Com um pouco mais de 2 km de comprimento, a ponte passa sobre o rio Tocantins e é mista, com passagem ferroviária, para escoar o minério da região. Deibson Nascimento foi preso ainda na cabeceira da ponte. Trem de passageiros da Vale cruza ponte entre Marabá e o bairro de São Félix, sobre o rio Tocantins.
Ricardo Teles
A ponte que passa sobre o rio Tocantins, em Marabá (PA), virou o centro das atenções nos últimos dias, após ser a local em que os fugitivos de Mossoró foram recapturados durante uma operação da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Na quinta-feira (4), Deibson Nascimento e Rogério Mendonça foram presos com mais quatro homens, 50 dias depois da fuga da penitenciária de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, a 1.600 km de distância da cidade onde foram capturados. O grupo viajava em três carros e a PF chegou a bater em um dos veículos para pará-lo.
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A interceptação de Deibson foi feita no acesso à ponte, enquanto Rogério foi preso já em cima da ponte, que ficou conhecida por ter o tráfego inglês, ou seja, com as mãos invertidas.
Além de ter as duas faixas de rolamento “ao contrário”, a via é de trânsito misto, com uma ferrovia que passa entre essas duas faixas. (veja abaixo)
Construção e história
Imagem da ponte recém-inaugurada, na década de 80.
Arquivo do Museu de Marabá
Construída pela multinacional Better e inaugurada em 28 de fevereiro de 1985, de acordo com os arquivos da prefeitura de Marabá, a ponte foi a primeira grande da cidade e ficou pronta em cinco anos.
Escritor de livros sobre a história do município e pesquisador responsável pela área histórica do museu da cidade, Ulisses Pompeu explicou que a ideia da ponte nasceu a partir da necessidade do escoamento do minério da Serra de Carajás, também no sudeste paraense, mas que o crescimento populacional e o desenvolvimento da região provocaram modificações no projeto.
“O projeto original seria para construir apenas uma ponte ferroviária, mas houve pressão política e popular com as obras ainda em andamento. O presidente João Figueiredo concordou em inserir pistas rodoviárias e mandou fazer adaptações no projeto. A construção durou cinco anos”, disse.
Ponte rodoferroviária de Marabá cruza o rio Tocantins, no Pará
A ponte liga a BR-222 e é a principal conexão entre os distritos periféricos e o centro de Marabá. Mas o que justifica a mão inglesa?
Com as alterações projetuais, “a saída que a engenharia da época teve foi colocar mão inglesa, para não ter um custo tão alto. O grande dilema seria a mudança nas cabeceiras, que dão acesso à ponte, onde fizeram dois aneis rodoviários por baixo para acessar ou sair dela”, completou o pesquisador.
O engenheiro do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) responsável pela região de Marabá, Jairo Rabelo, contou ainda que o uso das faixas “invertidas” também supriram questões mais técnicas que evitaram desapropriações na área, mudança na rota ferroviária, e impactos desastrosos que poderiam ser causados nas épocas de cheia do rio Tocantins.
Ponte rodoferroviária sobre o rio Tocantins em Marabá – PA. 1984.
Divulgação
Atualmente, a empresa responsável pela ponte e manutenções na estrutura é a Vale, que tem a concessão da estrada de ferro Carajás, da qual a ponte rodoferroviária faz parte.
Interceptação dos fugitivos na ponte
Sobre a operação contra Rogério e Deibson, o diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Souza Oliveira, disse que a ação realizada na ponte foi estratégica para evitar áreas de escape e reação.
“Quando chega naquele trecho, onde as zonas de escape são menores, a possibilidade de reação é mínima, a gente faz a operação buscando sempre o que a gente fez (…). Para nós, uma operação de sucesso é essa que foi feita hoje. Não há reação, não há vítimas, nenhum tiro, isso é o que a gente busca”, disse.
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