Rússia e China estão em alerta após escudo antimísseis dos Estados Unidos – Foto: Imagem gerada por IA/ND
Em uma declaração conjunta divulgada na última terça-feira (6), os governos da Rússia e da China expressaram forte oposição ao novo projeto de escudo antimísseis dos Estados Unidos, intitulado como “Golden Dome”, produzido pelo Donald Trump.
Conforme os líderes Vladímir Putin e Xi Jinping, essa iniciativa representa uma ruptura com o princípio que equilibra capacidades ofensivas e defensivas estratégicas.
Escudo antimísseis dos Estados Unidos e preocupações
O escudo antimísseis dos Estados Unidos, “Golden Dome”, é concebido como um sistema de defesa de múltiplas camadas, incorporando sensores espaciais, interceptores orbitais e tecnologias avançadas para neutralizar ameaças de mísseis balísticos, hipersônicos e de cruzeiro.
Inspirado no “Iron Dome” israelense, o projeto visa proteger o território americano contra ataques de longo alcance, utilizando uma constelação de mais de mil satélites para detecção e interceptação de mísseis.
Autoridades militares dos Estados Unidos, como o General Michael Guetlein da Força Espacial, comparam o escopo do projeto ao do “Projeto Manhattan”, destacando a necessidade de colaboração interagências para superar desafios técnicos e organizacionais.
China e Rússia alertam que a militarização do espaço, implícita no escudo antimísseis dos Estados Unidos, ameaça acordos internacionais que limitam a corrida armamentista orbital. A introdução de interceptores espaciais poderia transformar o espaço exterior em um novo teatro de operações militares, aumentando o risco de conflitos e erros de cálculo.
China e Rússia alertam que a militarização do espaço, implícita no escudo antimísseis dos Estados Unidos, ameaça acordos internacionais que limitam a corrida armamentista orbital – Foto: Roberto Schmidt/AFP/ND
Críticas à aliança AUKUS e riscos de proliferação nuclear
A declaração conjunta também critica a aliança AUKUS, formada por Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, acusando-a de minar o Tratado de Zona Livre de Armas Nucleares do Pacífico Sul (Tratado de Rarotonga).
A transferência de tecnologia para submarinos nucleares à Austrália, país não possuidor de armas nucleares, é vista como uma violação do espírito de não proliferação e uma ameaça à estabilidade regional.
Especialistas em controle de armamentos expressam preocupações sobre as implicações do AUKUS para o regime de não proliferação nuclear.
A utilização de urânio altamente enriquecido em submarinos australianos poderia estabelecer precedentes perigosos, facilitando o acesso de outros países a materiais nucleares sensíveis.
O escudo antimísseis dos Estados Unidos intercepta projeteis em curto alcance – Foto: Wikipedia/ND
Acusações de hegemonia ocidental e manipulação histórica
Além das questões técnico-militares, a declaração adota um tom político ao acusar países ocidentais de promoverem comportamentos hegemônicos, criando mecanismos jurídicos paralelos para sancionar estados com políticas exteriores independentes.
Putin e Xi Jinping criticam tentativas de reinterpretação de eventos históricos para justificar agendas políticas contemporâneas, especialmente em contextos como Ucrânia e Ásia Oriental.
Riscos estratégicos e necessidade de diálogo
A expansão de alianças militares lideradas por potências nucleares próximas às fronteiras de outros estados com armas atômicas é apontada como um risco estratégico urgente.
China e Rússia alertam que tais ações aumentam a probabilidade de erros de cálculo e escaladas indesejadas, enfraquecendo mecanismos de diálogo e controle de armamentos.
Diante desse cenário, especialistas defendem a retomada de negociações multilaterais para estabelecer normas claras sobre o uso de tecnologias militares avançadas e a prevenção da militarização do espaço, garantindo a estabilidade e a segurança internacional.