
Rapper acusado de uma série de crimes está sendo julgado em Los Angeles, nos Estados Unidos. Imagem de vídeo divulgado pela CNN, que mostra o rapper Sean ‘Diddy’ Combs agredindo a ex-namorada Cassie Ventura
Reprodução/CNN
Durante o julgamento de Sean “Diddy” Combs nesta segunda-feira (12), uma testemunha afirmou que o rapper ofereceu dinheiro em troca de silêncio pela agressão contra Casandra Cassie Ventura, ex-namorada do músico, segundo o site TMZ.
Israel Flores trabalhava como segurança do hotel onde Diddy agrediu Cassie, em 5 de março de 2016. A violência foi registrada por câmeras do local, e o vídeo virou uma prova contra o rapper anos depois.
No julgamento, o segurança disse que naquele dia recebeu um relato de que havia uma mulher em perigo no 6º andar. Ao verificar as câmeras, ele teria visto Diddy caminhando de um lado para outro. Ao chegar no sexto piso, Cassie estava no chão e o músico em pé. O funcionário teria sugerido que os dois fossem para o quarto e notado que havia ali um vaso quebrado.
Mais tarde, ainda segundo a testemunha, Diddy tentou suborno. O músico teria mostrado ao segurança várias notas de dinheiro e pedido silêncio. O funcionário, porém, teria negado e dito que os danos ao vaso seriam cobrados.
Flores também afirmou que, dias depois, procurou imagens de vigilância do incidente, mas não encontrou.
Brian Steel, advogado de Diddy, perguntou ao segurança se ele chamou a polícia naquele dia. Como resposta, ouviu um “não”.
A defesa do músico também questionou o porquê alguns detalhes do relato de Flores só apareceram agora. O segurança alegou que não havia dito tudo.
As acusações contra Diddy
Combs é acusado de conspiração para extorsão, tráfico sexual por força, fraude ou coerção e transporte para prostituição. Ele se declarou inocente.
Os supostos crimes abrangem o período de aproximadamente 2004 a 2024. Duas das acusações foram adicionadas um mês antes do julgamento.
A acusação afirma que ele coagiu e abusou de mulheres durante anos com a ajuda de uma rede de associados e funcionários, enquanto silenciava as vítimas por meio de chantagem e violência, incluindo sequestro, incêndio criminoso e agressões físicas.
Os promotores alegam que ele usou seu “poder e prestígio” como astro da música para induzir vítimas femininas a performances sexuais drogadas e elaboradamente produzidas com profissionais do sexo em eventos apelidados de “freak offs”.
Os promotores revelaram, pouco antes do julgamento, que Combs rejeitou um acordo judicial que poderia significar uma pena mais leve do que uma condenação. Eles não divulgaram os termos do acordo proposto.
As testemunhas e as provas contra Diddy
Sem identificá-las publicamente, os promotores disseram que quatro das acusadoras de Combs testemunharão no julgamento. A promotoria poderá exibir ao júri um vídeo de segurança de Combs espancando e chutando uma de suas acusadoras, a cantora de R&B Cassie, no corredor de um hotel de Los Angeles em 2016.
Os advogados de Diddy devem argumentar no julgamento que o governo está distorcendo a atividade sexual consensual entre adultos. Eles também já declararam que duas das namoradas de longa data de Combs trouxeram voluntariamente um trabalhador do sexo para o relacionamento deles.
Cassie, cujo nome legal é Cassandra Ventura, foi a parceira romântica de Combs, que teve idas e vindas, por mais de uma década. Seu processo de 2023 contra Combs, alegando anos de abuso, incluindo estupro, deu início ao escrutínio que eventualmente levou ao seu processo.
Os principais envolvidos no julgamento
O julgamento está sendo realizado no tribunal do Juiz Distrital dos EUA, Arun Subramanian.
A equipe de acusação é composta por oito procuradores-assistentes dos EUA, sete deles mulheres. Entre eles, está Maurene Ryan Comey, filha do ex-diretor do FBI, James Comey. Ela estava entre os promotores no julgamento de Ghislaine Maxwell, condenada por atrair adolescentes para serem abusadas sexualmente por Jeffrey Epstein.
A equipe de sete advogados de defesa de Combs é liderada pelo advogado de Nova York Marc Agnifilo, que, juntamente com sua esposa Karen Friedman Agnifilo, também defende Luigi Mangione, o homem acusado do assassinato do CEO da UnitedHealthcare.
Também faz parte da equipe de defesa o advogado Brian Steel, que representou Young Thug antes do rapper se declarar culpado das acusações de envolvimento com gangues, drogas e armas de fogo.
Comparecimento de Diddy ao tribunal
Combs, de 55 anos, está detido em uma penitenciária federal no Brooklyn desde sua prisão em setembro. Seu cabelo, antes preto, agora está quase completamente grisalho, pois tingimento não é permitido no centro de detenção.
Combs, que tinha sua própria grife, usou uniformes amarelos da prisão em audiências pré-julgamento. Mas, para o julgamento, o juiz disse que ele pode ter até cinco camisas de botão, cinco pares de calças, cinco suéteres, cinco pares de meias e dois pares de sapatos sem cadarço.
Segundo as regras do tribunal federal, não serão permitidas fotos ou vídeos do julgamento. Ilustrações das cenas no tribunal são permitidas.
Alegações que envolvem outras celebridades
Desde 2023, dezenas de mulheres e homens têm entrado com ações judiciais contra Combs, alegando que ele abusou sexual ou fisicamente deles. Muitas dessas pessoas disseram que receberam drogas em eventos promovidos por Combs e foram abusadas enquanto estavam incapacitadas.
Combs negou todas as acusações por meio de seus advogados. Alguns desses processos alegaram que outras celebridades estavam presentes ou participaram do abuso.
A grande maioria dessas alegações, no entanto, não faz parte do processo criminal. Os promotores optaram por se concentrar em um número relativamente pequeno de acusadores e alegações em que há provas físicas ou corroboração por testemunhas.
Entenda as acusações contra ‘Diddy’ Combs; julgamento começa nesta segunda