
Macio Pinheiro da Silva e Carpegiane Lopes morreram em decorrência dos ferimentos do acidente no dia 17 de abril, na Via Verde, em Rio Branco. Polícia Rodoviária Federal (PRF-AC) assegurou que os procedimentos adotados sobre o acidente foram corretos. Familiares e amigos de mortos em acidente fizeram manifestação no Acre
Aline Pontes/Rede Amazônica
Os familiares e amigos de Macio Pinheiro da Silva e Carpegiane Lopes fizeram uma manifestação na manhã desta quinta-feira (1º), pedindo justiça pelas mortes dos dois. O protesto aconteceu na entrada da Ponte Metálica Juscelino Kubitschek, que dá acesso do Primeiro ao Segundo Distrito da Capital.
Eles foram vítimas de um acidente de trânsito no dia 17 de abril, na Via Verde, em Rio Branco, quando Talysson Duarte, dirigindo uma caminhonete, invadiu a pista contrária e atingiu três motocicletas.
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O irmão de Mácio, Marcos Antônio, explicou que a principal reivindicação da família é a falta de clareza quanto aos procedimentos feitos sobre o motorista da caminhonete.
“Que a justiça seja feita, nós estamos pedindo justiça para isso. Ele cometeu um acidente brusco, um acidente que saiu batendo em todo mundo. Ele perdeu o controle do veículo, então, ele poderia ter parado e ter analisado que ele tinha matado alguém ali e ter ele mesmo ter tentado socorrer às vítimas, mas ele não fez isso”, assegurou ele.
A empresária Shirley Fernandes, sobrinha de Macio, comentou que a morte do tio foi muito impactante para todos e a família só busca que o culpado seja responsabilizado.
“O rapaz saiu do local, não prestou atendimento. Foram quatro vítimas, duas que já faleceram, uma está no hospital tentando sobreviver e a outra está acamada, então a gente quer que a justiça seja feita. A gente precisa de uma resposta”, comunicou durante a manifestação.
Sobrinha de Mácio faz parte de manifestação pedindo justiça
Aline Pontes/Rede Amazônica
O tio de Carpegiane, Francisco Freitas, diz que após 16 dias do acidente, a família segue pedindo que sejam reconhecidos os erros dos policiais e que as condutas inadequadas sejam punidas.
“Não temos respostas da maneira correta como foi feita a condução dos agentes da Polícia Rodoviária Federal. Nós estamos aqui para discordar veementemente do posicionamento da PRF. O que nós queremos é a punição do assassino e que ele venha a prestar assistência às famílias”, disse ele.
Sobrinha de Mácio e tio de Carpegiane fazem parte de manifestação pedindo justiça
Aline Pontes/Rede Amazônica
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O que diz a PRF
A Polícia Rodoviária Federal (PRF-AC) assegurou que os procedimentos adotados sobre o acidente foram corretos. O chefe da seção de operações, Nelis Newton, recebeu os familiares na sede do órgão e segundo ele, esclareceu que os procedimentos adotados pela polícia foram os corretos, embasados no Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
“O boletim de acidente foi preenchido pelos colegas que atenderam a ocorrência e o procedimento adotado foi o correto. O condutor prestou todos os esclarecimentos lá no local, fez o teste de etilômetro [bafômetro], era devidamente habilitado, então não havia motivo pra sua prisão em flagrante. A legislação prevê que nessa situação não haja prisão do condutor envolvido no acidente”.
Carro ficou parado às margens da rodovia
Lucas Thadeu/Rede Amazônica Acre
O chefe de operações ainda completou que em razão de toda a repercussão que teve em cima do caso, será aberto um procedimento interno.
“Será feita uma apuração preliminar, especificamente sobre isso, sobre os procedimentos adotados, e foi esclarecido isso pra família. Qualquer outra informação que não compete a PRF, a gente não tem como informar”, finalizou.
Motociclista morre após caminhonete invadir rodovia atingir três motos no Acre
Acidente
O motorista de uma caminhonete, identificado como Talysson Duarte, invadiu a pista contrária atingindo três motocicletas no km 132, na Via Verde, próximo a 3ª Ponte de Rio Branco, no dia 17 de abril. O acidente causou a morte instantânea do motociclista Macio Pinheiro da Silva, de 45 anos e deixou mais outras três pessoas feridas.
Carpegiane Lopes foi a segunda vítima da colisão, com morte ocorrida em 20 de abril. Ele teve um trauma no crânio, perfurações nos pulmões, além de múltiplas fraturas. Ele ficou em estado gravíssimo e posteriormente não resistiu.
Fábio Farias de Lima teve diversas fraturas pelo corpo, passou por cirurgias e precisou, inclusive, de doações de sangue. Ele teve uma fratura na face e outra em uma das mãos, perdeu um dedo do pé e também sofreu duas perfurações nos pulmões. Ele passou por cirurgia na região da bacia, e segue internado.
Carpegiane Lopes (esq.) e Macio da Silva (dir.), funcionários da Empresa VIP, morreram na batida na Via Verde
Reprodução
Durante o acidente, em duas motos estavam Macio, Carpegiane e Fábio. Os três eram funcionários da Empresa Estação VIP e voltavam de um serviço no Segundo Distrito. A quarta vítima foi identificada como Rayane Xavier de Lima. Ela não é servidora da empresa.
Em entrevista ao g1, Raiane afirmou que saiu de casa para cuidar de seus afazeres e voltou enfaixada, carregada nos braços pelo irmão. Ela ainda disse que irá ficar com sequelas para o resto da vida. A autônoma criticou o motorista da caminhonete por não ter prestado assistência às vítimas.
Raiane Xavier sofreu um corte profundo na perna esquerda, ferimentos nos dedos e mãos
Arquivo pessoal
Motorista liberado
Após o acidente, a Polícia Rodoviária Federal (PRF-AC) divulgou uma nota explicando porque Talysson Duarte foi autorizado a deixar o local do acidente sem se apresentar logo em uma delegacia. O órgão negou favorecimento a condutor liberado após o acidente.
Conforme a PRF, o motorista fez o teste do bafômetro, que deu negativo, apresentou a documentação necessária e foi liberado pela polícia por medo de represálias de conhecidos das vítimas. A corporação contestou ainda a alegação de que o suspeito foi protegido por supostamente ser integrante de forças de segurança.
“A Polícia Rodoviária Federal apresentou uma ocorrência com os dados do condutor, com o teste etilômetro feito. Está à disposição também da Polícia Civil o laudo pericial que vamos realizar. A PRF fez o seu papel, a gente entende o calor da emoção que afetou aquelas pessoas, nós nos solidarizamos, sentimos muito pelo óbito, mas não prosperam as informações que estão circulando em vídeos”, acrescentou.
Talysson Duarte é apontado como o condutor da caminhonete que invadiu a pista contrária atingindo três motocicletas no AC
Arquivo pessoal
O órgão ressaltou que o Código Brasileiro de Trânsito prevê a possibilidade de não se impor prisão em flagrante para suspeito que permaneceu no local do acidente e que prestou socorro.
Para a PRF, os agentes avaliaram que seria correto afastar Talysson Duarte do local para evitar maiores tensões. A corporação, entretanto, não informou porque ele não foi conduzido a uma delegacia.
O Ministério Público Estadual (MP-AC) divulgou no dia 23 de abril que instaurou um procedimento para acompanhar as investigações. As causas do acidente são investigadas pela 1ª Delegacia Regional da Polícia Civil.
A defesa de motorista, afirmou que cliente alega que carro derrapou em pista molhada. O veículo teria aquaplanado.
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