Bolsonaro se torna réu

Jair Bolsonaro, no hospital, no momento em que recebe a intimação da oficial de JustiçaReprodução/redes sociais

Quem não tem conhecimento do universo jurídico muitas vezes não consegue entender as etapas existentes em um procedimento judicial, de modo especial quando pensamos na área penal, criminal.

Quando há a suspeita de que alguém tenha cometido um crime, isso, essa suspeita, se insere dentro de um inquérito policial que apura não apenas o cometimento eventual do crime, mas sua autoria e as circunstâncias correspondentes aquela situação. Havendo os chamados “indícios de autoria e materialidade”, o acusado de torna indiciado.

Encerra-se, nesta etapa, o trabalho da polícia, que é, justamente, o de investigar. Neste momento, abre -se espaço ao Ministério Público que, convencendo-se da correção do indiciamento promovido pela polícia, oferece uma denúncia-crime em face do indiciado. Essa denúncia é ofertada e enviada ao juiz que pode recebê-la ou não. Recebida a denúncia, o indiciado/denunciado se torna, então, réu.

Essa sequência toda foi seguida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro que, assim, se tornou réu dentro do contexto das manifestações de 8 de janeiro de 2023, bem como das chamadas Fake News. O ex mandatário está claramente “nas cordas”, constrangido por essas acusações todas e, agora, é um réu formal numa ação penal. Pode ser preso? Pode sim.

Para além da questão jurídica, há que se considerar a questão política, muito mais ampla. Por óbvio, ver Bolsonaro preso é quase um sonho da esquerda, especialmente só PT. Contudo, ainda mais importante do que essa eventual prisão é deixar a direita desorientada, perdida, sem rumo, desidratada. Neste sentido, desgastar Bolsonaro, mesmo sem a sua prisão, acaba sendo algo bastante atraente para a esquerda.

As chances de Bolsonaro ser inocentado diminuem dia a dia, contudo, ele ainda tem “garrafas para vender”, de modo específico via aprovação do PL da Anistia que, aos trancos e barrancos, caminha. O que prevalecerá ao final desse processo? Só o futuro poderá dizer.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG

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