
A Executiva Nacional do PSDB aprovou por unanimidade, na terça-feira (29), o início do processo de fusão com o Podemos. A decisão marca a etapa inicial para a criação de uma nova legenda partidária. A formalização está prevista para ocorrer ao longo de maio, com votação final em convenção marcada para 5 de junho.
A medida tem como principal objetivo reposicionar o centro político nacional e enfrentar os efeitos da cláusula de barreira nas próximas eleições.
O novo partido, resultado da junção entre duas legendas com trajetórias distintas, reunirá 28 deputados federais (15 do Podemos e 13 do PSDB) e 7 senadores (quatro do Podemos e três do PSDB), tornando-se a quarta maior bancada do Senado Federal.
O número da nova sigla será o 20, atual do Podemos, e o símbolo do tucano será mantido. O nome definitivo ainda está em discussão.

A presidência da nova legenda deverá ser assumida por Renata Abreu, atualmente à frente do Podemos. O PSDB ficará com a presidência do Instituto Teotônio Vilela, que será mantido como órgão de formulação política.
A articulação foi liderada por Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB, e Renata Abreu. A fusão é apresentada como alternativa à perda de relevância eleitoral dos tucanos, que nas eleições de 2022 obteve seu pior desempenho desde a fundação em 1988.
O partido elegeu apenas 13 deputados federais e não conseguiu eleger nenhum senador. Em 2024, nas eleições municipais, a legenda teve desempenho inferior ao esperado nas principais capitais.
A fusão é também uma resposta à cláusula de desempenho, que exige um percentual mínimo de votos ou de representantes eleitos para acesso ao fundo partidário e ao tempo de propaganda eleitoral.
O novo partido passará a governar 310 municípios e terá prefeitos em quatro capitais: Maceió, Natal, João Pessoa e Teresina. Juntas, essas cidades representam mais de 16 milhões de habitantes.

Há negociações em andamento para uma possível federação com Republicanos ou Solidariedade. O movimento visa ampliar tempo de televisão, acesso a recursos e capilaridade política.
A hipótese de lançar um nome à Presidência da República em 2026 está em avaliação. Eduardo Leite (PSDB-RS) era apontado como potencial candidato, mas a tendência é que ele se desfilie para ingressar no PSD.
Conflitos regionais
A incorporação de estruturas estaduais apresenta divergências em alguns estados. Em Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Bahia e Goiás, os dois partidos têm alianças distintas, o que pode dificultar a unificação local.
Em Pernambuco, o PSDB rompeu com a governadora Raquel Lyra, ex-tucana, hoje filiada ao PSD e aliada do Podemos. Na Bahia, o Podemos integra a base do governo estadual, liderado pelo PT, enquanto o PSDB faz oposição.
Em Mato Grosso do Sul, o governador Eduardo Riedel (PSDB) e a senadora Soraya Thronicke (Podemos) divergem sobre a liderança regional. Em Goiás, a fusão fortalece o nome de Marconi Perillo como pré-candidato ao governo estadual, mas ainda há resistências internas.
No Maranhão, a indicação do deputado Fábio Macedo (Podemos) para comandar a estrutura estadual provocou reações de lideranças tucanas locais. Há relatos de que parte do PSDB maranhense deve migrar para outros partidos.
Nacionalmente, além de Eduardo Leite, há expectativa de saída de outras lideranças, como o ex-governador Reinaldo Azambuja e o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel.