Do Brasil a África: entenda a rota do tráfico internacional de drogas pelo Oceano Atlântico

Investigação teve início depois que a Marinha norte-americana apreendeu três toneladas de cocaína em fevereiro de 2023 – Foto: Reprodução/PF/ND
A operação da Polícia Federal, que revelou um esquema de tráfico internacional de drogas entre o Brasil e países da África e Europa, cumpriu mandados em diferentes estados nessa terça-feira (29). Em Santa Catarina, foram cumpridas 18 ordens judiciais, em cinco cidades.
O esquema revelado pela operação Narco Vela começou a ser investigado em 2023, quando a Marinha dos Estados Unidos apreendeu um carregamento de três toneladas de cocaína em uma embarcação brasileira, que estava próxima do continente africano.

Apesar de as investigações terem começado há dois anos, a Polícia Federal acredita que o grupo criminoso, especializado no tráfico internacional de drogas, estivesse atuando há mais tempo, desde 2022.
Em julho daquele ano, a Guarda Civil Espanhola fez uma apreensão de duas toneladas de cocaína, ação que possibilitou a identificação dos principais responsáveis pela compra da droga em território brasileiro.

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Em 2022, duas toneladas de cocaína foram apreendidas pela Guarda Civil da Espanha – PF/Divulgação/ND

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Embarcações menores são usadas para atravessar o Oceano Atânticol – PF/Divulgação/ND

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Segundo a Polícia Federal, 24 pessoas foram presas na Operação Narco Vela – Reprodução/PF/ND

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Apreensão realizada pela polícia espanhola em 2022 – Reprodução/PF/ND

Ação contra o tráfico internacional de drogas cumpre mandados em SC
Segundo informado pela Polícia Federal, foram cumpridas 18 ordens judiciais em Santa Catarina, sendo oito mandados de prisão e dez de busca e apreensão. Os mandados foram efetuados em Florianópolis, Balneário Camboriú, São Francisco do Sul, Itajaí e Barra Velha.
Ao todo, foram emitidos quatro mandados de prisão preventiva, 31 de prisão temporária e 62 de busca e apreensão, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão e Pará, além de Santa Catarina. A ofensiva foi autorizada pelo expedidos pelo Juízo da 5ª Vara Federal de Santos.
Como era rota do tráfico entre Brasil, África e Europa
Segundo a investigação da Polícia Federal, os criminosos transportavam a cocaína para fora do país, principalmente, a partir do porto de Santos, no litoral de São Paulo. “O maior núcleo atuante era o da baixada Santista, que era o responsável pelo armazenamento na região do litoral e pelo transporte em lanchas”, detalhou o chefe da Coordenação Geral de Repressão a Drogas, Armas e Facções Criminosas da Polícia Federal, Osvaldo Scalezi Junior.
A Polícia Federal não detalhou, mas explicou que um segundo núcleo seria responsável pela aquisição do entorpecente e negociação da remessa com países da Europa. Os mesmos investigados também seriam responsáveis pela contratação de embarcações maiores para realizar a travessia transoceânica.

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Ferrari apreendida na Riviera de São Lourenço em Bertioga, SP – PF/Divulgação/ND

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Porsche apreendida em São Paulo, capital – PF/Divulgação/ND

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Jóias e relógios apreendidos em Taubaté – PF/Divulgação/ND

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BMW apreendida em Santos – PF/Divulgação/ND

“Temos aqueles responsáveis pela aquisição e venda da droga, aqueles responsáveis pela logística de transporte rápido, entre o litoral e o alto mar, e os responsáveis pela logística de travessia transoceânica por embarcações maiores, pesqueiros e veleiros”, disse Scalezi Junior, sobre o esquema de tráfico internacional de drogas, em entrevista coletiva.
Velejador foi cooptado pelo tráfico de drogas, diz PF
O esquema de tráfico internacional de drogas contava com o auxílio de um velejador, com grande experiência em travessias transoceânicas. Preso em 2023, foi a partir do depoimento dele que a Polícia Federal começou a investigar, com auxílio de DEA (Agência Americana de Combate às Drogas dos Estados Unidos), a ação criminosa.
“A partir de então, começou-se a coletar diversas informações que resultaram na identificação da organização criminosa, especializada no tráfico internacional de drogas, utilizando-se de grandes embarcações, que realizavam o transporte dessa cocaína por via oceânica do Brasil com direção à costa da África ou à Europa”, pontuou o chefe de Repressão a Drogas da Polícia Federal.
Barco apreendido em Belém (PA) era usado para transportar drogas para fora do Brasil – Foto: Reprodução/PF/ND
Segundo a investigação, o velejador preso foi cooptado pela organização criminosa para fazer transportes de grandes quantidades de cocaína. “Ele recebia essa droga em alto mar, para a fim de evitar uma fiscalização por parte da Marinha Brasileira ou da Polícia Federal, e a partir do momento que ele recebia a droga, ele realizava o transporte transoceânico”.
O criminoso era responsável por transportar a droga do litoral brasileiro até a Costa Africana, ou para a região das Ilhas Canárias ou da região de Cabo Verde. “A partir da colaboração que ele fez com as autoridades norte-americana, ele auxiliou outros transportes usados para o tráfico internacional de drogas”, afirmou Scalezi Junior.
Conforme a Polícia Federal, os investigados na operação Narco Vela podem responder pelos crimes de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e integração de organização criminosa.

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