VÍDEO: inusitada ‘corrida de espermatozoides’ agita evento de startup

Corrida de espermatozoides fez parte de evento de startup em Los Angeles – Foto: Divulgação
Los Angeles foi palco de um evento no mínimo peculiar na última sexta-feira: a autointitulada “primeira corrida de espermatozoides do mundo”.
Organizada pela startup Sperm Racing, fundada por jovens estudantes, a competição aconteceu no renomado Hollywood Palladium e atraiu olhares curiosos tanto presencialmente quanto online, misturando entretenimento, ciência e uma dose de polêmica.

A iniciativa, que segundo relatos levantou cerca de US$ 1,5 milhão em financiamento, teve como objetivo declarado aumentar a conscientização sobre a saúde reprodutiva masculina e os potenciais riscos de declínio da fertilidade – um tema que tem ganhado destaque em debates recentes.
Como funcionou a competição microscópica?
O evento colocou “frente a frente” amostras de sêmen de dois jovens estudantes universitários voluntários. As células competiram em uma pista especialmente projetada, com cerca de 20 centímetros (8 polegadas) de comprimento, desenhada para simular as condições do sistema reprodutivo feminino.
Um técnico, vestido com um jaleco branco, utilizou pipetas para depositar cuidadosamente as amostras nas “raias” microscópicas de 2mm. Todo o percurso foi ampliado 100 vezes através de um microscópio de alta potência. A imagem capturada foi então processada por um software de animação 3D e transmitida ao vivo para o público presente e para milhares de espectadores online.
O espetáculo contou com elementos típicos de eventos esportivos, como transmissões ao vivo, replays instantâneos e até mesmo cotações de apostas (embora provavelmente simbólicas).
Ao final, Tristan Mykel, um estudante de 20 anos da Universidade do Sul da Califórnia (USC), que adotou o nome “Tristan Milker” para a competição, foi coroado campeão.
O perdedor, Asher Proeger, de 19 anos, estudante da Universidade da Califórnia (UCLA), foi simbolicamente “punido” sendo borrifado com um líquido branco.
Conscientização ou marketing viral?
O idealizador do evento, Eric Zhu, um estudante de ensino médio de apenas 17 anos, expressou preocupações sobre um futuro onde a capacidade reprodutiva humana poderia ser comprometida. “Pode haver um futuro distópico onde ninguém mais consiga ter bebês”, afirmou, ligando a iniciativa à importância de hábitos saudáveis para a motilidade dos espermatozoides.
Apesar da mensagem sobre saúde masculina, o evento teve uma forte atmosfera de entretenimento juvenil e viralização.
Espectadores compareceram fantasiados (incluindo uma fantasia de genitália masculina), os apresentadores fizeram piadas de duplo sentido e a transmissão no YouTube alcançou mais de 100.000 visualizações, sugerindo que o apelo viral era tão importante quanto a mensagem educativa.

A primeira CORRIDA DE ESPERMATOZOIDES do mundo ocorreu em 25 de abril de 2025, no Hollywood Palladium, em Los Angeles. Organizado pela startup Sperm Racing, o evento reuniu mais de 1.000 espectadores e apresentou uma disputa incomum entre amostras de esperma de dois estudantes… pic.twitter.com/fIztJblgXf
— JAMES WEBB (@jameswebb_nasa) April 26, 2025

Contexto científico e controvérsias
A preocupação com a queda na contagem de espermatozoides é um debate em andamento na comunidade científica.
Alguns estudos, como um co-assinado pela epidemiologista reprodutiva Shanna Swan, apontam para um declínio significativo nas últimas décadas, possivelmente ligado à exposição a produtos químicos disruptores endócrinos.
Outros estudos apresentam resultados conflitantes, e não há um consenso científico definitivo sobre a magnitude ou as causas exatas dessa suposta queda global.
O evento também tangenciou, mesmo que indiretamente, o movimento pró-natalista, que expressa preocupação com a queda nas taxas de natalidade em diversos países.
Figuras como Elon Musk são conhecidas por defenderem o aumento populacional. Eric Zhu, no entanto, fez questão de se distanciar dessas associações. “Não tenho nada a ver com isso, não sou como um Elon Musk, que quer repovoar a Terra”, declarou o jovem empreendedor.
Se a “corrida de espermatozoides” terá um impacto duradouro na conscientização sobre a fertilidade masculina ou será lembrada apenas como um golpe de marketing viral bem-sucedido, só o tempo dirá.
O que é inegável é que a startup conseguiu, de forma inusitada e barulhenta, colocar um tema biológico complexo sob os holofotes da cultura pop.

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