Motorista suspeito de atropelamento que matou professora é preso após protestos em SC – Foto: Reprodução/JMais/Internet/ND
Após 2 meses do atropelamento em Três Barras, Planalto Norte catarinense, que matou a professora Marli Lother, a família ainda lida com a sua falta e com as lembranças que ela deixou. O caso comoveu a comunidade local e o suspeito já foi denunciado pelo MPSC (Ministério Público de Santa Catarina).
Quem era a professora Marli, vítima do atropelamento em Três Barras
Uma pessoa dedicada, que ajudava a todo mundo e amava seus netos, assim era descrita. A professora Marli nasceu em Joinville, se criou no bairro Costa e Silva com sua família e, depois de se casar, ela passou a morar em Três Barras, cidade situada a 190 km de Joinville.
“Ela acabou se separando depois e tocou sua vida, fez amizades na cidade. Todo mundo que você perguntar por ela vai dizer como ela era uma pessoa boa, pronta para ajudar todo mundo”, compartilha o empresário Maicon Lother, 35 anos, filho de Marli.
Engajada com a acessibilidade e inclusão
Marli era professora de Libras, engajada com a pauta da acessibilidade e apaixonada pela educação. “Quando chegou em Três Barras ela ainda não tinha o ensino médio”, contou. “Daí lá ela terminou os estudos, foi fazer o magistério e se especializou em educação especial”, relata o filho.
Na época, a Prefeitura de Três Barras expressou solidariedade à família e destacou o legado de Marli na luta pela inclusão. “Neste momento de dor, a Prefeitura se solidariza com familiares, amigos, alunos e toda a comunidade escolar, expressando as mais sinceras condolências por essa perda irreparável”.
A escola onde Marli trabalhava também prestou homenagem nas redes sociais, reconhecendo seu trabalho com a disciplina de Libras e sua dedicação aos alunos de 2024. “Descanse em paz, Prof. Marli”, escreveu o Centro Municipal de Educação Infantil Celso Antônio Schutt.
A professora amava passear com seus netos
Segundo Maicon, ela amava os netos e sempre ia visitar a família. “A gente não mora tem Três Barras, daí tínhamos contato durante fins de semana e os feriados. Ela ia passear com a gente no litoral, ela gostava muito”, relatou.
Maicon descreveu a situação como um verdadeiro baque. “Recebemos a notícia de madrugada e tivemos que processar tudo aquilo. Foi forte ver ela e depois ter que lidar com tudo”, disse Maicon, que comentou que tem uma irmã que mora fora do país e que não conseguiu vir para o velório.
“Hoje estamos mais tranquilos, tivemos que aceitar e lidar com a falta dela. Ás vezes a gente lembra, dá vontade de chorar, mas voltamos, tocamos nossa vida, ficamos com as lembranças e a saudade”, diz Maicon.
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Marli era professora de um centro de educação infantil em Três Barras – Redes Sociais/Divulgação/ND
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A professora era reconhecida pelo seu trabalho na educação inclusiva do município – Redes Sociais/Divulgação/ND
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Marli amava seus netos e gostava de passear com a família no litoral – atropelamento-três-barras-marli-lother
MPSC denuncia o homem por homicídio
O motorista suspeito de cometer uma série de atropelamentos, em Três Barras, foi indiciado pelo MPSC por homicídio qualificado contra a Professora Marli e homicídio qualificado tentado contra outras duas pessoas.
Segundo a denúncia do MPSC, o motorista teria cometido o crime sob efeito de drogas. Dois atropelamentos foram registrados por câmeras de segurança da região. Um terceiro atropelamento não foi gravado.
De acordo com o MPSC, o suspeito “agiu impelido por motivo torpe, uma vez que o crime foi praticado com o vil e repugnante propósito, desprovido de justificativa lógica, de ceifar, em via pública, a vida de pessoa desconhecida, tanto que retornou ao local do fato, já diante do óbito de Marli, observando a cena e gesticulando com as mãos diante de populares, em forma de comemoração, o que torna ainda mais abominável a intensão do agente.”
Pena e multa
O MPSC solicitou a condenação do suspeito pelos crimes, além da indenização para reparação de danos morais, patrimoniais e estéticos causados. O juiz fixou o valor de R$ 100 mil para os filhos de Marli e de R$ 15 mil para cada uma das outras duas vítimas.
Relembre o caso
Imagens de câmeras de segurança registraram o momento dos atropelamentos. Na gravação, é possível ver o motorista dirigindo em alta velocidade pela rua e atingindo uma ciclista que estava na calçada. Após o atropelamento, ele retorna pela mesma via e quase atinge um homem que se aproximava para ajudar a vítima.
Vídeo registrou o momento em que o motorista atropela uma ciclista – Vídeo: JMais/Reprodução/ND
Momentos depois, o mesmo motorista teria atropelado outras pessoas na avenida Abraão Mussi, entre elas, a professora Marli Lother, que ficou gravemente ferida e morreu no hospital.
O atropelamento foi causado por um GM/Kadett de cor verde, que atingiu as ciclistas e pedestre antes de abandonar o local. Após o ocorrido, testemunhas informaram à Polícia Militar a direção em que o veículo seguiu.
O automóvel foi encontrado pelos policiais capotado na Rua Otávio Pazda, e um morador da região relatou ter visto um homem de estatura baixa, vestindo calção preto, correndo em direção à mata após o acidente.
Após apurações iniciais, o suspeito foi encontrado em uma casa, onde foi preso. Depois de detido ele chegou a ser liberado, causando protestos por parte da população.
No dia 1º de maio, o juiz da Vara Criminal de Canoinhas decretou a prisão preventiva do motorista, que permanece detido até o momento.