Nunes se diz surpreso com o ‘sumiço’ do ‘fluxo’ da Cracolândia e acredita que operação na Favela do Moinho bloqueou fornecimento de drogas


Usuários ficavam confinados em uma área formada pela Rua dos Protestantes e a Rua dos Gusmões, cercadas por gradis e atrás de um muro. Nesta terça-feira (13), não havia ninguém. ONG fala em truculência. Nunes se diz surpreso com o ‘sumiço’ do fluxo na Rua dos Protestantes.
Montagem g1/Reprodução/TV Globo
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou nesta terça-feira (13) estar surpreso com a queda vertiginosa dos usuários de drogas na Rua dos Protestantes, na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo.
O “fluxo” ficava confinado em uma área formada pela Rua dos Protestantes e a Rua dos Gusmões, cercadas por gradis e atrás de um muro, de cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, construído pela prefeitura. Na época, a Defensoria Pública classificou o espaço como “curral humano”.
Durante a madrugada desta terça, havia um pequeno grupo na calçada e outro caminhando na rua na Rua Helvétia, um dos pontos da Cracolândia. Já na Alameda Glete, próximo ao Terminal Princesa Isabel, mais usuários de droga, mas nada próximo do tão conhecido “fluxo”.
Nunes disse à TV Globo que “ainda está tentando entender o episódio” e que “não dá para dizer que está resolvido” o problema da Cracolândia.
“Surpreendeu a prefeitura, mas obviamente a gente já vinha reduzindo gradativamente. Todos os dias vinha reduzindo a quantidade de pessoas lá. As pessoas indo para tratamento, voltando para os seus estados, as pessoas aceitando a internação”, explicou o prefeito.
Já o vice-prefeito, Coronel Mello Araújo, comemorou a diminuição do fluxo e parabenizou a ação da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e demais forças de segurança.
A ONG Craco Resiste afirma que houve truculência contra os usuários de drogas. “Os relatos colhidos pela A Craco Resiste no projeto de extensão universitária em parceria com grupos de pesquisa da USP e da Unifesp, indicam que houve uma orientação para que a Guarda Civil Metropolitana aumentasse a violência das abordagens. As pessoas ouvidas afirmam categoricamente que os guardas passaram a bater mais no rosto e na cabeça das pessoas, para além das outras agressões já cotidianas na região, com uso de spray de pimenta e apropriação de pertences pessoais, como roupas e dinheiro”, diz a entidade.
Para Nunes, as operações do governo estadual e da prefeitura de combate ao tráfico de drogas na Favela do Moinho, incluindo a prisão do traficante “Léo do Moinho”, responsável pelo abastecimento a Cracolândia, também tiveram influência na redução do fluxo dos usuários.
Ruas vazias na região da Cracolândia
Reprodução/TV Globo
“Sem a droga presente, você tem uma facilidade maior de convencer as pessoas a irem para tratamento. Ontem a gente tinha 60 pessoas que procuraram voluntariamente o CAPs para procurar tratamento. A gente tem tido sucesso em convencer as pessoas”.
O prefeito disse o tráfico de drogas, que estava concentrado no Centro, está procurando migrar para outros lugares e que já tem “pre informações” desses locais. Contudo, as regiões não foram divulgadas.
Segundo a prefeitura, entre janeiro e março de 2025, foram registradas mais de 29 mil abordagens de agentes e 7.500 encaminhamentos para serviços e equipamentos municipais.
Problema crônico na cidade, a Cracolândia é um dos grandes dramas sociais que envolvem questões de saúde, segurança pública e assistência social. Ao longo dos anos, diversas tentativas do poder público de ajudar os usuários e de combater o crime, mas nenhuma de fato resolveu a situação.
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