Descontos indevidos na folha de aposentados e pensionistas ocorreram entre 2019 e 2024 – Foto: Justiça Federal/Divulgação/ND
O escândalo de fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) levou o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, a pedir demissão nesta sexta-feira (2). Ele foi indicado ao cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, quando o esquema já desviava dinheiro de aposentados e pensionistas.
“Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso, que apuram possíveis irregularidades no INSS”, anunciou Lupi nas redes sociais.
O ministro será substituído pelo ex-deputado federal Wolney Queiroz (PDT), atual secretário-executivo da Previdência. As fraudes no INSS também custaram a cadeira de Alessandro Stefanutto, presidente do Instituto que foi alvo de busca e apreensão na “Operação Sem Desconto” da Polícia Federal.
Escândalo de fraudes no INSS derrubou presidente do Instituto, Alessandro Stefanutto, e ministro da Previdência, Carlos Lupi – Foto: Divulgação/PDT/ND
Stefanutto foi nomeado por Carlos Lupi em julho de 2023. Ele foi afastado do cargo em 23 de abril por decisão judicial e substituído pelo procurador federal Gilberto Waller Júnior.
Segundo a Polícia Federal, o esquema de fraudes no INSS teria desviado R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024, por meio de descontos indevidos de associações.
Ao menos 11 entidades são suspeitas. Os investigados poderão responder por corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documentos, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Quem eram o ministro da Previdência e o presidente do Instituto quando fraudes no INSS começaram?
Quando o esquema de fraudes no INSS começou, em 2019, o Ministério do Trabalho e Previdência Social estava extinto desde 2015 pelo governo de Michel Temer (MDB), que o transformou em Ministério do Trabalho somente.
Presidente Lula recriou Ministério da Previdência Social, que estava extinto desde 2015 – Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil/ND
O último a ocupar o cargo de ministro da Previdência Social havia sido Carlos Eduardo Gabas no mandato de Dilma Rousseff (PT). O Ministério do Trabalho também acabou extinto no governo de Jair Bolsonaro (PL) em 2019, mas voltou a ser Ministério do Trabalho e da Previdência Social em 2021.
O primeiro ministro do Trabalho e Previdência do governo Bolsonaro foi Onyx Lorenzoni (PL), que comandou a pasta até 2022. Em seguida, José Carlos Oliveira assumiu o cargo até o fim do mandato presidencial.
Entre 2019 e 2020, o ex-procurador-geral federal Renato Rodrigues Vieira atuou como presidente do Instituto, período em que teriam começado as fraudes no INSS.
Fraudes no INSS começaram sob gestão do presidente Renato Vieira em 2019 – Foto: Valter Campanato/Agência Brasil/ND
Ele se demitiu por “razões pessoais” foi substituído por Leonardo José Rolim Guimarães, que até então era secretário de Previdência do Ministério da Economia.
Em novembro de 2021, Leonardo Rolim foi exonerado e voltou ao cargo de secretário de Previdência. José Carlos Oliveira, que era superintendente da Regional Sudeste do INSS, assumiu o posto até se tornar ministro do Trabalho e Previdência em março de 2022.
Guilherme Gastaldello Pinheiro Serrano foi o último presidente do INSS no governo Bolsonaro. O atual presidente Lula recriou o Ministério da Previdência Social em seu terceiro mandato e indicou Carlos Lupi, que indicou Alessandro Stefanutto à presidência do Instituto.