência foi registrado pelos familiares no dia 11 de maio, junto à Polícia Civil de Roraima apontando o desaparecimento.
A corporação, no entanto, informou que o IML não havia recebido até a sexta-feira (19) corpo identificado pelo nome de Salatiel Alves da Silva para emissão de laudo cadavérico.
Já o governo de RR disse que “não tem participação na operação de remoção de corpos em território indígena, atribuição essa coordenada e executada por órgãos federais” e orientou que a “a família da vítima deve procurar órgãos federais responsáveis pela operação de remoção de corpos em território indígena”.
A Polícia Federal em Roraima, responsável pela retirada de corpos encontrados dentro da TI, informou, por meio de assessoria, que “não divulga nomes ou outras informações pessoais de eventuais envolvidos nas atividades da corporação”.
Corpos encontrados na TI
Corpos de oito garimpeiros foram encontrados por agentes da Polícia Federal no dia 1º de maio em Uxiu, na Terra Indígena Yanomami. Os cadáveres estavam na mesma região em que um agente de saúde indígena foi assassinado a tiros e outros dois Yanomami ficaram feridos.
Os corpos foram encontrados durante um sobrevoo, dentro de uma cratera e tinham marcas de tiros. Uma flecha foi encontrada no local. De Boa Vista, capital de Roraima, até a região são cerca de 1 hora de voo.
Equipe do Corpos de Bombeiros auxiliou na remoção dos cadáveres
Arquivo Pessoal
Uxiu fica na região do rio Alto Mucajaí, uma das rotas usadas por garimpeiros ilegais no território Yanomami. No dia 29 de abril, garimpeiros armados atiraram em três Yanomami – um deles era agente de saúde e morreu baleado na cabeça. Os outros dois passaram por cirurgia e foram internados no Hospital Geral de Roraima (HGR), na capital.
Os corpos dos garimpeiros foram encontrados numa área de exploração ilegal do minério próximo à comunidade. A suspeita da PF é que as mortes tenham relação com o ataque aos indígenas da comunidade Uxiu.
A Associação Hutukara Yanomami já havia alertado para o risco de um revide na região após o ataque dos garimpeiros aos indígenas. Em um comunicado, assinado com Texoli Associação Ninam estado, as duas organizações disseram que poderia ocorrer “a qualquer momento mais uma tragédia naquela região”
“As lideranças indígenas da comunidade Uxiu informaram que se organizaram e estão preparados para atacar qualquer barco de garimpeiros que passarem próximos às comunidades às margens do Rio Mucajaí, isso significa que pode ocorrer a qualquer momento mais uma tragédia naquela região”.
Com mais estes oito corpos, chegou a 13 o número de mortos na Terra Yanomami desde o último sábado: o indígena Ilson Xiriana, de 36 anos, que atuava como agente de saúde em Uxiu, além de outros quatro garimpeiros que morreram em confronto com a Polícia Rodoviária Federal e o Ibama – um desses mortos era o chefe de facção identificado como Sandro Moraes de Carvalho, que comandava facção que domina garimpos no território.
Mapa mostra regiões de conflito na Terra Yanomami nas regiões de Uxiu e Waikás
arte g1
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Paraense desaparece em área de garimpo na TI Yanomami, em RR; família suspeita que ele foi morto
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