Pesquisadora brasileira é considerada uma das mais promissoras do mundo – Foto: @giovannacollar/Instagram/Reprodução/ND
A cientista brasileira Giovanna Carello Collar, de 28 anos, ganhou uma bolsa de estudos para estudar em Harvard. A bolsa foi conquistada a partir de um estudo sobre Alzheimer feito pela gaúcha, o que a classificou como uma das pesquisadoras de neurociência mais promissoras do mundo.
Em entrevista ao Estadão, Giovanna explicou que suas descobertas apontam que o Alzheimer não é desenvolvido, e sim desencadeado.
“A hipótese é de que ele possa começar muito antes do que se imagina, durante o neurodesenvolvimento da pessoa, no período da gestação. Estamos testando e tentando entender os mecanismos”, disse.
A equipe da pesquisadora descobriu que uma mutação específica no gene da relina, uma proteína importante para garantir o neurodesenvolvimento, poderia proteger contra o acúmulo de outra proteína chamada tau, que é um dos marcadores do Alzheimer.
“A tau juntamente com o amiloide são as duas proteínas importantes para o desencadeamento da doença. Então, ter uma proteção contra o acúmulo dessas proteínas é muito importante para que a pessoa não desenvolva o Alzheimer”, explica.
A tese do estudo é de que quem tem a mutação no gene da relina – e não possuem o acúmulo da proteína tau – mostram um declínio cognitivo mais lento comparado aos demais.
“A princípio, a relina se torna um alvo promissor para continuarmos investigando. Claro que há muito caminho pela frente para conseguirmos corroborar esses achados, mas é um passo importante.”
Estudo sobre Alzheimer de cientista brasileira foi inspirado pela avó e pela mãe
Giovanna é formada em biomedicina pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), onde concluiu o mestrado e agora faz o doutorado.
A cientista já pesquisa Alzheimer há cinco anos. A carreira de pesquisadora foi inspirada pela avó, diagnosticada com Alzheimer aos 50 anos, e pela mãe, também cientista.
Em fevereiro, Giovanna ganhou o prêmio “One to Watch”, na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, que reconhece os pesquisadores com as mais importantes contribuições para a neurociência do mundo.
Antes de Harvard, Giovanna já tinha ganhado mais de 15 bolsas de estudo e fomento para participar de conferências e eventos sobre doenças degenerativas.
Agora a cientista se prepara para o novo capítulo da carreira, que começa em agosto, quando embarca para Harvard para estudar por nove meses.
“Foi um processo seletivo bem extenso, cansativo, desafiador, mas fiquei muito feliz de ter sido contemplada com essa bolsa renomada e estou empolgada e animada para ir”, fala.