Mexer a perna sem parar pode significar diversas coisas – Foto: Reprodução/ND
Ver alguém balançando a perna incessantemente é tão comum que muitos nem se perguntam o motivo. Mas por que, afinal, esse movimento repetitivo acontece mesmo sem uma ordem consciente?
Segundo especialistas, esse “tremor” pode ter várias explicações, desde aspectos psicológicos até condições médicas mais complexas. Em muitos casos, trata-se de um comportamento motor involuntário conhecido como nervosismo motor.
O que significa mexer a perna sem parar?
O psicólogo argentino Hugo Marietan afirma que esses movimentos nem sempre são intencionais: eles funcionam como válvulas de escape do corpo para aliviar tensões internas, especialmente diante de sobrecarga mental ou estresse acumulado.
Pesquisadores da Universidade de Harvard também observaram que esse tipo de movimento está relacionado a um excesso de estímulo cerebral.
Quando a mente está superativa e não tem uma tarefa para canalizar toda essa energia, o corpo assume a tarefa de descarregar parte dela por meio de gestos automáticos, como o balançar da perna.
Mexer a perna sem parar pode ser ansiedade generalizada – Foto: Reprodução/ND
Essa reação pode estar ainda associada a quadros de ansiedade generalizada, principalmente quando surgem junto com outros comportamentos típicos, como roer as unhas ou tamborilar os dedos.
Causas mais profundas de mexer a perna
Mas nem sempre o tremor é um sinal de estresse. Em algumas situações, ele pode ser um reflexo do que os especialistas chamam de autoestimulação sensorial, uma forma de o corpo se manter ativo quando o ambiente ao redor é pouco estimulante.
Por outro lado, também existe a possibilidade de que esse tremor seja sinal de algo mais sério, como a síndrome das pernas inquietas (SPI).
A neurologista Andréa Bacelar, da Associação Brasileira do Sono (ABS), explica que essa condição é muitas vezes confundida com simples agitação motora, mas seus sintomas são bem distintos.
“Na SPI, o que incomoda não é o tremor em si, mas uma sensação intensa de desconforto nas pernas, como queimação, dor ou formigamento, que gera uma urgência incontrolável de se movimentar, especialmente em momentos de repouso”, disse à Viva Bem.
Mexer a perna também pode ser síndrome das pernas inquietas (SPI) – Foto: Reprodução/ND
Em casos mais raros, os sintomas também podem atingir os braços.
O neurologista Melo Barbosa complementa que, na maioria das vezes, a SPI é idiopática, ou seja, não apresenta alterações detectáveis em exames neurológicos.
O diagnóstico, portanto, depende de avaliação clínica cuidadosa feita por um especialista, com base em entrevista detalhada e exame físico.
Em alguns casos, exames de sangue ou testes complementares podem ser solicitados para descartar outras doenças neurológicas.
O impacto na qualidade de vida de quem convive com SPI é significativo, já que os sintomas costumam surgir justamente quando a pessoa tenta relaxar — como ao sentar para assistir TV ou deitar para dormir.
O tratamento varia conforme a intensidade do quadro, e pode incluir desde mudanças de hábitos até o uso de medicamentos específicos.