
Adrielly Silva teve reação adversa aos produtos químicos usados no processo de alisamento do cabelo. Adrielly Silva ficou sete dias na UTI e precisou de hemodiálise após alisar o cabelo
TV Verdes Mares
O que era para ser um procedimento simples acabou na UTI. A consultora comercial Adrielly Silva, de 32 anos, ficou sete dias internada em estado grave e precisou passar por três sessões de hemodiálise após ter uma reação adversa aos produtos químicos usados no processo de alisamento do cabelo, em um salão de beleza em Fortaleza. Ela teve alta na última segunda-feira (21).
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O problema começou no dia 9 de abril, pouco antes de uma viagem a trabalho. “Eu passei 8 anos sem alisar o cabelo. Por eu tá trabalhando viajando, pra facilitar meu dia a dia com o cabelo, resolvi alisar novamente. Uma amiga me indicou o salão e eu fui”, relembra.
Já durante o procedimento, conhecido como escova progressiva, ela começou a sentir mal. Primeiro, sentiu uma queimação no couro cabeludo. Depois, no momento de pranchar o cabelo, começou a ter náuseas e chegou a vomitar. Naquele momento, ela acreditou que a indisposição fosse em decorrência da marmita que ela havia almoçado.
Ainda no salão, ela passou a sentir dores nas costas, e em casa tomou um anti-inflamatório – o que, sem saber, viria a piorar sua situação. “Nunca imaginei que seriam meus rins parando. Eu imaginei que seria minha coluna por ter passado muito tempo sentada”, contou Adrielly.
Mesmo com as dores, ela viajou a trabalho no dia 10 de abril, para São Paulo. No dia 13, com a dor nas costas aumentando, a empresa adiantou seu retorno a Fortaleza. Do aeroporto, ela foi direto ao hospital, e lá descobriu que estava com insuficiência renal grave.
Mulher vai parar na UTI depois de Alisamento de cabelo
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A causa do problema foi descoberta pelo nefrologista que atendeu Adrielly. “Ele começou a me examinar clinicamente e viu meu cabelo descascando. Ele perguntou ‘você fez progressiva?’, eu disse ‘fiz’, ele disse ‘quando?’, eu disse ‘quarta-feira’, e ele chegou a essa conclusão que foi pela escova progressiva”, relembra a consultora.
Após o diagnóstico, Adrielly ficou 7 dias internada, a maior parte do tempo na UTI, e foi submetida a três sessões de hemodiálise. Ela teve alta na segunda-feira (21) e vai precisar fazer acompanhamento médico para saber se os rins voltaram à normalidade. “Foi um susto grande”, comenta.
Substância química causou insuficiência renal
A TV Verdes Mares teve acesso ao boletim médico, que relata como possível causa intoxicação por ácido glioxílico. A substância é utilizada em alguns procedimentos capilares e se tornou popular após a proibição do formol pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Acontece que o uso do ácido glioxílico não é regulamentado pela agência, e a substância pode gerar efeitos adversos, como o que aconteceu a Adrielly.
“Nós temos a impressão de que, por ele [o ácido glioxílico] não ter formol, por ser um alisante sem formol, é seguro. O que não é verdade. Pode gerar essas complicações no trato urinário, levando até a insuficiência renal com necessidade de fazer hemodiálise”, explica o urologista Bruno Castelo.
“Não é uma alergia, não é que o corpo teve uma reação específica a esse produto. Você tem na realidade um efeito adverso. Como teve uma lesão no couro cabeludo [da Adrielly], ele [o produto] foi absorvido e gerou essas consequências. Qualquer pessoa pode ter”, aponta o médico.
A dermatologista Érika Belizário explica que, embora seja apontado como uma alternativa ao formol, o glioxílico pode liberar compostos químicos semelhantes a formol se exposto a altas temperaturas – como as encontradas durante o processo de alisamento, que utiliza pranchas e secadoras.
A médica dá algumas dicas de como se prevenir:
“Existem alguns alertas para na hora do procedimento e após, para evitar esse tipo de situação: queimação mais intensa no couro cabeludo, ardor nos olhos, odor nasal, se você sentir isso, realmente o ideal é pedir para retirar o produto. Em casos mais graves como esse [da Adrielly], de sentir náusea, vômitos e dor abdominal, já procurar pronto atendimento”, indica.
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