Dia da Doula: profissionais que oferecem apoio emocional a gestantes pedem regulamentação de lei

Algumas cidades, como Belém, oferecem curso de formação de doula, profissional que oferece suporte emocional durante o período de gravidez, parto e pós-parto, para atuação no Sistema Único de Saúde. Doula Ítala Patrícia realizando massagem com rebozo em gestante
Arquivo Pessoal
O Dia da Doula é celebrado no próximo dia 18 de dezembro no Brasil. A regulamentação da profissão tramita no Senado Federal através do Projeto de Lei 3.946/2021. Algumas cidades já regulamentaram a atividade para que mulheres que assistenciam gestantes tenham passe livre nos hospitais. Belém, no Pará, foi a primeira capital a formar doulas para o Sistema Único de Saúde (SUS) na Região Norte.
O curso “A Arte de Doular” iniciou em 2022 e foi reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC). No último dia 13, servidoras municipais que participaram da primeira turma receberam o certificado validado.
“O curso foi de uma qualidade excelente. Com bastante prática, uma verdadeira qualificação para as servidoras que já estão inseridas no SUS, mas que não tinham esse tipo de capacitação. Um incentivo para nós que estamos na ponta no atendimento a essas mulheres”, disse a terapeuta Stéfannie Benassule, terapeuta ocupacional e atualmente na gerência da Unidade de Saúde da Família (USF) da Terra Firme, em Belém.
De acordo com a Prefeitura da capital paraense, além de unidades na cidade, há servidoras capacitadas em unidades de distritos e da Ilha do Combú.
Na cidade, a certificação surgiu a partir de uma parceria entre a Prefeitura de Belém, por meio da Coordenadoria da Mulher (Combel) e Secretaria de Saúde (Sesma), e Coletivo MãeDalas.
Uma das articuladoras do curso, Lívia Noronha, coordenadora da Combel e que, no momento, esta de licença maternidade, afirma que a presença das doulas é de importante às grávidas ao longo de todo o período de sua gestação.
“No Brasil, as doulas são fundamentais no combate, por exemplo, à violência obstétrica. Por isso, a mobilização do parto humanizado, para estimular o protagonismo da gestante e evitar a violência obstétrica”.
Doulas fazem apoio emocional e contribuem para a diminuição de violência obstétrica
Doula Raissa Reis doulando em parto normal
Gaysianne Aquino
A palavra vem do grego e significa “mulher que serve a outra mulher”. A atividade de doular uma gestante oferece apoio psicológico, conforto e suporte emocional durante o período de gravidez, parto e pós-parto.
De acordo com a Associação das Doulas do Pará, a presença de uma doula ainda diminui a incidência de casos de violência obstétrica e realização de cesáreas mal indicadas.
“Há dados que mostram que a presença de doulas ajuda a diminuir em 50% os índices de cesáreas, em 25% a duração do trabalho de parto e em até 60% os pedidos de analgesia peridural”.
Doula Marluce Araújo atuando no momento do parto
Arquivo Pessoal
Contudo, a doula não deve executar procedimentos médicos ou clínicos.
“A Doula não faz qualquer procedimento médico ou clínico. Não é função da doula, por exemplo, discutir procedimentos com a equipe médica ou questionar decisões. A doula também não substitui qualquer um dos profissionais tradicionalmente envolvidos na assistência ao parto. A gravidez é um processo ao qual necessita de um acompanhamento emocional e humanizado, e é o papel que a Doula em essência realiza”.
Doula atuando no pós parto e Educação Perinatal
Arquivo Pessoal
As doulas não precisam ter formação na área da saúde. Elas desempenham a função de oferecer conforto, encorajamento, tranquilidade, suporte emocional, físico e informativo durante o período de intensas transformações pelo qual a pessoa que gesta e seus familiares.
Segundo a instrutora e representante do Coletivo MãeDala, Marluce Araújo, “na formação, além de Doulas, formamos educadoras perinatais. Elas foram qualificadas para um trabalho multidisciplinar, que percorre as áreas da educação e saúde”.
Roda de conversa, arte e dança
Roda de conversa, pintura gestacional e dança estão entre as atividades para marcar o Dia da Doula, em Belém
Divulgação
Neste domingo (17), doulas farão uma roda de conversa sobre a profissionalização da atividade na Praça da República, em Belém, a partir das 9h. A profissão tramita no Senado Federal através do Projeto de Lei 3.946/2021.
No local serão realizadas outras atividades que integram o trabalho de doula, como arte gestacional e danças circulares, além de varal de fotos e bazar com produtos da Associação das Doulas do Pará.
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