Quem é uma das maiores golpistas que enganou ministra do STJ e deu origem à megaoperação em SC

Quem é uma das maiores golpistas que enganou ministra do STJ e deu origem à megaoperação em SC – Foto: Divulgação/PF/ND
A prisão de Adriana Maria de Oliveira Furtado, em 2022, aos 55 anos, no interior da Paraíba, deu início a uma operação da Polícia Federal que revelou uma rede criminosa de estelionato, fraudes bancárias e lavagem de dinheiro com ramificações em diversas cidades brasileiras.
Ex-moradora de Joinville, Adriana é considerada uma das maiores estelionatárias do país. Ao ser detida em flagrante aplicando um golpe em uma agência bancária, chamou a atenção por acumular um patrimônio milionário, incompatível com qualquer atividade legal identificada. Ela já respondia a 51 processos por estelionato e usava sete CPFs diferentes.

As investigações mostraram que Adriana atuava desde os 18 anos e chegou a aplicar golpes contra uma ministra do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e uma desembargadora da Bahia.
Histórico de uma das maiores golpistas do Brasil
Adriana Furtado foi presa  em 2018, em Natal (RN), após ser localizada pela Deicor (Divisão Especializada de Combate ao Crime Organizado). Ela foi flagrada em um posto de gasolina ao lado de um homem que se apresentou como seu marido, portando quase 50 cartões diversos, 63 comprovantes de depósito, talões de cheques, envelopes bancários, documentos para abertura de contas, além de um carro com placas de Joinville e dois celulares.
Adriana Furtado quando foi presa na Paraíba, em 2022 – Foto: Polícia Rodoviária Federal/Divulgação/ND
Em 2022, foi novamente detida em Campina Grande (PB), após a Polícia Civil receber informações de que ela tentaria aplicar golpes em agências bancárias. Acabou presa dentro de uma cooperativa de crédito, ao tentar se passar por uma cliente.
A terceira prisão ocorreu em 2024, no Maranhão. Segundo a PRF, Adriana foi abordada na BR-316, em Nova Olinda, e identificada com mandado de prisão em aberto por estelionato e uma ocorrência em Alagoas. Com ela, foram apreendidos 13 cartões bancários e outros três tipos. Ela permanece presa na Penitenciária Feminina de São Luís.
Rede criminosa usava empresas de fachada
Após a prisão de Adriana em 2022, a PF iniciou o rastreamento patrimonial da estelionatária. O que parecia um caso isolado se transformou em uma teia complexa de crimes interligados, envolvendo lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, fraudes bancárias, furtos a caixas eletrônicos e estelionato corporativo.

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PF cumpre mandados em Joinville, Camboriú e outras cidades – Divulgação/PF/ND

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Golpistas que hackearam 40 prefeituras e roubaram US$ 1,4 mi de ‘gringo’ são alvos de operação – Divulgação/PF/ND

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Também houve sequestro de bens dos envolvidos – Divulgação/PF/ND

Segundo o delegado Jean Rodrigo Helfenstein, os grupos movimentaram mais de R$ 210 milhões, principalmente por meio de criptoativos, empresas de fachada nos ramos da construção civil e transportadoras, além de investimentos em imóveis de luxo e veículos importados.
“A partir desse momento, a polícia fez o levantamento patrimonial dela, e verificou que possuía um padrão muito acima do normal para a classe dela”, afirmou o delegado.
Operações interligadas: Wet Cleaning e Cryptoscam
Durante a apuração iniciada com a prisão de Adriana Furtado em 2022, os agentes da Polícia Federal identificaram uma rede de lavagem de dinheiro muito mais ampla do que se imaginava. A investigação deu origem à Operação Wet Cleaning, que revelou movimentações financeiras milionárias ligadas a fraudes bancárias e criptoativos.
No decorrer dos levantamentos, surgiu uma ramificação, que foi batizada de Operação Cryptoscam, deflagrada paralelamente. A investigação teve início após uma denúncia feita por autoridades de Singapura, relatando o furto de  1,4 milhão de dólares em criptoativos de um cidadão local.
Com apoio da cooperação internacional, a PF identificou que o valor foi desviado por um grupo familiar com base em Ponta Grossa, no Paraná, especializado em crimes cibernéticos e fraudes bancárias.
Em 2021, o grupo se transferiu para Balneário Camboriú, no Litoral catarinense, onde passou a lavar o dinheiro obtido de forma ilegal por meio da compra de imóveis de luxo, veículos importados e criptoativos.

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Grupo é suspeito de usar empresas para lavar dinheiro e esconder bens – Divulgação/PF/ND

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Os grupos investigados movimentaram cerca de R$ 210 milhões nos últimos cinco anos – Divulgação/PF/ND

Hacker como ponto comum entre as operações
O ponto de conexão entre as duas operações é um hacker, alvo comum nas investigações, que seria o responsável técnico pelos ataques cibernéticos que permitiram tanto os furtos de criptoativos quanto a invasão de 150 contas bancárias de 40 prefeituras brasileiras.
Com isso, a PF concluiu que as duas organizações criminosas atuavam de forma interligada, utilizando os mesmos métodos para ocultar e movimentar os recursos obtidos por meio dos golpes.
Até o momento, a Operação Wet Cleaning já cumpriu 27 mandados de busca e apreensão e 11 de prisão preventiva, com ações em cidades como Joinville, Camboriú, Itapema, Ponta Grossa e São Luís.
O material apreendido está sendo analisado, e a PF segue monitorando movimentações financeiras para identificar novos envolvidos. A expectativa é de que novos nomes e ramificações ainda venham à tona, ampliando o entendimento da complexa rede criminosa que teve como ponto de partida a prisão de Adriana Furtado.
Defesa se manifesta
Ao ND Mais, o advogado de Adriana Furtado, André Eduardo Heinig, afirmou que a defesa ainda analisa os desdobramentos da operação.
“Pelo que teve acesso até o momento não se tratam de crimes novos, mas de exaurimento dos crimes anteriores, alguns dos quais inclusive ela foi absolvida”, declarou o advogado. “Estamos aguardando o juízo dar visibilidade total dos documentos para avaliar como procederemos”, completou.
Cidades que foram alvos da operação
Cidades com mandados judiciais: Joinville (SC), Camboriú (SC), Itapema (SC), Piçarras (SC), Poá (SP), Guarulhos (SP), Ribeirão Preto (SP), Ponta Grossa (PR) e São Luís (MA).

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