Carlos Lupi concedeu entrevista coletiva no dia da operação – Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil/ND
O ministro da Previdência Social do Brasil, Carlos Lupi, enfrenta forte pressão após a operação deflagrada pela PF (Polícia Federal) na última quarta-feira (23), que apura indícios de fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Neste domingo (27), o ministro se defendeu de acusações de que teria sido omisso com relação ao caso e afirma ter mandado apurar as denúncias que chegaram até ele.
Em entrevista à CNN Brasil, Carlos Lupi disse ter sido informado sobre possíveis irregularidades ainda em 2023 e, na ocasião, pediu que o INSS apurasse as denúncias. O diretor responsável pelo levantamento, porém, demorou para apresentar resultados e foi exonerado em julho do ano passado.
“Omissão não teve. O meu papel era mandar apurar e isso foi feito”, disse o ministro. Carlos Lupi ainda ressaltou que as denúncias sempre existiram, mas que “nunca houve uma ação do governo, como a nossa, para investigar eventuais irregularidades”.
Afastamento de Carlos Lupi foi debatido entre Lula e aliados
Ainda de acordo com a CNN Brasil, no dia da operação, o presidente Lula se reuniu com o ministro da Controladoria Geral da União, Vinícius Carvalho, e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. Depois, Lula tratou do assunto com a equipe de comunicação e aliados para definir estratégias de respostas à opinião pública.
Durante as reuniões, o presidente da República chegou a ser aconselhado a afastar o ministro temporariamente. A conclusão, porém, segundo a CNN Brasil, foi de que seria melhor esperar os desdobramentos para evitar mais uma crise de suspeita de corrupção no alto escalão do governo.
Já em entrevista à Folha de S. Paulo, Carlos Lupi afirmou que o esquema de fraude no INSS tem “safadeza de muita gente”. “Muitas instituições abusaram e devem pagar por isso. Os beneficiários têm que ser restituídos. Mas não pode generalizar, senão a gente instaura um tribunal de inquisição”, disse o ministro da Previdência Social.
Entenda apuração da PF sobre fraudes no INSS
Batizada de “Sem Desconto”, a operação da PF e da Controladoria-Geral da União foi realizada na quarta-feira (23), em 13 estados e no Distrito Federal. Carros de luxo, como Ferrari e Rolls-Royce, foram apreendidos no Ceará, além de joias em Curitiba e quadros e dinheiro em espécie em São Paulo.
“Isso, por si só, aponta a gravidade daquilo que estamos falando e o tiro certo que demos nessa investigação”, destacou Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF, em coletiva de imprensa na quarta.
A operação resultou no afastamento de seis funcionários públicos, incluindo o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Conforme apurado pela Polícia Federal, o esquema criminoso teria, ao longo de cinco anos, faturado cerca de R$ 6,3 bilhões.
Como funcionava o esquema de fraude no INSS
Segundo a investigação, entidades investigadas cobravam, sem autorização, mensalidades de aposentados e pensionistas. Os desvios ocorreram entre 2019 e 2024.
Em coletiva, o ministro da Controladoria-Geral da União, Vinícius Carvalho, detalhou que as associações ofereciam serviços como descontos em academias e planos de saúde, sem ter estrutura para o fornecimento. Ele também informou que as entidades falsificavam as assinaturas de beneficiários do INSS.