Kely Moraes, 45 anos, é a fisiculturista confundida com mulher trans; ela foi impedida de usar o banheiro feminino de uma academia em Recife – Foto: Kely Moraes/@treinadoramoster/Instagram
Fisiculturista há 15 anos, a personal trainer Kely Moraes, de 45 anos, foi confundida com uma mulher trans e sofreu um ataques na manhã da última segunda-feira (26), enquanto trabalhava em uma academia localizada no bairro de Boa Viagem, zona sul do Recife, em Pernambuco.
A fisiculturista confundida com mulher trans vive no bairro Roda de Fogo, periferia da zona norte da capital pernambucana, e dedica-se à carreira de treinadora, à produção de conteúdo nas redes sociais e à promoção da autoestima.
Em seus perfis online, Kely — conhecida como Treinadora Monster — compartilha dicas sobre bem-estar, saúde mental e a rotina de quem convive com depressão e síndrome do pânico.
“Eu costumo postar minha vida, meu cotidiano. Vivo lutando contra depressão e síndrome do pânico. Sempre que posso, falo sobre autoestima, porque isso melhora quem me acompanha e, principalmente, me ajuda também”, declara.
A paixão pelo fisiculturismo surgiu muito antes de sua formação acadêmica. Há três anos, Kely concluiu o curso de Educação Física, motivada pelo desejo de transformar o amor pelo esporte em profissão. “Estar em academia sempre foi meu lugar. Nunca passei por uma situação tão constrangedora como essa”, desabafa.
Casal proferiu ataques transfóbico contra a personal trainer, que é uma mulher cis – Foto: Reprodução/ND
Fisiculturista confundida com mulher trans foi impedida de usar o banheiro feminino
O episódio de transfobia teve início quando Kely, a fisiculturista confundida com mulher trans, deixava o banheiro feminino, após limpar um ferimento no pé. A personal foi abordada por uma aluna que a confundiu com uma mulher transgênero e passou a hostilizá-la.
A situação escalou rapidamente com a intervenção de um homem, que se uniu à agressora e chegou a bloquear o acesso da profissional ao banheiro. A aluna chegou a afirmar: “Aqui não é banheiro pra homem”.
Mesmo diante da violência verbal, Kely manteve a calma. “Na hora, eu mantive a calma porque pensava na minha profissão. Mesmo sendo constrangida, ainda tive o medo e a preocupação de que aquilo pudesse prejudicar minha carreira, já que estava em uma academia de classe média alta. Eu amo o que eu faço”, declarou.
O homem, por sua vez, insistiu para que ela usasse o banheiro “inclusivo” no andar inferior da unidade. A profissional, que mede 1,75m e é reconhecida pelo físico conquistado com disciplina, treino intenso e alimentação controlada, afirmou que já teve sua identidade questionada anteriormente, mas que jamais havia enfrentado uma situação “tão violenta”.
Confusão começou após uma mulher impedir a entrada de Kely no banheiro feminino – Vídeo: Reprodução/ND
Personal trainer relata episódio em academia
Kely, que é mãe de uma mulher de 25 anos e avó de um menino de 7, revelou que ficou profundamente abalada com o episódio. “Eu não vou esquecer isso. É uma dor que fica. Mas não vão me calar. Eu sei quem eu sou”, reforça. Na terça-feira (27), um dia após o ocorrido, relatou não ter tido forças para sair de casa.
A academia Selfit, onde ocorreu o ataque contra a fisiculturista confundida com mulher trans, divulgou nota oficial lamentando o episódio e afirmando que repudia qualquer ato de preconceito, discriminação ou violência. A unidade prestou acolhimento à profissional e a acompanhou até a delegacia.
O caso foi registrado na Polícia Civil de Pernambuco como constrangimento ilegal, vias de fato e ameaça. Um inquérito foi instaurado para investigar os acontecimentos, e Kely aguarda o desenrolar da apuração.
A personal trainer se pronunciou em suas redes sociais – Vídeo: Kely Moraes/@treinadoramoster/Instagram