
Medida previa o fim da emergência nacional declarada pelo presidente norte-americano, usada como base para a aplicação das tarifas globais sobre os parceiros comerciais do país. Trump fala durante encontro com Bukele na Casa Branca
Reuters/Kevin Lamarque
O Senado dos Estados Unidos rejeitou nesta quarta-feira (30) uma resolução que visava bloquear as tarifas do presidente Donald Trump. A decisão ocorreu apesar dos sinais de uma economia mais fraca no país, em meio ao caos das políticas tarifárias do republicano.
Nesta quarta-feira, o Departamento do Comércio dos EUA indicou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país caiu 0,3% no primeiro trimestre deste ano, abaixo da estimativa dos analistas, de alta de 0,3%. O resultado também marca a primeira contração da atividade norte-americana em três anos.
Três republicanos se juntaram aos democratas para apoiar o projeto, que previa o fim da emergência nacional declarada por Trump. A medida foi utilizada como base para a imposição de tarifas globais de 10% a 50% sobre mais de 180 países e regiões.
A votação, no entanto, não atingiu a maioria simples necessária para aprovar a resolução e enviá-la à Câmara dos Representantes.
O apoio republicano diminuiu em relação a semanas atrás, quando quatro senadores republicanos se juntaram aos democratas para aprovar um projeto semelhante para encerrar novas tarifas sobre o Canadá. Atualmente, os republicanos têm uma maioria de 53 contra 47.
“O Senado dos Estados Unidos não pode ser um espectador passivo na loucura das tarifas. O Congresso tem o poder de definir tarifas e regular o comércio global”, disse o senador Ron Wyden, um democrata do Oregon que apresentou a resolução, antes da votação.
PIB dos EUA tem queda de 0,3% nos primeiros meses do mandato de Trump
A resolução teve como coautor o senador republicano Rand Paul, de Kentucky, um crítico declarado da política tarifária de Trump.
Também contou com o respaldo dos senadores republicanos Susan Collins e Lisa Murkowski. O senador Mitch McConnell, um quarto republicano que havia votado pela medida anterior, estava ausente.
“Não é perfeito. Acho que é muito abrangente. Mas envia a mensagem que quero transmitir — que realmente precisamos ser muito mais discriminatórios na imposição dessas tarifas e não tratar aliados como o Canadá da mesma forma que tratamos adversários como a China”, disse Collins a repórteres.
Uma proposta anterior, que contava com diversos patrocinadores republicanos, não avançou na Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos. No mês passado, a Câmara bloqueou a capacidade do Congresso de agir rapidamente para contestar as tarifas de Trump.
O Departamento do Comércio dos EUA divulgou na véspera um documento que mostra que o déficit comercial do país atingiu recorde em março. O resultado refletiu o forte aumento de importações, enquanto empresas tentavam estocar produtos para evitar os custos mais altos com as tarifas.
O relatório econômico, que apresentou a primeira evidência concreta dos efeitos das tarifas de Trump, foi divulgado após semanas de turbulência nos mercados de valores mobiliários dos EUA e no dólar, causada por temores de aumento de preços e interrupções nas relações comerciais com grandes parceiros, incluindo Canadá e México.