
Alexei Danichev
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou, neste sábado (19), um cessar-fogo na Ucrânia por ocasião da Páscoa, até a meia-noite de domingo, e afirmou que espera que Kiev também respeite a trégua.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, reagiu com ceticismo à trégua declarada por Putin e disse que é uma “nova tentativa de brincar com vidas humanas”.
Zelensky não expressou uma posição clara sobre o cessar-fogo e afirmou que “drones de ataque russos” foram detectados no céu da Ucrânia.
A declaração russa de cessar-fogo ocorre em meio às pressões do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre Moscou e Kiev para conseguir uma trégua.
Desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022, as tentativas de estabelecer uma trégua em datas importantes do calendário cristão, como a Páscoa de 2022 e o Natal ortodoxo de 2023, fracassaram por falta de acordo.
“Hoje, das 18h00 (12h00 de Brasília) até a meia-noite de domingo (18h00 de Brasília), a parte russa declara uma trégua de Páscoa”, declarou Putin durante uma reunião com o comandante do Estado-Maior russo, Valeri Guerasimov.
A Páscoa, uma data muito importante para os cristãos, é celebrada no domingo (20) e este ano a data coincide no calendário dos católicos romanos e dos ortodoxos.
“Ordeno que todas as ações militares sejam suspensas durante este período”, declarou Putin, antes de destacar que a trégua tem caráter “humanitário”.
“Partimos da premissa de que a parte ucraniana seguirá nosso exemplo, mas nossas tropas devem estar preparadas para resistir a possíveis violações da trégua e provocações por parte do inimigo, assim como ações agressivas”, afirmou Putin.
A Rússia declarou na sexta-feira o fim de uma moratória dos bombardeios contra instalações de energia na Ucrânia, após uma troca de acusações das duas partes sobre a violação do acordo.
Putin afirmou que Guerasimov o informou que a Ucrânia descumpriu “mais de 100 vezes” o compromisso de não atacar infraestruturas de energia.
Durante a reunião, exibida pela televisão, o comandante do Estado-Maior russo afirmou que as tropas de Moscou recuperaram 99% do território da região russa de Kursk, onde a Ucrânia executou uma ofensiva surpresa em meados de 2024 e chegou a ocupar amplas faixas territoriais.
“A maior parte do território da região onde ocorreu a invasão já foi liberada. São 1.260 quilômetros quadrados, ou seja, 99,5% do território da região”, declarou Guerasimov.
O presidente americano, Donald Trump, prometeu durante a campanha eleitoral que acabaria com o conflito em 24 horas, mas desde seu retorno ao poder, as negociações não registraram avanços.
Na sexta-feira, Trump ameaçou abandonar as negociações se não observar avanços.