
Luis ROBAYO
Washington “ainda não” está em diálogo com Pequim sobre tarifas alfandegárias, afirmou o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, nesta quarta-feira (23), ao desmentir uma reportagem que alegava que Donald Trump considerava reduzir as sobretaxas sobre os produtos chineses.
“Acho que ambos os lados estão esperando para conversar um com o outro”, afirmou ele à imprensa.
Questionado se havia uma oferta unilateral de Trump para reduzir as tarifas sobre a China, respondeu: “absolutamente não”, detalhando que não havia um prazo sobre quando as negociações comerciais entre Pequim e Washington aconteceriam.
Bessent considerou que as tarifas extraordinariamente altas impostas por ambos países sobre seus produtos devem ser reduzidas antes de tais negociações.
“Não acho que nenhuma das partes acredita que os níveis atuais de tarifas sejam sustentáveis, então não me surpreenderia se reduzissem de forma recíproca”, acrescentou.
Desde que retornou à Casa Branca em janeiro, Trump impôs taxações de até 145% sobre um grande número de importações chinesas. Pequim respondeu estabelecendo tarifas de 125% sobre os bens americanos.
“Isto é equivalente a um embargo, e uma ruptura entre os dois países no comércio não beneficia ninguém”, ressaltou Bessent, estimando que “a desescalada por ambas as partes é possível”.
Por outro lado, o secretário do Tesouro americano negou ter um posição sobre se o presidente dos EUA teria poder de destituir o chefe do Federal Reseve (Fed, banco central americano), Jerome Powell, se quisesse.
Na semana passada, Trump disse que “era hora de encerrar o mandato de Powell”.
Mas Bessent sugeriu na quarta-feira que o comentário também poderia se referir ao fim do mandato do dirigente do Fed, previsto para maio de 2026.
Mais cedo, o secretário afirmou que o modelo econômico dependente de exportações de Pequim é “insustentável” e “não prejudica apenas a China, mas o mundo inteiro”.
Em seu discurso no fórum do Instituto de Finanças Internacionais, à margem das Reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM), o secretário do Tesouro americano ressaltou as preocupações dos EUA sobre os desequilíbrios comerciais, que o governo Trump afirma esperar abordar através das tarifas gerais.
No entanto, afirmou que “Estados Unidos Primeiro (slogan de Trump) não significa Estados Unidos sozinhos”.
Ele insistiu que as ações do governo Trump são um apelo por “colaboração mais profunda e respeito mútuo entre os parceiros comerciais”, embora apontem para “decisões políticas intencionais” de outros países que enfraqueceram a indústria dos EUA e colocaram sua segurança “em risco”.
“Esse status quo de desequilíbrios grandes e persistentes não é sustentável”, disse Bessent.