Rio Solimões se aproxima da cota de inundação severa em Manacapuru e cheia causa transtornos a moradores

Em todo o Amazonas, mais de 209 mil pessoas estão sendo afetadas diariamente pelo fenômeno e 20 dos 62 municípios do estado já estão em estado de emergência. Água do Rio Solimões começa a invadir ruas de Manacapuru, no Amazonas
O Rio Solimões, em Manacapuru, interior do Amazonas, atingiu o nível de 19 metros neste domingo (18), segundo a régua de medição do porto do município, e está a apenas 60 cm de atingir a cota de inundação severa durante a cheia que no estado em 2025. O maior volume de água, que já causava sérios problemas na zona rural, agora atinge a sede do município. Veja o vídeo acima.
Em todo o Amazonas, mais de 209 mil pessoas estão sendo afetadas diariamente pelo fenômeno, direta ou indiretamente, com dificuldades de locomoção, perda de produção rural e inundações dentro das residências. 20 dos 62 municípios do estado já estão em estado de emergência.
Historicamente, o processo de cheia na região tem início na segunda quinzena do mês de outubro, com o fim da seca, que em 2024 bateu recordes no estado.
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As águas do rio, que já tinham invadido as áreas dos bairros que ficam à margem do Rio Miriti, agora atingem o centro de Manacapuru. Na principal avenida da cidade, o comércio já se prepara para a continuidade da subida das águas. O empresário Wilson Balby é dono de um restaurante e ampliou a passarela de madeira erguida para dar acesso ao seu estabelecimento.
“Ano passado não foi preciso fazer ponte não, a água deu menos, mas esse ano já está bem avançado aqui”, afirmou.
Na zona rural, a cheia afetou toda região de várzea causando prejuízos para os produtores, que para não perder 100% da produção, enfrentam a água para colher o que podem.
“Não tem como dar tempo de colher porque está tudo verde ainda, ai vai tudo pro fundo. Ta todo mundo reclamando porque a enchente está muito rápida”, relatou o estivador Francuelho Santos.
O comerciante Manoel Cardoso depende da produção rural para abastecer o comércio que mantém no município. Ele lamenta as perdas, que impactam diretamente o seu negócio.
“Ta mais difícil agora. Enquanto a vazante não descer e até recuperar o plantio, o agricultor vai sofrer mais”, afirmou.
Apesar das dificuldades, a previsão do Serviço Geológico Brasileiro (SGB), apresentada no último mês durante o 2º Alerta de Cheias da Bacia do Amazonas de 2025, é de que o Rio Solimões atinja a marca de 19,63 metros no município até o fim do processo de enchente, que deve ocorrer na primeira quinzena de junho.
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Situação de emergência
Desde sexta-feira (16), dois municípios passaram do estado de alerta para emergência conforme a Defesa Civil do Amazonas: São Paulo de Olivença, banhado pelo Rio Solimões, e Jutaí, banhado pelo rio que dá nome ao município e que é um afluente do Solimões.
Confira a lista dos 20 municípios que estão em situação de emergência e as medições registradas no sábado (17):
Humaitá – Rio Madeira – 22,22 metros
Apuí – Rio Madeira – não divulgado
Manicoré – Rio Madeira – 27,46 metros
Boca do Acre – Rio Purus – 8,73 metros
Guajará – Rio Juruá – 7,98 metros
Ipixuna – Rio Juruá – 10,38 metros
Novo Aripuanã – Rio Madeira – não divulgado
Benjamin Constant – Rio Solimões – não divulgado
Borba – Rio Madeira – 21,32 metros
Tonantins – Rio Amazonas – 16,08 metros
Itamarati – Rio Juruá – 19,33 metros
Eirunepé – Rio Juruá – 14,01 metros
Atalaia do Norte – Rio Solimões – 12,49 metros
Careiro – Rio Solimões – 19,32 metros
Santo Antônio do Içá – Rio Solimões – 13,72 metros
Amaturá – Rio Solimões – não divulgado
Juruá – Rio Solimões – 23,40 metros
Japurá – Rio Amazonas – 13,15 metros
São Paulo de Olivença – Rio Solimões – 14,28 metros
Jutaí – Rio Jutaí – 25,32 metros
Além dos municípios em emergência:
Três estão em estado de atenção;
37 em alerta;
e dois em normalidade.
🌧️ Segundo o meteorologista e pesquisador Leonardo Vergasta, dois fenômenos explicam o aumento no volume dos rios em comparação a 2024:
O Inverno Amazônico, que traz chuvas acima da média para a Região Norte e deve durar até o fim de maio.
O La Niña, que chegou ao fim em abril, mas deixou consequências.
“No início de 2025, tivemos a atuação do La Niña, que resfria as águas do Pacífico Equatorial. Isso aumenta a intensidade das chuvas na região. Como coincidiu com nosso período chuvoso, desde fevereiro, toda a bacia amazônica registrou volumes de chuva acima do normal”, explicou o pesquisador.
*Com informações de Adauto Silva, da Rede Amazônica
Dezenas de municípios do AM enfrentam cheia acima do normal
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